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Estudantes descobrem o centro de São Paulo

Alunos de escola da Vila Olímpia passam três dias conhecendo a região central da capital

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Durante três dias, 67 estudantes de classes média e média alta, com idades entre 14 e 16 anos, que cursam o 1º ano do ensino médio na Escola  Viva, na Vila Olímpia, na zona sul da capital, viveram experiências novas e inusitadas no centro de São Paulo. Andaram de ônibus lotado, hospedaram-se em um  hotel popular no Largo do Arouche, caminharam pela Cracolândia, conversaram com prostitutas e bolivianos no Parque da Luz, almoçaram no Mercadão, dançaram  com idosos na Galeria Olido e andaram de bicicleta e skate à noite no Minhocão.

 

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O tour organizado pela direção da escola teve como objetivo fazer com que os alunos conheçam a cidade onde moram. “Muitos andam de trem na Europa, mas não tinham pego metrô ou ônibus em São Paulo”, afirma o coordenador da proposta, professor Paulo Storace Rota. “Com a experiência, eles puderam conviver com uma cidade que era desconhecida para a grande maioria, que é quase estrangeira onde vive”, explica.

 

A “aventura” começou na quarta-feira. Do colégio, o grupo partiu de transporte público para o centro. Depois de hospedados, passaram a explorar a região a  pé, sempre sob escolta de professores e monitores contratados pela escola. “Queríamos que eles se aproximassem mais da cidade. Que fizessem uma releitura. Ouvissem os sons e sentissem o cheiro das ruas. Muitos mitos, como o da pobreza e insegurança foram quebrados com essa experiência”, explica Rota.

 

Os alunos confirmam. “Já tinha vindo ao centro, mas conhecia poucos lugares. Nunca imaginei que ficaria hospedada em um hotel na minha própria cidade”, disse Natalie Rodrigues Stiedler, de 15 anos, que achou graça na reação das pessoas que encontravam o grupo de estudantes caminhando e fazendo anotações em cadernos pelas ruas e calçadões da região central.

 

“Nos paravam para perguntar o que estávamos fazendo”, lembra. A adolescente encantou-se com os prédios antigos, mas achou o centro descuidado, sujo e mal cheiroso. “O cheiro de urina, cigarro e poluição incomoda.”

 

Impressão parecida teve João Pedro Falstym Sampaio Viana, também de 15 anos, que, como a colega, ficou espantado com a sujeira. Mas, por outro lado, o adolescente se impressionou com os prédios antigos que foram restaurados. “Adorei a iniciativa da escola porque a tendência é olharmos muito só para o nosso mundinho. Essa experiência abriu meus olhos. Agora vejo São Paulo de outra forma”, disse.

 

Pedro saiu da Vila Olímpia, onde estuda e mora, um pouco receoso em relação a segurança do centro, mas depois de andar de skate à noite no Minhocão, já tinha outra impressão. “É só não mexer com ninguém que não mexem com a gente.”

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Enquanto caminhavam pelo centro, os alunos eram orientados a observar os ritmos, biotipos, identidade cultural, tribos, profissões, etnias, expressões e percursos das pessoas que passavam pelos mesmos locais que eles.

 

Essas impressões serão debatidas em sala de aula e vão virar tema de trabalhos em classe durante os próximos dois meses. Em junho, os trabalhos serão apresentados aos professores, alunos e seus pais em um grande evento na escola. “A intenção desse estudo do meio é que o aluno sinta São Paulo pulsar. E que conheça e saiba que existe uma cidade que não dorme, que reflete e questiona”, afirma Rota.

 

ENTREVISTA

 

Paulo Storace RotaCoordenador do ensino médio

 

‘Descobriram formas de aprendizagem’

 

O professor Paulo Storace Rota, coordenador do Ensino Médio da Escola Viva, explica o sentido pedagógico do estudo do meio batizado de “Um estrangeiro na própria cidade”.

 

Por que sair da sala de aula?

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Munidos de cadernos com orientações, espaço para anotações e perpassando pelas diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, artes visuais e música, os alunos foram sensibilizados a construir, com o que viram e ouviram, as paisagens visuais e sonoras da cidade. A visão e a audição foram os sentidos guias nessa atividade aliadas a outros sentidos como a consciência. Através dessa viagem in loco, eles (os alunos) descobriram novos sabores e conhecimentos. Assim descobriram que essas são também outras formas de aprendizagem.

 

Como ocorreu na prática?

 

Os alunos foram divididos em grupos. Cada um visitou um roteiro durante os três dias. Uma das propostas era descobrirem o que é ser pedestre no centro de São Paulo. Por isso andaram em ritmo de passeio e também como se estivessem atrasados para um compromisso. E como é usar o transporte público.

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