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Petrobras desiste de vender campos de petróleo na Bahia e Amazonas e subsidiária na Argentina

Estatal decidiu manter, porém, processos de venda de participações em termelétricas a gás; outros ativos serão reavaliados periodicamente, diz companhia

Por Caroline Aragaki , Isabela Moya e Gabriel Vasconcelos (Broadcast)

A diretoria executiva da Petrobras decidiu encerrar os processos de desinvestimento no segmento de exploração e produção de petróleo e gás (E&P), que incluíam a venda dos polos Urucu (AM) e Bahia Terra (BA), o campo de gás Manati (BA) e a Petrobras Operaciones S.A. (subsidiária na Argentina). Segundo a empresa, a decisão considerou a “aderência estratégica ao portfólio” e o perfil de rentabilidade dos negócios.

Além disso, a estatal preferiu dar continuidade aos processos de desinvestimentos no segmento de geração e energia (G&E) relativos à participação de 20% na sociedade Brasympe, proprietária da unidade termoelétrica (UTE) Termocabo, movida a óleo combustível; à participação de 20% na UTE Suape II, também movida a óleo combustível; e à participação de 18,8% na usina elétrica a gás (UEG) Araucária S.A.

Outros ativos no segmento de exploração e produção serão reavaliados periodicamente com base em premissas atualizadas de rentabilidade, aderência estratégica, oportunidades de descarbonização e estágio de sua vida produtiva.

Segundo Petrobras, desinvestimento na UEG Araucária será feito em conjunto com a Copel Foto: André Dusek/Estadão

Segundo comunicado ao mercado, a Petrobras deverá “maximizar o valor do portfólio com foco em ativos rentáveis, repor a reservas de óleo e gás, inclusive com a exploração de novas fronteiras, aumentar a oferta de gás natural e promover a descarbonização das operações”.

Desinvestimento com a Copel

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O desinvestimento na UEG Araucária será feito em conjunto com a Copel, que possui participação, direta e indireta, de 81,2% no capital social total e votante da empresa, por meio de procedimento competitivo visando à venda de 100% das ações da UEGA.

“O desinvestimento desse ativo está em sintonia com o processo de descarbonização da matriz de geração do grupo Copel e aderente ao Planejamento Estratégico Empresarial da Copel - Visão 2030, fortalecendo os pilares para a perenidade e o crescimento sustentável dos negócios”, afirma a Copel, em outro comunicado ao mercado.

‘Reconstrução da estatal’

O cancelamento do processo de desinvestimentos foi definido pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) como “passo importante” para a reconstrução da estatal. Em nota, a entidade não comenta a decisão da Petrobras de manter os processos de venda de participações em termelétricas a gás.

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Base de apoio ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a FUP demandava o encerramento dos processos de desinvestimento, sobretudo no E&P, desde o início do governo. Em fevereiro, a companhia os colocou em suspenso para análise e, agora, tomou a decisão final de cancelamento.

Para o futuro, em nota, a FUP também pede o retorno à Petrobras de subsidiárias e ativos já privatizados, como a BR Distribuidora, atual Vibra, da Liquigás, gasodutos, e refinarias. A FUP defende que a estatal volte a participar “do poço ao posto”, o que passaria pelo retorno da comercialização e distribuição em todo o Brasil.

Apesar do cancelamento das vendas em curso, nos bastidores a reversão ou recompra de ativos já vendidos é descartada por executivos da Petrobras em função das dificuldades legais envolvidas e da eventual repercussão ruim no mercado.

A decisão desta segunda, relativa a campos de óleo e gás e negócios na Argentina, foi comemorada, em nota, pelo coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacellar, que definiu os ativos como estratégicos e disse que sua manutenção e fortalecimento da Petrobras “faz parte do projeto eleito nas urnas”.

“O fato relevante divulgado hoje (segunda) ratifica o posicionamento do governo federal e da nova gestão da estatal, de que a empresa volta a cumprir seu papel de desenvolvimento econômico e social”, escreveu Bacellar.

Segundo o dirigente sindical, é preciso ficar claro que estatais “não devem ter o objetivo exclusivo de obter lucro apenas pelo lucro”, porque têm como acionista majoritário o governo federal e, por isso, também teriam compromisso com o desenvolvimento econômico-social do País.

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