Sabemos que o afeto pode ser entendido de diversas formas e que vai além do carinho físico, mas dificilmente olhamos por esse viés. Muitas pessoas cobram carinho e compreensão de seus parceiros e familiares, mas não param para avaliar de forma mais acurada os próprios comportamentos. Seguir projetando no outro aquilo que não se tem para dar é um dos comportamentos mais frequentes que vejo tanto no consultório quanto nos ambientes que circulo. São pessoas que recebem o que você tem para oferecer, mas pouco dão ou compartilham. Se ofendem com facilidade e se colocam como vítimas ao invés de reconhecer a agressividade contida em seus comportamentos. Nem sempre elas têm consciência desse fato o que torna muito desafiadora a convivência com os mesmos, e mesmo quando se percebem acabam vestindo a máscara da sabedoria para darem conta do buraco emocional que possuem.
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Podemos perceber como funcionam facilmente pois não se entregam nas relações, em todos os contextos que circulam falta o cuidado, estão sempre se eximindo de doar algo, seja uma tarefa, um benefício. Todo comportamento é superficial, não conseguem fazer elogios, não reconhecem a importância que as pessoas têm em sua vida, sentem receio de abrir o coração, a vulnerabilidade os assustam. É claro que todos nós podemos ter comportamentos semelhantes uma vez ou outra, mas não é padrão, e será esse o diferencial para entendermos como funciona a pessoa regida pela escassez.
Uma pessoa quando precisa recorrer a atitudes defensivas o tempo todo é porque de alguma forma se sente ameaçado pelas pessoas à sua volta, e como se sentem vítimas ficam presos a esse olhar e não percebem o quanto negam afeto ao outro. Espelham o que sentem, projetam a responsabilidade pela felicidade em outras pessoas, sendo sempre mais fácil do que olhar para dentro de si mesmo e entender a raiz real dos seus problemas.
Conviver com pessoas egoístas é muito desafiador porque não conseguimos receber do quase nada do outro, e é preciso ficar claro aqui que esse receber pode ser um colo, um elogio, um carinho. Muitas vezes quando decidem por se manifestarem o elogio chega com uma crítica embutida, nunca chega com afetividade e reconhecimento. É uma relação sem troca equilibrada, é um doar-se sem eco, pois o buraco emocional dessas pessoas não tem fim. Estão tão centradas em si mesmas, em ter as suas próprias necessidades atendidas que não enxergam o outro, só a si mesmo.
Lembrando que somos seres em constante evolução, temos muitos aspectos que se manifestam e que podemos julgar como certos ou errados. No final das contas ao tomarmos consciência de nossos comportamentos podemos buscar recursos e técnicas que nos auxiliem nesse processo de reposicionamento na vida e nas relações.