Grupo de pecuária sustentável firma compromisso público por preservação em busca de 'carimbo verde'

Integrantes da organização se reuniram com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para entregar o termo e cobrar a implementação do Código Florestal

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Por Tania Rabello
Atualização:
4 min de leitura

O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) firmou um compromisso público em favor da pecuária sustentável que pretende, além de reforçar o potencial preservacionista da atividade no Brasil e se comprometer com isso, estimular e provocar vários entes ligados à cadeia produtiva a unirem esforços nesse sentido - incluindo governos federal e estaduais. A organização tem entre seus associados, além de entidades de produtores, empresas como GPA, Carrefour Brasil, JBS e Marfrig.

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Membros do GTPS se reuniram com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na semana passada, quando entregaram o compromisso público e também cobraram do governo o principal passo para que a agropecuária brasileira conquiste de fato um "carimbo verde" e afaste as ferozes críticas de seus detratores: a efetiva implementação do Código Florestal.

Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) firmou um compromisso público em favor da pecuária sustentável Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

Da reunião, além do presidente do GTPS, o pecuarista Caio Penido, e da ministra, participaram o representante da ONG NWF (National Wildlife Federation) no Brasil, Francisco Beduschi, o diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, e o diretor de Regularização Ambiental do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) - vinculado à Agricultura -, João Adrien.

Penido, Beduschi e Guimarães - representantes de entidades associadas ao GTPS - ressaltaram à ministra que "todos os itens constantes no Compromisso Público dependem da complementação do Código Florestal, questão que vem se arrastando". 

Conforme Caio Penido complementou ao Estadão/Broadcast, "o Código Florestal foi revisado em 2012, mas não está implementado e, com isso, não se consegue separar o joio do trigo, quem é bom e quem é mau produtor, o que gera uma polarização e insegurança jurídica", continuou o presidente do GTPS, acrescentando: "Se o Brasil quiser assumir de fato a posição de fornecedor de alimentos e de serviços ambientais, temos que resolver a questão da regularização ambiental".

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Logo em seguida à reunião, a ministra Tereza Cristina falou com exclusividade ao Estadão/Broadcast, declarando que há, sim, por parte da pasta, interesse em tornar a pecuária brasileira "cada vez mais sustentável". 

Sobre a regularização ambiental, ela mencionou uma ferramenta recém-lançada pelo ministério, o AnalisaCar, que vai analisar e validar eletronicamente os mais de 6 milhões de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) preenchidos pelos proprietários rurais do País. Os cadastros que forem automaticamente validados pela ferramenta, sem pendências, poderão, enfim, partir para a próxima etapa, de regularização ambiental da propriedade rural, se for o caso. "Estou muito animada com o AnalisaCAR", complementou Tereza Cristina.

Penido comentou também que outra sugestão levada à ministra diz respeito a reunir esforços de todos os entes ligados de uma forma ou outra à cadeia produtiva de carne bovina, no sentido de compartilhar conhecimentos para tentar superar gargalos de forma célere. "O Ipam, por exemplo, tem vários estudos ligados à sustentabilidade na pecuária e poderia contribuir", citou.

Ele lembrou também da Embrapa, que poderia destinar recursos à pesquisa de reflorestamento de áreas desmatadas com árvores nativas produtivas - que poderiam garantir renda extra aos pequenos produtores, por exemplo. "Se você refloresta com espécies produtivas, gera diversificação e crédito de carbono", diz. Ainda na área de intensificação de carbono, ele citou o do Plano ABC (de agricultura de baixo carbono). "Seria interessante (o Ministério da Agricultura) intensificar a tecnologia (inserida no Plano ABC) para recuperar áreas degradadas e aumentar a oferta de alimentos e melhorando o balanço de carbono."

"Muito boas que foram surgindo durante a conversa e a ministra foi super receptiva ao nosso Compromisso Público e também às sugestões de compartilhamento de conhecimentos", comentou Penido.

O pecuarista e presidente do GTPS lembrou também que uma agropecuária conservacionista é "uma oportunidade" e por isso todos os elos da cadeia devem se unir num discurso único neste sentido. "Se a gente estiver alinhado com uma agenda positiva - produtores, agroindústrias, ONGs e governos -, consegue definitivamente reverter a imagem negativa do País. Só temos a ganhar com a agenda ambiental."

Penido voltou a ressaltar, porém, que todas essas ideias "são muito bonitas", mas se não houver a implementação do Código Florestal "nada vai dar certo". "E, em Mato Grosso (Estado onde fica a propriedade pecuária de Penido), também podemos ajudar com nosso conhecimento regional, contando com entidades de produtores, por exemplo." Para ele, faz sentido tratar problemas regionais com "conhecimento regional".

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Entre os itens constantes no Compromisso Público do GTPS entregue ao Ministério da Agricultura está também a regulamentação da lei que criou o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ao produtor rural que preserva (Lei 14.119/2021). "A implementação destas leis (incluindo a do Código Florestal) é essencial para que o Brasil seja reconhecido pela conservação que ocorre tanto em áreas públicas quanto privadas", justifica o documento, acrescentando que a demora na regulamentação e implementação dessas leis tem sido prejudicial ao agronegócio brasileiro.

 O Compromisso Público do GTPS pode ser lido na íntegra no seguinte link.

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