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Greve na USP vai acabar? Veja o que os estudantes decidiram sobre a paralisação

Atividades acadêmicas da universidade estão interrompidas desde o dia 20 do mês passado

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Por Caio Possati
Atualização:

Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram, em assembleia geral na noite desta quarta-feira, 11, permanecer na greve que tem paralisado as atividades acadêmicas da instituição desde o dia 20 do mês passado.

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Mesmo com a saída de professores do movimento, e algumas faculdades e institutos decidindo separadamente pelo retorno das aulas, os alunos que comparecem na assembleia geral desta quarta, realizada no vão da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), na Cidade Universitária, zona oeste da capital paulista, formaram maioria para continuar de braços cruzados.

Com a decisão, a paralisação vai até a próxima quarta-feira, 18, quando uma nova assembleia geral será convocada para definir o futuro da greve. A previsão é que seja realizada no prédio da Escola Politécnica (Poli), onde funcionam os cursos de engenharia da universidade.

Os manifestantes consideraram que as propostas apresentadas pela reitoria na última terça-feira, 10, não contemplam as pautas levantadas pelos universitários. Porém, diferentemente da assembleia da última segunda-feira, 9, quando a continuidade da greve foi aceita pela massiva maioria, o clima do encontro desta quarta foi mais dividido, com discentes defendendo a continuidade da paralisação e alunos manifestando o desejo pelo fim do movimento.

Estudantes da USP se reúnem na FFLCH para votar pela continuidade da greve, que paralisa as atividades da universidade desde 20 de setembro. Foto: Alex Silva/Estadão

Entre os compromissos apresentados pela reitoria estão a contratação de 1.027 professores, aumento no número de bolsas de permanência para estudantes de baixa renda, a garantia de que a USP não vai fechar nenhum curso em virtude da falta de docentes, a construção de uma creche no câmpus da USP Leste, além da promessa de que nenhum manifestante vai sofrer represálias por participar da greve.

Mesmo assim, parte dos universitários não se sentiu contemplada com as propostas. Segundo eles, o que foi apresentado ainda não garante a permanência de alunos na universidade porque as bolsas não serão reajustadas, e entendem que a reitoria não tem adotado formas de garantir maior inclusão de estudantes indígenas e trans, além de professores pretos, pardos e oriundos de povos originários.

Já defensores do fim da greve alegam que as medidas apresentadas pela reitoria são avanços, e dizem que o movimento tem perdido força com a saída de cursos. Eles temem também que a reitoria volte atrás nas pautas já garantidas com o prolongamento da paralisação.

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Quem falou a favor pelo retorno das atividades foi vaiado pelo público da assembleia, e os gestos precisavam ser contidos pelos representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Cursos como Arquitetura, Biologia, Psicologia, Letras e Ciências Sociais, entre outros, decidiram pela continuidade na greve, bem como campus do interior, como São Carlos. Eles vão na contramão de outras unidades, como Faculdade de Direito, Poli, Faculdade de Economia, Administração Contabilidade e Atuária (FEA-USP), e a Faculdade de Medicina, que já deliberaram o encerramento da paralisação e retornaram às atividades acadêmicas.

Na terça-feira, os professores da USP também se reuniram em uma assembleia geral e votaram para sair da greve. A categoria, em carta endereçada à reitoria, diz reconhecer os avanços conquistados nas negociações, como a contratação de mais de mil professores e de que a universidade não vai fechar nenhum curso em decorrência da falta de docentes.

Mesmo assim, eles reafirmaram o apoio à greve dos estudantes e defenderem a continuidade de mobilizações para assegurar que a reitoria vai cumprir com as promessas apresentadas.

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Na terça-feira, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior disse, por meio de um vídeo, que a universidade “não pode parar” e que a reitoria avançou e melhorou “o que já estava sendo feito, no limite da responsabilidade”. Segundo ele, as 1.027 novas vagas para professores “representam o maior programa de contratação já realizado numa universidade brasileira” e a ampliação das bolsas mostra a “boa vontade” da reitoria em negociar.

“Então, vamos voltar às aulas, às pesquisas e às nossas rotinas, é isso que a sociedade espera de nós”, pediu Carlotti. “No nosso brasão está escrito: com a ciência, vencerá. Com a ciência, o conhecimento e o diálogo, a USP vencerá.”

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