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Catar: conheça o país que vai hospedar a Copa do Mundo 2022

Território, do tamanho do Sergipe, é repleto de boa gastronomia, atrações únicas e muita vontade de aparecer para o planeta por meio do futebol

Por Elcio Padovez
Atualização:

CATAR - Apesar de pequeno em território, o Catar tem chamado a atenção do mundo por seus planos ambiciosos de se mostrar como um país-destino para sediar eventos globais, como a Copa do Mundo, a partir do próximo dia 20, e continentais, como a Copa Asiática de Futebol, em 2023.

Na internet, Catar, há muitas perguntas de como funciona a sociedade local, o que se come, como é o clima e a como é a economia. Para o presidente do Instituto da Cultura Árabe (ICARABE), Murched Omar Taha, os catarianos, que representam cerca de 12% de uma população de 2,8 milhões de habitantes, vivem em uma sociedade mais fechada e que privilegia mais o contato e relações entre eles, especialmente as amorosas. “Eles não diferem muito dos outros povos árabes que seguem o islamismo no Golfo Pérsico e outras regiões do mundo árabe, composto por 22 países e cerca de 360 milhões de pessoas”.

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Língua do Catar

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O árabe é o idioma oficial do Catar, mas por conta de 88% da população ser composta por estrangeiros, sendo dois mil brasileiros, segundo o Itamaraty, o inglês é a forma de comunicação mais prática, especialmente para os setores de turismo, comércio e negócios.

“Não precisei aprender árabe e faço tudo em inglês. Os catarianos são bem reservados, mas quando se faz parte do círculo de amizade deles, são excelentes pessoas e com um coração enorme”, conta o brasileiro Rafael Melhado, que vive no país desde 2017 trabalhando no setor aéreo.

Entre 1916 e 1971, ano da independência do país, o Catar viveu como um protetorado (território protegido) da Grã-Bretanha e sofreu influência cultural e da língua inglesa.

Política do país

O emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, participa de uma entrevista coletiva com o chanceler alemão Olaf Scholz, em Berlim. Foto: REUTERS/Annegret Hilse/File Photo

O emirado, que significa território administrado pelo emir, é dominado pela família al Thani desde 1825, quando o Catar não passava de uma faixa desértica de beduínos banhada pelo mar e um dos locais preferidos por outros povos árabes para a pesca de pérolas e peixes.

Os Thani impuseram a monarquia absolutista como forma de governo e dividem os cargos de emir (líder político e militar), xeique e xeiqua (líderes políticos e religiosos), príncipes e princesas.

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O líder supremo hoje é Hamad al Thani, filho dos xeiques Hamad bin Khalifa e Mozah bin Nasser.

Riquezas nacionais

Um salva-vidas caminha nas areias da praia de Gas Abou Abboud, em Doha. Foto: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

A economia do Catar, uma das principais do mundo, se sustenta no tripé petróleo, gás natural, sendo a 3ª maior do planeta, atrás de Rússia e Irã, e o turismo de serviços, incluindo aviação e construção civil. Segundo o consulado do Catar no Brasil, antes da pandemia, o país recebia cerca de 2,3 milhões de turistas por ano, quase o total da população de lá.

A meta, após a Copa do Mundo, é chegar à casa de cinco milhões a partir de 2023. Para o jornalista paquistanês Faras Gani, que trabalha na TV Al-Jazeera há nove anos, a estratégia dos governos dos emirados em investir em sediar eventos esportivos tem como objetivo de diversificar a economia do Golfo Pérsico e utilizar de ferramentas comuns no mundo contemporâneo, como o soft power e o sportswashing, de mostrar o país com uma interface mais suave para uma audiência global.

A moeda local do Catar se chama rial. O dólar também é utilizado no país, mas pode não ser aceito em pequenos comércios e despesas, como táxis.

Outra curiosidade econômica é que nativos que vivem no país são isentos de impostos e recebem benefícios do governo como terrenos e bolsas em universidades estrangeiras. O sírio-brasileiro Hasan Alherek, dono de um restaurante árabe em São Paulo, conta que seus país, um engenheiro agrônomo e uma cabeleireira, viveram dois anos no Catar e que Ismael e Nawal sempre diziam que os catarianos têm estudo e há investimento na formação deles para seguirem em cargos de lideranças no emirado.

Catar: O que fazer e visitar

Uma placa na região de Jaww Al Nasla, no Catar, alerta motoristas em uma estrada sobre os camelos. Foto: ODD ANDERSEN / AFP

O Catar é dividido em oito regiões e cidades, que formam o país de 160km de extensão (tamanho do estado do Sergipe) e com pouco mais de 11.000 km². As mais importantes cidades são Doha, que significa redondeza, em árabe, com 796 mil habitantes, Al-Rayyan, Al-Khor e Al-Wakhar. Lusail vai ser a quinta super cidade do país após a Copa e espera ter uma população de 250 mil habitantes.

A maioria das atrações turísticas do país fica na capital e arredores, como o Museu de Arte Islâmica, um lugar único no mundo. Para quem deseja viajar pelo país, é possível ir ao Sea Line, que fica quase na divisa com a Arábia Saudita, para se ver camelos, falcões e as dunas do deserto, ao Souq (mercado) de Al Wakra e visitar o único sítio arqueológico catariano na lista de patrimônios da humanidade da Unesco, que é a fortaleza de Al Zubarah, distante a 110km ao norte de Doha.

