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Insights de carreira com o headhunter mais influente do Brasil e um estudioso dos hábitos, comportamentos e habilidades que levaram os maiores líderes ao seu lugar de potência

Opinião|Transformação ou extinção: O destino dos líderes na era da inovação acelerada

Profissionais precisam desenvolver novas habilidades, especialmente people skills, versão mais abrangente das antes conhecidas como soft skills

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Foto do author Ricardo Basaglia

Vivemos em um mundo em transformação. O que está mais do que claro para quem tem o hábito de acompanhar noticiários, se informar ou até mesmo para quem já precisou aprender algo novo na área em que trabalha. A diferença hoje está na velocidade dessas mudanças e no modo como precisaremos lidar com elas.

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Recentemente, estive em um evento organizado pela YPO (Young Presidents’ Organization), comunidade global de líderes executivos da qual faço parte, com membros em mais de 140 países. Na ocasião, tive a oportunidade de acompanhar a fala de Riaz Shah, especialista em inovação e liderança, atualmente lecionando na Hult International Business School.

Em sua fala, Shah destaca a crescente incerteza nos negócios devido às mudanças globais, que incluem não só a disrupção tecnológica, mas também questões demográficas e novos arranjos de trabalho.

Habilidades como inteligência emocional, resiliência, pensamento crítico e de comunicação serão tão importantes quanto, se não mais, do que os conhecimentos técnicos. Foto: sandra - stock.adobe.com

Desde a Revolução Industrial até a era digital, o mundo tem concebido mudanças que redefiniram não apenas o que fazemos, mas também como fazemos. Hoje, estamos diante de um novo capítulo nesta saga evolutiva, impulsionado pelo crescimento populacional desigual e pela onda de disrupção tecnológica que ocupa todos os setores da economia.

Uma das tendências mais marcantes é a mudança demográfica global, com implicações profundas para as empresas e suas estratégias de liderança. Países como a Itália enfrentam um declínio populacional preocupante, o que levanta questões sobre como sustentar sua força de trabalho. Por outro lado, países como a Índia experimentam um crescimento exponencial.

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Essa disparidade demográfica cria um cenário complexo. As empresas se veem lidando com escassez de talentos em alguns lugares, enquanto em outros enfrentam uma competição acirrada por recursos humanos qualificados.

Ao mesmo tempo, tecnologias como inteligência artificial (IA) e biotecnologia revolucionaram a maneira como trabalhamos. Automatização, digitalização e inteligência de dados estão se tornando a norma em setores diversos, desde manufatura até serviços financeiros.

Como gerir tanta complexidade? É preciso ter mais. E com “mais”, não me refiro a tecnologias ainda mais avançadas ou dispositivos capazes de substituir mão de obra. Pelo contrário. Eu me refiro justamente às habilidades que tornam os humanos tão únicos e os distinguem de todos os outros animais e das máquinas.

Os profissionais precisam desenvolver novas habilidades, especialmente people skills — versão mais abrangente e nada “soft” das antes conhecidas como “soft skills” —, que lhes permitam prosperar em um ambiente complexo.

Hoje, a curiosidade é um dos principais drivers para crescimento pessoal e profissional. Por essa razão, temos invertido a lógica de que cabe aos líderes fornecer respostas. Estamos mudando nosso papel de responder para perguntar.

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Ou seja, líderes devem fazer perguntas poderosas e admitir que não têm todas as respostas, promovendo uma cultura de curiosidade e colaboração. O desafio é que crescemos na carreira por dar respostas, e não por fazer perguntas. Mas quando o mundo muda, nós também mudamos. Então, não passe a vida tentando saber tudo, para depois descobrir que as pessoas não suportam um sabe-tudo.

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Habilidades como inteligência emocional, resiliência, pensamento crítico e habilidades de comunicação serão tão importantes quanto, se não mais, do que as habilidades técnicas específicas. Como bem disse a socióloga Sherry Turkle: “A tecnologia nos desafia a afirmar nossos valores humanos, o que significa que, em primeiro lugar, precisamos descobrir quais são eles”.

Em seu livro Os Nove Titãs, a futurista Amy Webb aponta como as demandas inflexíveis do mercado e as expectativas quase irrealistas em relação a novos produtos e serviços praticamente impossibilitaram o planejamento de longo prazo das big techs. Portanto, a capacidade de adaptação e aprendizado contínuo tornou-se uma vantagem competitiva crucial.

