USP tem mais homens ou mulheres? Que cidades têm câmpus? Como é a universidade em números

Melhor instituição de ensino superior da América Latina completa 90 anos nesta quinta-feira

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Foto do author Leon Ferrari

O número de estudantes de 2022 da Universidade de São Paulo (USP) seria capaz de preencher dois Allianz Parque, estádio do Palmeiras na zona oeste da capital, com capacidade para mais de 43,7 mil pessoas, e, mesmo assim, dez mil alunos ficariam na fila do lado de fora. Isso contando apenas discentes de graduação e pós-graduação. Esse é um dos números que ajudam a dimensionar a grandeza da USP, que completa 90 anos nesta quinta-feira, 25.

Em rankings internacionais, a USP figura como a melhor instituição de ensino superior da América Latina e aparece entre as cem melhores do mundo. Embora talvez seja mais associada à capital paulista, a universidade tem unidades e câmpus em outros 19 municípios do Estado, e, por meio dos serviços que oferece, que vão de atendimentos de saúde a visitas em museus que opera, consegue atingir moradores de todo o País.

Entre números superlativos, alguns destacam desafios que a USP, assim como muitas outras instituições de ensino superior, encara, mas precisa superar. Enquanto o número de alunos que se autodeclaram pretos e pardos chegou a 22,59% em 2022, nove a cada dez professores são brancos. As mulheres só são levemente mais numerosas (49,2% ante 50,8%) do que os homens na pós-graduação

Aula na Faculdade de Medicina da USP, em dezembro de 2023 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Dimensão

A USP tem câmpus em sete cidades paulistas. São elas: São Paulo, Bauru, Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Pirassununga e Lorena.

Todo esse espaço reúne milhares de alunos. Para se ter uma ideia, entre 1989 e 2022, o número de alunos matriculados na graduação cresceu 88,48%, segundo o Anuário Estatístico da USP. A pós-graduação, com alunos de mestrado, doutorado e especiais, aumentou 149,25%.

Na contramão, o número de professores e técnicos-administrativos ativos teve uma redução neste mesmo período. A quantidade de docentes enxugou 8,44%, enquanto a dos demais servidores, 27,53%.

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Conforme noticiou o Estadão em setembro do ano passado, a USP perdeu 818 professores entre 2014 e 2023. São 15% a menos de docentes, sem que tenha mudado o número de alunos, resultado de anos de crise financeira e do período de pandemia, quando não foram autorizadas novas contratações.

Por causa disso, disciplinas obrigatórias não puderam ser oferecidas, atrasando a formatura em alguns cursos, o que levou a protestos dos estudantes. Mesmo com os planos da reitoria de acelerar o processo de contratação, foi deflagrada uma greve por parte dos alunos.

Gênero e raça

O cenário de gênero e raça apontam para uma USP composta majoritariamente por pessoas brancas e homens, que se acentua conforme cresce o nível observado. O ponto mais latente da desigualdade está na sala dos professores, dos quais apenas 0,04 se autodeclara indígena e 2,34, preto; além de 62,5% serem homens ante 37,5% de mulheres.

Frente a esse cenário, em maio do ano passado o Conselho Universitário da USP decidiu que a instituição adotará políticas afirmativas para pretos, pardos e indígenas (PPI) em concursos públicos para docentes e servidores técnicos-administrativos.

Segundo a resolução, para os concursos em que o número de vagas oferecidas seja igual ou superior a três, serão reservadas 20% das vagas. Para aqueles cujo número seja de uma ou duas, os candidatos PPI receberão pontuação diferenciada.

Diploma na mão

Em 2022, 8,3 mil alunos de graduação receberam diploma na USP, e mais de 3,1 mil títulos de mestrado e 2,4 mil de doutorado foram outorgados. O índice de aprovação dos alunos nas disciplinas da universidade é de 88,18%.

Serviços

Não é só de ensino e pesquisa que vive a USP. É por meio da extensão, o terceiro pilar deste tripé, que a universidade se liga diretamente com a comunidade na qual está inserida, com prestação de serviços.

Seja com os atendimentos de saúde dos hospitais universitários ou pelas atividades das casas de cultura, é assim que até quem não tem matrícula ativa se beneficia da estrutura da instituição.

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Dinheiro

A maior fonte de receita da USP são os repasses do governo estadual. Ela recebe a cota-parte de 5,02% da arrecadação do ICMS estadual. A estimativa do Conselho Universitário é de que a USP tenha um orçamento de R$ 8,6 bilhões neste ano - isso é uma estimativa visto que varia conforme a arrecadação do ICMS. Deste total, R$ 7,7 bilhões são repassados pelo Estado e R$ 916,5 milhões são receitas próprias, por prestação de serviços e aluguéis.

Em relação às despesas, a folha de pagamento, que fica em R$ 6,5 bilhões, é a principal delas (84% do comprometimento dos recursos do Tesouro do Estado). Estima-se que a reserva patrimonial, uma obrigação dos parâmetros de sustentabilidade da USP, alcance R$ 2,26 bilhões.

Em 2014, a USP mergulhou em uma forte crise. Em 2022, conforme mostrou o Estadão, a universidade viu alívio nas contas e planejava investir R$ 2 bilhões em projetos como a retomada de obras paralisadas, a construção de um distrito tecnológico e a adoção de tecnologias sustentáveis.

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