No dia 23 de abril é celebrado o Dia da Língua Inglesa. A definição partiu da Organização das Nações Unidas (ONU) e não se sabe ao certo o motivo da sua escolha, mas existem duas hipóteses mais prováveis para explicar: a de que seria uma homenagem a William Shakespeare, já que é a data de morte do autor que teria inventado mais de 1.700 palavras no idioma ou que seria em função de ser o dia de São Jorge, santo padroeiro da Inglaterra.
De qualquer maneira, o fato é que o mundo fala inglês, certo? A língua inglesa é hoje uma das mais faladas do mundo e se tornou, com o passar do tempo, extremamente importante diante da globalização, seja para uso pessoal em estudos ou viagens ou para o uso profissional na carreira.
Mas, apesar disso, segundo uma pesquisa do British Council e do Instituto de Pesquisa Data Popular, no Brasil apenas 5% da população tem conhecimento substancial em língua inglesa. Desse montante, apenas 1% é plenamente fluente no idioma. Mas, você sabe o que isso significa em termos práticos para a vida dos brasileiros? Confira abaixo alguns exemplos:
Diferença salarial
Quem fala a língua que recrutadores pedem sai na frente. Dados da Catho, agência de recrutamento, revelam que o estagiário ou o trainee que domina o inglês fluente ganha mais do que o dobro do que aqueles que possuem o inglês básico. Essa diferença é de 65% quando falamos de profissionais com diploma de curso superior e para 90% nos cargos de direção e liderança.
Oportunidades de crescimento perdidas
Esse efeito pode se apresentar de diferentes formas na vida profissional dos brasileiros.
Por um lado, é bastante comum que colaboradores capacitados tecnicamente participem de processos de desenvolvimento e inovação em seus empregadores. Porém, sem o domínio do inglês, torna-se inviável que essa pessoa apresente e defenda esses projetos e ideias diante dos superiores na hierarquia e até mesmo dos clientes. Dessa maneira, parte do prestígio precisa ser compartilhado com outras pessoas que acabam por desempenhar essa atividade importante de visibilidade, mesmo que elas não tenham o mesmo carisma ou profundo conhecimento da iniciativa. E isso pode atrasar o crescimento profissional.
Também não é incomum vermos vagas, até com altos salários, sobrando no mercado de trabalho. Muitas vezes as empresas situadas no Brasil que operam de forma global ficam com posições ociosas por não encontrar no seu time colaboradores que dominem o inglês necessário para o trabalho.
Nos últimos anos, houve um investimento sem precedentes no aprendizado da língua inglesa. Estima-se que 1,5 bilhões de pessoas estão aprendendo inglês: uma a cada sete da população mundial. No entanto, os empregadores ainda dizem que há uma lacuna entre as habilidades na língua inglesa de que precisam e as habilidades que estão realmente disponíveis. De acordo com um estudo de Cambridge English com a QS Intelligence Unit, que atua com coleta de dados do mercado empregador e de educação, em países onde o inglês não é uma língua oficial 67% dos empregadores têm uma lacuna no domínio da língua inglesa.
Para resolver essa questão, um caminho percorrido pelas companhias é a contratação externa. Ou seja, nessa situação, mesmo após anos desempenhando uma função e com qualificação técnica suficiente para alcançar o próximo passo, um funcionário deixa de ser promovido em função da sua falta de fluência na língua inglesa.
E não é só isso. As empresas buscam profissionais que tenham capacidade técnica para fazer aquela função e que também consigam se comunicar com os outros países e com os profissionais que estão alocados em outros países. Especialmente na era do trabalho remoto, acelerada pela pandemia, o inglês tornou-se uma ferramenta para a prestação de serviços sem barreira geográfica e com a possibilidade de faturar salários que, comparado com a cotação do Real, chegam a ser cinco ou seis vezes maior na moeda estrangeira do que uma pessoa, no mesmo cargo, receberia no cenário nacional.
Nesse cenário, a concorrência profissional tornou-se ainda mais acirrada. E isso é ainda mais latente quando observamos que no ranking de proficiência em inglês feito com 112 países, o Brasil fica na posição 60, atrás da Argentina (30º), e do Chile (47º), e muito distantes de Portugal (7°), país que também fala português.
Frustração em experiências
E não é apenas no âmbito profissional que a falta de proficiência impacta. Na esfera pessoal quando falamos, por exemplo, sobre viagens, não dominar o idioma pode ocasionar perrengues que transformam o sonho em pesadelo!
Isso já começa na imigração, um processo obrigatório em viagens internacionais. O agente do País, em geral, utiliza o inglês como língua universal para fazer algumas perguntas que definem sua entrada ou não no destino. E, quanto mais desenvoltura nas respostas, menos chances de ser barrado.
Uma vez ao longo da viagem, imagine a frustração de não conseguir se locomover para um passeio desejado ou ainda o problema gerado por não saber falar sobre suas alergias e intolerâncias alimentares ao escolher suas refeições.
O problema da aprendizagem de inglês no Brasil é que o País despertou tardiamente para a inclusão do idioma no currículo escolar e, apesar de ter evoluído nos últimos anos, ainda não possui uma política pública efetiva para o desenvolvimento da proficiência da população.
Entre outros efeitos, isso faz com que muitos brasileiros despertem para a necessidade do idioma e busquem aprender inglês quando já estão inseridos no mercado de trabalho. E, como consequência, esse processo de aprendizado concorre com outros afazeres e obrigações da vida adulta.
E é por isso que já citamos aqui anteriormente que ganha em competitividade aquele jovem que hoje estuda em uma instituição que o ajuda a dominar a língua inglesa desde a idade escolar como um diferencial competitivo para o futuro da sua empregabilidade e mobilidade internacional. Se você quiser conferir exemplos de sucesso de colégios brasileiros, pode ler nossos materiais aqui e aqui.
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