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Arsenal busca ‘missão impossível’ de desbancar o Manchester City na Premier League

Manchester City e Arsenal chegam à última rodada separados por dois pontos e com time de Guardiola podendo fazer história

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Foto do author Guilherme  Nannini

Em uma das temporadas mais emocionantes da Premier League dos últimos anos, o Arsenal está a um passo de realizar o que muitos consideram uma “missão impossível”: desbancar o poderoso Manchester City e conquistar o título inglês após um jejum de 20 anos. A última rodada, marcada para este domingo, 19, às 12h (Brasília) promete ser um desfecho digno de cinema, com ambos os times lutando pela glória em seus respectivos estádios.

O renascimento do Arsenal

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A trajetória do Arsenal rumo ao topo da tabela é uma história de superação e reconstrução. Após anos de resultados decepcionantes, incluindo uma humilhante derrota por 10 a 2 para o Bayern de Munique na Champions League em 2017, que marcou a última participação do clube na competição até então, e uma passagem sem sucesso do técnico Unai Emery, o clube passou por uma profunda reformulação. A saída do lendário técnico Arsène Wenger, após 22 anos no comando, marcou o início de uma nova era.

A chegada de Mikel Arteta, ex-auxiliar de Pep Guardiola no Manchester City, em 2019, e ex-jogador do time londrino, trouxe uma nova filosofia de jogo e uma mentalidade vencedora. Arteta implementou um estilo de jogo baseado na posse de bola e troca de passes, inspirado em Guardiola, mas com suas próprias nuances táticas. O clube também investiu pesado em contratações, gastando quase 1 bilhão de euros desde a chegada de Arteta, focando em jovens talentos e jogadores com potencial de crescimento.

Um fator importante para a ascensão do Arsenal foi a chegada de Edu Gaspar, ex-jogador da seleção brasileira e com passagem pelo próprio clube londrino como atleta. Edu assumiu o cargo de diretor técnico em 2019 e tem sido fundamental na reconstrução do elenco. Ele tem sido elogiado pela imprensa internacional por sua capacidade de identificar jovens talentos e por sua visão estratégica para o futuro do clube, além de trabalhar em colaboração com Arteta para construir um elenco competitivo e equilibrado, capaz de brigar por títulos. Sua experiência no futebol europeu e sua rede de contatos permitiram ao Arsenal atrair jogadores de alto nível, como Gabriel Magalhães, Gabriel Martinelli e Gabriel Jesus, que se tornaram peças-chave do time.

Além dos brasileiros, Edu Gaspar também foi responsável por trazer Martin Ødegaard, inicialmente por empréstimo do Real Madrid e posteriormente contratado em definitivo. Ødegaard, capitão do Arsenal e peça fundamental na criação de jogadas, acumula 8 gols e 8 assistências nesta temporada, demonstrando sua importância para o time. Outro destaque é o recém-chegado Declan Rice, que já se firmou como pilar defensivo do time, contribuindo com 7 gols e 8 assistências, além de sua solidez na proteção da zaga.

Pep Guardiola abraça Mikel Arteta Foto: Dylan Martinez/Reuters

Duelo de titãs: Arsenal x Manchester City

O confronto entre Arsenal e Manchester City vai além da disputa pelo título. É um duelo de filosofias, de gerações e de ambições. Arteta, o aprendiz, enfrenta Guardiola, o mestre, em um embate que coloca frente a frente duas das equipes mais valiosas do mundo.

O Manchester City, atual tricampeão, busca um feito inédito: o tetracampeonato consecutivo. A equipe de Guardiola, apesar de não ter apresentado o mesmo domínio das últimas temporadas, ainda é uma máquina de vencer, com um elenco repleto de estrelas e um estilo de jogo que impõe respeito. O City de Guardiola é conhecido por sua dominância e regularidade em ligas de pontos corridos, raramente perdendo jogos e conquistando títulos com frequência.

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O Arsenal, por sua vez, busca quebrar um jejum de 20 anos sem conquistar o título inglês. A equipe de Arteta chega à última rodada com a confiança em alta, após uma campanha surpreendente e com a vantagem de um melhor saldo de gols em relação ao City.

A batalha tática e financeira

Em termos táticos, o Arsenal se destaca pela solidez defensiva, ostentando a melhor defesa da Premier League nesta temporada. O ataque também é potente, sendo o segundo melhor da competição. A equipe conta com jogadores talentosos como Bukayo Saka e os já citados Gabriel Martinelli e Martin Ødegaard, que têm sido fundamentais na campanha do título.