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E para quem quer aproveitar uma praia que permite o uso de biquini, a dica é passar um dia em Azerbaijani, também ao norte do país.

Gastronomia para todos os gostos

Catar quer apresentar ao mundo seus valores culturais, como a gastronomia. Foto: AMR ABDALLAH DALSH / REUTERS

O fato de ser pequeno não impediu o Catar de desenvolver uma culinária repleta de referências do mundo, como do norte da África, outros países árabes e asiáticas, de onde herdaram temperos como o curry, encontrado em abundância por lá.

Os principais pratos são o chapat, pão fino enrolado e recheado geralmente com ovos e queijo, o majboo, espécie de paella catariana feita com um arroz bem condimentado, limão preto e acompanhado de frango marinado ou carneiro. Há uma opção sem carne chamada de maqluba, feita com arroz e legumes.

A cozinha árabe, muito popular no Brasil, é uma boa opção no Catar para quem busca pratos vegetarianos, como o yalanji, charuto sem carne, o kibe de lentilha, a labneh (coalhada) e o baba ganoush, feito de beringela. O shawarma, lanche típico da região, também é facilmente encontrado por lá com recheios de carne, falafel e outras especiarias.

Para quem não dispensa um doce, os típicos do país são o luqaimat, um bolinho caramelizado feito de farinha de milho, e a kunafa, massa fina recheada com queijo. Eles podem ser acompanhados de um bom karak, chá preto preparado com leite, gengibre, cardamomo, açafrão e outras especiarias. É a bebida número um no Catar, onde bebidas alcoólicas são restritas a estrangeiros não-muçulmanos e repletas de regras para serem adquiridas e consumidas.

Segurança em alta

O emirado é um dos países mais seguros do mundo em relação à segurança e os índices de assaltos, roubos e outros tipos de violência são muito baixos e há uma sensação constante de se estar seguro e circular pelo país.

O chefe executivo de operações da Fifa, Ricardo Trade Avelino, que está no Catar há um ano e meio para ajudar na organização do Mundial, conta que há um grande aparato policial trabalhando nas cidades e, no caso dele, chega a ir dormir com as portas de casa sem trancar.

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“Deixo carteira em cima da mesa, alimento três gatos que entram pela porta da frente e nunca ninguém entrou. Há muita vigilância cibernética e se você fez algo errado aqui, é facilmente identificado e punido. É um aspecto positivo para quem procura tranquilidade”.

Catar: um país de altas temperaturas

Um termômetro próximo ao Lusail Stadium, que vai receber jogos da Copa do Mundo, marca 34 graus Celsius.  Foto: REUTERS/John Sibley

Mesmo se assemelhando a um pingo de água, o território catariano é formado por 80% de planícies desérticas com pouca vegetação. O fato de serem rodeadas de água do mar e correntes de vento vindas do extremo leste da Ásia fazem com que o Catar registre temperaturas elevadas quase o ano inteiro (março a outubro) e mantenha um clima seco e umidade sufocante.

Os dias no verão podem ultrapassar facilmente os 40º e no inverno, época mais amena, entre novembro e fevereiro, ela gira na casa de 20 a 30º durante o dia, com queda para casa de até 10º à noite, como em um típico deserto.

Até as casas antigas do país parecem brincar com o clima de extremo calor, pois eram pintadas de amarelo pelos habitantes e mantidas até hoje como forma de preservar a memória antes dos arranha-céus futurista. Chove pouco no país e é mais fácil o viajante enfrentar uma tempestade de areia do que uma chuva. A camisa da seleção nacional também reflete as altas temperaturas e o Catar costuma vestir vermelho-púrpura, tom que é muito comum nos desertos do Oriente Médio.

Dicas de etiqueta

Um turista carrega nos ombros uma criança usando o "La'eeb", o mascote oficial da Copa do Mundo do Catar. Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Viajar ao Catar e aproveitar bem a experiência significa não entrar em conflito com os códigos culturais que a religião islâmica prega e que mais de 75% da população de lá segue, sendo 70% sunitas (mulçumanos moderados) e pouco mais de 5% de vertente xiita, que é mais radical e menos tolerante com quem não segue os preceitos de Alá.

Cruzar as pernas e mostrar a sola do sapato é considerado ofensivo para os árabes, que consideram essa a parte mais suja do corpo. Tocar uma árabe ou ter conduta inapropriada com ela também não é recomendado e pode render até uma visita à delegacia.

A brasileira Jaqueline Padovani, moradora de Doha desde 2017, também acredita que o maior cuidado seja em relação à demonstração de afeto em público e aos cuidados com as vestimentas, principalmente para as mulheres.

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“O turista e o estrangeiro não precisam usar as roupas árabes convencionais; porém, é muito importante seguir o que eles consideram mais respeitoso. Isso vale principalmente para as mulheres, que precisam cobrir os ombros e os joelhos. Mesmo assim, as estrangeiras podem ter uma vida normal e tranquila aqui. Não é necessário andar na companhia do marido, e o direito de ir a qualquer lugar (sozinha ou acompanhada) prevalece”.

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