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Os desafios do Nubank, que chega aos dez anos: crescimento no crédito e expansão no exterior

Virada de chave do banco se estende à comunicação com o público, com entrada em um dos mais caros horários publicitários do País: os intervalos do ‘Jornal Nacional’, da TV Globo

Foto do author Matheus Piovesana
Por Matheus Piovesana (Broadcast)

Com 10 anos de existência, o Nubank é a terceira empresa financeira mais valiosa do País, com 46% dos brasileiros adultos como clientes. Ainda assim, acredita que tem desafios importantes para equacionar nos próximos anos.

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A fintech quer aumentar a fatia das receitas que vem dos serviços, mas acredita que boa parte do crescimento virá do crédito, que será a chave para conquistar de vez clientes que ainda dividem a carteira entre o cartão roxinho e os de outros bancos.

“O crédito ainda tem muito a crescer (no Nubank), dois terços de todo o lucro do sistema financeiro na América Latina vêm de crédito”, disse ao Estadão/Broadcast o CEO do Nubank, David Vélez. “Não dá para construir uma empresa (do setor) sem crédito, e talvez esse seja o desafio de muitas fintechs e bancos digitais que começaram sem crédito.”

O Nubank acredita ter dominado os mistérios de emprestar dinheiro em um País como o Brasil, em que a economia é volátil em espaços curtos de tempo. Para provar a tese, apresenta os indicadores de inadimplência: 5,5% no primeiro trimestre, pelo critério de atrasos acima de 90 dias, abaixo dos 6% dos mesmos produtos no restante do mercado.

A fintech concede limites inicialmente mais baixos, e os eleva conforme o cliente paga as faturas em dia. A estratégia ajuda a conter riscos, mas faz com que alguns bolsões de clientes não tenham o Nubank como banco principal. A fintech quer fechar essa brecha.

O fundador e CEO do Nubank, David Vélez (ao centro, com o braço esquerdo erguido), comemora a abertura de capital na Bolsa de Nova York, em dezembro de 2021 Foto: Brendan McDermid/Reuters

“O limite de crédito continua baixo e é menor que a média de mercado”, disse Vélez. “Vemos claramente que, no momento em que o limite passa de certo patamar, o consumidor passa a nos utilizar como banco principal.”

O Nubank estima que cerca de seis a cada dez clientes que estão na base há mais de um ano o utilizem como banco principal. É um índice alto, mas a fintech acredita que pode crescer entre clientes de maior renda, que pela qualidade de crédito mais alta se tornaram os queridinhos do setor financeiro no último ano.

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Novos públicos

“O público de alta renda tem necessidades diferentes, consome mais produtos que muitas vezes o público de média renda não consome”, afirmou à reportagem a CEO do neobanco no Brasil, Cristina Junqueira, também responsável pelas políticas de crescimento. O consignado para servidores públicos, lançado neste ano, é um passo importante, adiciona, mas não o único.

A virada de chave do Nubank se estende à comunicação com o público. Nos dez primeiros anos de existência, a fintech ficou tão conhecida pelo cartão de crédito roxo quanto por ações provocativas, como a que transformou uma porta giratória de agência bancária em peça de museu.

Em evento com jornalistas, na quinta-feira, 18, para tratar do aniversário, Junqueira disse que o foco do Nubank foi de “ser contra” algo para o de construir. Ao mesmo tempo, o neobanco percebeu a necessidade de buscar novos canais, para além do boca a boca que levou a amplas filas de espera — e que ajuda a controlar o custo de aquisição de clientes.

Nubank estima que cerca de seis a cada dez clientes que estão em sua base há mais de um ano o utilizem como banco principal Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Neste ano, o Nubank passará a patrocinar o Jornal Nacional, da TV Globo, como parte desse esforço. A entrada em um dos mais caros horários publicitários do País leva a marca a um espaço que os grandes bancos conhecem bem. “É um espaço em que aparecemos pouco, e que traz um olhar novo”, disse a executiva.

Além do Brasil

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Uma das prioridades da fintech neste ano é conquistar novos clientes no México e na Colômbia através da conta digital, que acaba de chegar ao solo mexicano e já tem mais de 500 mil clientes. No Brasil, o Nubank lançou a NuConta em 2017, e o produto ajudou a alavancar a operação.

O Brasil ainda é o que gera lucro. Por aqui, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) bateu em 43% no primeiro trimestre, segundo dados da empresa, o dobro dos índices de Itaú e Banco do Brasil, os mais lucrativos dos grandes bancos. O número causou discussões entre analistas, mas a fintech considera que é a prova de que o modelo com atendimento digital é mais rentável que o dos bancos tradicionais.

Vélez acredita que no futuro, os resultados fora do Brasil trarão retorno similar. “Os bancos incumbentes (tradicionais) desses mercados têm ROEs parecidos com os bancos brasileiros”, comentou.

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