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Saiba o que preocupa os CEOs de todo mundo e o que eles esperam da economia

Levantamento da PwC mostra que 45% dos executivos têm um temor com a viabilidade econômica das suas companhias por mais de uma década

Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli
Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

Cresceu entre os empresários a preocupação com o futuro dos seus negócios. Na 27ª edição da Global CEO Survey, conduzida pela PwC, 45% dos entrevistados de todo o mundo (41% no Brasil) relataram um temor com a viabilidade econômica das suas companhias por mais de uma década sem uma mudança de rumo.

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Na pesquisa anterior, realizada em 2023, essa preocupação era reportada por 33% dos CEOs brasileiros e por 39% dos executivos globais. Divulgada nesta segunda-feira, 15, a pesquisa da PwC entrevistou 4,7 mil executivos em todo o mundo de 100 países.

Hoje, a grande preocupação dos executivos passa por temas que envolvem tecnologia, com a inteligência artificial, e mudanças climáticas.

“No ano passado, a gente já identificou a tendência de que um grande número de CEOs indicava que as empresas não teriam uma longevidade garantida se não mudassem os seus modelos”, afirma Marco Castro, sócio presidente da PwC Brasil. “Eles fizeram esses investimentos, estão mexendo com isso, mas, ainda assim, deixaram claro que o que está sendo feito não é suficiente, de que precisa ser feito muito mais.”

De acordo com o levantamento, 76% dos CEOs entrevistados adotaram uma iniciativa de - pelo menos - grande impacto para alterar o modelo de negócio das empresas.

Em relação ao clima, por exemplo, a pesquisa apurou que 75% dos entrevistados globais têm ações em andamento ou já concluídas para melhorar a eficiência energética. No Brasil, esse índice é de 71%.

No mundo, 58% também dizem inovar em produtos e serviços com baixo impacto climático. No País, são 66%.

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“O tema da crise climática se torna mais concreto. A cada dia nós percebemos novos elementos que confirmam que é um tema sério e irreversível e que precisa ser cuidado com mais rapidez”, diz Castro.

Tema da crise climática se tornou mais concreto, diz Castro Foto: Sergio Zacchi/Divulgação/PwC

“Tem um outro traço interessante que é a ampliação da tolerância para fazer investimentos ou até a concessão de fazer retornos ainda que modestos, abaixo do normal, para garantir que algo está sendo feito com esses recursos na área ambiental”, acrescenta.

Na área de inteligência artificial, 58% dos entrevistados globais (64% no Brasil) avaliam que a tecnologia pode melhorar a qualidade do produto.

“Os executivos estão muito preocupados em acompanhar os investimentos necessários. E não é só a questão de ter o recurso disponível, mas escolher quais tecnologias vão trazer o impacto necessário”, afirma Castro.

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Em entrevista concedida ao Estadão/Broadcast, o presidente do Conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi, falou exatamente dos dois assuntos, transição energética e inteligência artificial.

“Se alguns, em um passado recente, tinham dúvida de que as mudanças climáticas viriam de uma maneira muito acentuada, o que estamos vendo no mundo é uma coisa efetiva. A conscientização aconteceu, a economia de transição energética acontece, e cada vez mais acelerada, por isso, acho que o momento agora é o de criar modelos, definir regras e oportunidades do negócio da transição verde.” Sobre a inteligência artificial, ele afirma que isso mudou, está mudando e vai mudar muito mais o jeito de fazer negócio, de gestão.

O que esperam da economia?

Embora os executivos tenham uma preocupação com o futuro dos negócios, há uma visão melhor dos entrevistados com o desempenho da atividade econômica. De acordo com a pesquisa, 38% dos entrevistados globais esperam uma aceleração do crescimento do mundo, acima dos 18% apurados no ano passado.

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Na avaliação com a própria economia, os CEOs também estão otimistas e, na maioria dos locais pesquisados, há uma avaliação de que o crescimento econômico pode acelerar nos próximos 12 meses. Entre os brasileiros, 55% preveem uma aceleração, 15% apostam em estabilidade e 29% trabalham com um cenário de desaceleração.

“É um traço cultural do brasileiro ser mais otimista do que a média global. E, talvez, ela se justifique neste momento por causa de alguns elementos. O assombro que a inflação representa para o brasileiro é muito maior do que para qualquer outra pessoa lá fora no passado recente”, diz o sócio presidente da PwC Brasil.

“O fato de a inflação estar controlada, numa fase descendente, dá uma sinal positivo para as reações de mercado. A taxa de juros sendo reduzida, o que também dá um alívio que as empresas.”

Em 2023, o Banco Central deu início ao ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic encerrou o ano em 11,75%. Em 2024, a previsão é de mais cortes. No relatório Focus, publicado pelo BC, os analistas consultados apontam o juro em 9%

Quando se faz uma comparação, o otimismo do empresário brasileiro é maior do que o do Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Entre os americanos, o pessimismo é grande com o país: 51% dos entrevistados dos EUA projetam uma desaceleração do crescimento local.

No mundo, as principais preocupações dos executivos são com instabilidade macroeconômica, inflação e riscos cibernéticos.

Fora das 10 primeiras colocações

A pesquisa da PwC também mostrou que o Brasil passou a ocupar o 14º lugar como importância para o mercado estratégico das companhias. Nas últimas dez edições, a economia brasileira sempre esteve entre as primeiras colocadas. Em 2014, o País chegou a ocupar o quarto lugar, mencionado por 12% dos entrevistados.

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Em 2024, o Brasil foi citado por 3% dos entrevistados. Em 2023, 4% apontavam o País. As economias mais citadas no levantamento foram a dos Estados Unidos (29%), da China (21%) e da Alemanha (15%).

A melhor posição do Brasil ocorreu entre 2011 e 2013, quando ocupou o terceiro lugar.

“A gente sabe que os países estão olhando para dentro, localizando os seus investimentos até para poder ajustar tudo o que foi feito no pós-pandemia”, afirma Castro, da PwC. “Há uma tendência de regionalização, localização que faz com que sobrem menos recursos para colocar para fora em investimentos.” /COLABOROU ALINE BRONZATI

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