Foto do(a) blog

Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|O que as nossas sombras revelam sobre nós

Quando encaramos as nossas sombras possibilitamos a cura de nossas dores internas

PUBLICIDADE

Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:

 

 

No ano passado participei do VI Congresso de Felicidade e ouvi uma frase do psicólogo Rossandro Klinjey que me chamou muito a atenção: "A luz do outro nunca depõe contra você, porque em sua alma tem pontos de luz que aquele outro não tem. E desse modo ao invés de nós nos ofuscarmos mutuamente nós nos iluminamos mutuamente para alçar voos com as asas pareadas um do outro. Que eu não olhe para o que você faz como uma ameaça para mim, mas como algo que me acrescenta, e aí saio da visão que deixa de ser inveja, com punição moral, para um sentimento de escassez em que eu abro mão dele para ver a abundância do mundo".

PUBLICIDADE

Rossandro traz à luz a importância de olharmos para os nossos sentimentos e compreender o que eles dizem sobre nós. Quando nos confrontamos com as nossas sombras nos damos a oportunidade de curar partes nossas que precisam ser compreendidas e acolhidas. Todos nós sentimos coisas que não nos deixam felizes, desde pequenos aprendemos que devemos esconder certos sentimentos por serem feios e não queremos ser julgados e punidos. Porém o caminho de cura é justamente podermos reconhecer essas partes que não são tão bonitas em nós, pois serão através delas que teremos a oportunidade de nos curar.

Não fomos educados para falar dos nossos sentimentos, e não sabemos o que fazer com as nossas incongruências internas, infelizmente não fomos acolhidos quando tentávamos falar sobre as nossas sombras. Qualquer tentativa de nos explicar já era rechaçada e condenada a permanecer em uma cela escura dentro de nós. As sombras contam a nossa história, o orgulho, por exemplo, é um mecanismo de defesa contra os choques de humilhação que passamos, são formas de nos proteger contra a dor e imaginariamente, não ficarmos vulneráveis. Não podemos jamais julgar o outro a partir de nossos referenciais pois cada um carrega uma carga de experiências que são diferentes das suas. Porém, o que vemos por aí, e as mídias sociais mostram isso, é que está cada vez mais desafiador sermos autênticos, ou andamos com a grande massa, ou somos julgados e sacrificados pelo povo.

Aprendemos que as nossas sombras eram muito ruins, era proibido expô-las, porém só conseguimos transformar o que sentimos a partir do reconhecimento. Ao trazermos para a consciência o que sentimos, precisamos acolher, compreender, para que assim possam ser trabalhadas. Imagine que ao entrarmos dentro de um porão iremos encontrar muita poeira, sujeira, lixos a serem descartados, e ao limparmos e abrirmos a janela a luz entrará novamente possibilitando um trânsito mais livre e leve dentro do porão. Devemos deixar o julgamento de lado e somente ressignificar as experiências que nos levaram a desenvolver esses mecanismos de defesa.

Assumir os nossos reais sentimentos e confrontarmos as travas emocionais requer muita coragem, mas somente assim perderemos o medo e nos tornaremos mais resilientes. Que neste ano que se inicia possamos colocar como meta abrir as janelas de nossos porões internos e limpar todas as experiências que permeiam a nossa vida. Dessa forma nos tornaremos mais leves e livres para enfim sentirmos a verdadeira experiência da felicidade.

Publicidade

Opinião por Luciana Kotaka
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.