SÃO PAULO - O secretário estadual da Educação, José Renato Nalini, afirmou que “sonha” com uma escola em que a merenda seja feita pelas mães dos alunos – e não por funcionários terceirizados. A declaração do secretário foi dada na semana passada em entrevista ao programa Tribuna Independente, do canal Rede Vida.
“Nada como as mães para acompanhar como é que está a merenda do seu filho. Eu sonho com uma escola em que houvesse uma horta, houvesse um galinheiro, e que a merenda fosse feita e elaborada pelas mães. Há comida feita com mais amor do que pelas mães?”, disse Nalini, após questionamento sobre as denúncias de estudantes sobre a falta de merenda nas escolas estaduais.
A falta de distribuição dos alimentos aos alunos já é alvo de questionamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Há ainda uma apuração do Ministério Público Estadual (MPE) sobre suposto superfaturamento de contratos de produtos da merenda em pelo menos 22 prefeituras, na operação Alba Branca.
“Essa terceirização, além de nos trazer esses dissabores (dos supostos desvios), priva a escola de ser uma extensão do lar. Não sei se é utopia, mas eu gostaria muito que nós voltássemos a isso, que já houve em São Paulo. Hortas, cozinhas dentro da escola, com as mães oferecendo, voluntariamente. Veja, uma escola tem 500, tem mil alunos. Será que é muito difícil encontrar pessoas que quisessem, em rodízio, ajudar a fazer isso?”, disse o secretário, que acredita que a proposta traria economia. “O Estado economizaria, a merenda seria muito melhor e sobraria recurso para remunerar melhor o nosso pessoal”, avaliou.
Desvios. Nalini disse ainda que os supostos desvios estão sendo investigados em outras frentes, além do MPE – pela Polícia Civil paulista, Polícia Federal e Ministério Público Federal. “Ao mesmo tempo, a secretaria instaurou um procedimento para tratar de toda a merenda, todas as licitações.”
Para evitar fraudes nos contratos da merenda, o secretário defende a descentralização das compras, que hoje são feitas em grande volume para economizar recursos. Segundo Nalini, uma eventual mudança prestigiaria a agricultura familiar e a produção local. “São Paulo, embora seja um Estado de dimensões regulares, há regiões em que a alimentação é diferente. A nutrição é outra.”
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