O Manchester City, por sua vez, é conhecido por seu estilo de jogo ofensivo e envolvente, com uma posse de bola dominante e uma capacidade de criar chances de gol a partir de diferentes setores do campo. A equipe de Guardiola possui um elenco recheado de estrelas, como Kevin De Bruyne, Erling Haaland e Bernardo Silva, que podem desequilibrar a partida a qualquer momento.

Essa rivalidade em campo se reflete também no poderio financeiro de ambos os clubes, que figuram entre os mais valiosos do mundo. O Manchester City lidera o ranking, com um valor estimado em 1,38 bilhão de euros (R$7,4 bilhões), seguido de perto pelo Arsenal, avaliado em 1,31 bilhão de euros (R$7 bilhões). Essa proximidade financeira é resultado de grandes investimentos, como a mudança de investidor do Arsenal em 2018, quando Alisher Usmanov, um oligarca russo, vendeu sua participação para Stan Kroenke, atual acionista majoritário do clube.

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Kroenke, dono da Kroenke Sports & Entertainment (KSE), possui uma fortuna avaliada em US$16,2 bilhões (R$85,3 bilhões) pela Forbes e é considerado a 155ª pessoa mais rica do mundo. Sob sua gestão, o Arsenal tem investido em contratações de peso e melhorias na infraestrutura do clube, visando alcançar o sucesso esportivo e financeiro.

O desafio de Arteta

Mikel Arteta busca escrever seu nome na história do Arsenal. O jovem técnico espanhol tem a oportunidade de levar o clube ao topo da Premier League pela primeira vez em duas décadas. Para isso, ele precisa superar não apenas o Manchester City, mas também a pressão de um jogo decisivo e a expectativa de uma torcida sedenta por títulos.

A trajetória de Arteta no Arsenal, onde também atuou como jogador, tem sido marcada por momentos de glória e frustração. Bicampeão da Copa da Inglaterra como atleta, Arteta viu o clube amargar um quinto lugar em sua última temporada antes de pendurar as chuteiras. Como técnico, assumiu o comando em 2019, implementando um estilo de jogo baseado na posse de bola e intensidade. Apesar da conquista da Copa da Inglaterra em 2020, o Arsenal enfrentou dificuldades, com duas temporadas consecutivas em oitavo lugar na Premier League.

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A frustração atingiu o ápice na temporada passada, quando o time liderou boa parte do campeonato, mas perdeu o título para o Manchester City na reta final devido a lesões e queda de desempenho. No entanto, a derrota serviu de aprendizado para Arteta, que fortaleceu o elenco e aprimorou suas táticas. A equipe se mostrou mais consistente e madura nesta temporada, superando adversidades e mantendo-se na briga pelo título até a última rodada.

O fator Guardiola

Pep Guardiola, com um currículo que inclui títulos no Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, é reconhecido como um dos treinadores mais influentes do futebol moderno. Sua filosofia de jogo, baseada na posse de bola, passes curtos e movimentação constante, revolucionou o esporte e inspirou diversos técnicos ao redor do mundo. O “tiki-taka”, como ficou conhecido seu estilo, resultou em times dominantes e ofensivos, como o Barcelona de Messi e o atual Manchester City de Haaland e De Bruyne.

Além da filosofia de jogo marcante, Guardiola se destaca pela capacidade de adaptação tática, ajustando suas equipes para neutralizar os adversários e explorar suas fraquezas. Sua gestão de elenco, que prioriza o desenvolvimento de jovens talentos e a criação de um ambiente competitivo, também é um fator chave para seu sucesso.

A dificuldade em superar equipes comandadas por Guardiola em campeonatos de pontos corridos é notória. Sua metodologia resulta em times consistentes e eficientes, capazes de manter um alto nível de desempenho ao longo de toda a temporada. A posse de bola, característica marcante de seus times, dificulta a criação de oportunidades para os adversários, enquanto a pressão alta e a movimentação constante dos jogadores tornam a recuperação da bola uma tarefa árdua. Além disso, a versatilidade tática do técnico permite que suas equipes se adaptem a diferentes cenários e adversários, dificultando a criação de um plano de jogo eficaz para neutralizá-las.

A decisão

A última rodada da Premier League promete ser um espetáculo de futebol, com emoção e drama do início ao fim. O Manchester City (88 pontos) depende apenas de si para conquistar o tetracampeonato, contra o West Ham em casa, no Etihad Stadium. Já o Arsenal (86), que também joga em casa, no Emirates Stadium, precisa vencer o Everton e torcer para o City empatar com os Hammers.

Em caso de empate no número de pontos entre eles, o que só é possível caso o City fique na igualdade com o West Ham, o primeiro critério é o saldo de gols. E nele o Arsenal leva vantagem (61 a 60).

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