De acordo com o CEO Survey 2024, pesquisa global realizada pela consultoria PwC, 45% dos CEOs acreditam que seus negócios não sobreviverão por mais de dez anos se não passarem por mudanças profundas. Ou seja, a disrupção traz consigo tanto desafios quanto oportunidades para profissionais e líderes.

Para os líderes, exige uma redefinição de suas abordagens e estilos de liderança. A rigidez e a resistência à mudança já não são mais opções viáveis. Em vez disso, líderes precisam ser ágeis, adaptáveis e empáticos. Devem cultivar culturas organizacionais que incentivem a experimentação, a inovação e a colaboração.

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Cabe aos gestores, ainda, ser flexíveis e se adaptar às mudanças. Essa abordagem inclui estar aberto à diversidade e à pluralidade. Afinal, talentos de diferentes lugares, idades, gêneros, culturas e backgrounds serão imprescindíveis daqui em diante. De acordo com Riaz Shah, precisamos aproveitar a incerteza para enxergar oportunidades, em vez de riscos.

Tendo isso em vista, aqui estão cinco dicas relevantes e de alto impacto para aqueles que desejam desenvolver habilidades relevantes para se manter perenes e relevantes no mercado em constante evolução:

  • Cultive a inteligência emocional: habilidades como empatia, autoconsciência e controle emocional são essenciais para o sucesso no ambiente de trabalho moderno. Investir na compreensão e no gerenciamento das próprias emoções, bem como na capacidade de se relacionar e se comunicar eficazmente com os outros, pode ajudar a construir relacionamentos sólidos, resolver conflitos e liderar com impacto.
  • Desenvolva a capacidade de aprendizado contínuo: em um mundo onde a tecnologia e as demandas do mercado estão sempre mudando, a capacidade de aprender e se adaptar rapidamente é fundamental. Vivemos na era da informação. Basicamente, todos estamos a poucos cliques de boa parte do conhecimento produzido no mundo. Mas quando todos têm acesso ao mesmo conteúdo, o que nos diferencia é a maneira como nós o consumimos.
  • Aprimore suas habilidades de comunicação: a comunicação eficaz é fundamental em qualquer ambiente de trabalho. Trabalhe na clareza, concisão e persuasão ao se comunicar, verbalmente e por escrito. Pratique a escuta ativa para entender melhor as necessidades e preocupações dos colegas e clientes. Além disso, desenvolva habilidades de comunicação não verbal, como linguagem corporal e expressões faciais, para transmitir confiança e credibilidade.
  • Fortaleça suas habilidades de colaboração e trabalho em equipe: em um mundo cada vez mais interconectado, a capacidade de colaborar efetivamente com os outros é inestimável. Pratique o trabalho em equipe em projetos e iniciativas, demonstrando flexibilidade, respeito e comprometimento com os objetivos comuns. Esteja aberto a diferentes perspectivas e contribuições, valorizando a diversidade de pensamento e experiência.
  • Desenvolva resiliência e capacidade de lidar com a mudança: a resiliência é a capacidade de se adaptar e se recuperar diante de desafios e adversidades. Cultive uma mentalidade positiva e proativa, focada em soluções e oportunidades. Encare os fracassos como oportunidades de aprendizado e crescimento.

Além disso, líderes visionários devem estar atentos a essas tendências e liderar pelo exemplo, investindo no desenvolvimento das próprias habilidades e capacitando suas equipes para enfrentar os desafios do futuro.

Como disse o grande empresário Richard Branson: “Se você cuidar de seus funcionários, eles cuidarão dos negócios”. Essa abordagem centrada nas pessoas será essencial para construir organizações resilientes e adaptáveis, capazes de prosperar em meio à complexidade.

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Opinião por Ricardo Basaglia

Mestre em Administração (FGV/EAESP) com extensão em Behavioral Science of Management (Yale). Como CEO da Michael Page, lidera as operações do grupo no Brasil. Produz conteúdo de carreira e liderança nas redes sociais (@ricbasaglia) e no podcast Lugar de Potência. É o headhunter mais acompanhado do País, impactando milhares de pessoas diariamente.

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