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Argentinos se dizem perseguidos pela ATP

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os "inchas" (torcedores) argentinos de Mariano Puerta, mostraram-se contrariados nesta quarta-feira pelo anúncio de que o tenista poderia ser o alvo de uma suspensão para o resto de sua vida por causa do suposto uso do estimulante etilefrina. Embora Puerta seja reincidente, pois em outubro de 2003 foi pego utilizando a droga clembuterol (foi suspenso por nove meses), a notícia teve ampla repercussão na Argentina, país que nos últimos cinco anos vive um boom do tênis. Poucas horas após o surgimento do escândalo, o site Clarín Online realizou uma pesquisa que indicou que 69,2% dos internautas consideram que a Associação de Tênis Profissional (ATP) "persegue" os jogadores argentinos. Apenas 30,8% acreditam que não existe tal perseguição. O presidente da Associação Argentina de Tênis (AAT), Enrique Morea, afirmou que a Federação Internacional de Tênis (FIT) "não havia informado coisa alguma porque o assunto está sendo mantido sob extremo sigilo". Morea descartou que esteja acontecendo uma "perseguição" aos tenistas argentinos: "desgraçadamente, os casos que surgiram foram confirmados...mas, cada caso foi individual". Na imprensa argentina, o affaire Puerta teve repercussão imediata. Os principais sites de informação do país dedicaram amplo espaço à cobertura do caso. ?O jornal L´Equipe acusa Puerta de doping" foi a manchete do site do jornal esportivo Olé. O tradicional e sóbrio La Nación afirmou que "Puerta teria sido o caso de doping em Roland Garros". O Clarín, o principal jornal do país, citou uma frase de Puerta: "estou muito irritado. Tudo está nas mãos de meus advogados". Até os periódicos econômicos referiram-se ao caso. "Comoção no tênis: acusam Puerta de doping em Roland Garros", afirmou o Ambito Financiero. O jornal Infobae ressaltou que a ATP ainda não havia realizado uma acusação contra Puerta, e que portanto, ele era inocente. O analista esportivo Ezequiel Fernández Moores, um dos mais respeitados do país, lamentou à Agência Estado que "o tênis argentino tenha entrado no esporte de alto rendimento. Portanto, o doping é um fenômeno amplamente difundido. Não acho que os argentinos sejam os únicos que se dopem...mas são os que menos possuem consciência sobre sua preparação. Os americanos pagam melhores médicos e medicamentos". Fernández Moores afirmou, com ironia, que é "curioso" que um tenista americano, Graydon Oliver, toma um diurético e o suspendam por seis meses...mas se fosse um argentino seria por dois anos. Bom, está o caso de Alex Bogomolov, dos EUA, que havia usado um anti-asmático e teve 45 dias de suspensão... o Puerta, quando tomou um medicamento similar, levou nove meses de suspensão". Segundo o analista, os tenistas argentinos são de "primeiro nível", mas possuem menos "proteção": "ou seja, não pertencem ao primeiro mundo...eles têm menos proteção das marcas de roupa e outros produtos que os patrocinam". Jorge Brasero, empresário de Puerta, declarou que lhe chama a atenção "de que sempre sejam os jogadores argentinos que apareçam com testes positivos nos controles anti-doping... estou surpreso com a notícia. Para mim, ele é completamente inocente até que se prove o contrário". Histórico de dopings - Os tenistas argentinos acumularam nos últimos tempos um turbulento currículo de dopings. Em abril de 2001, Juan Ignacio Chela foi suspenso por três meses por ter consumido metiltestosterona. Em dezembro desse mesmo ano, Guillermo Coria foi punido com sete meses de suspensão por ter consumido nandrolona. Em setembro de 2002 o tenista Martín Rodríguez foi advertido por um excesso de cafeína. No entanto, não foi suspenso. Rodríguez foi castigado com uma multa e com a redução de pontos em seu ranking. Já em agosto passado foi a vez de Guillermo Cañas, suspenso por dois anos por um resultado positivo de doping com uma droga diurética.

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