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Vídeo inventa pedido de senador americano para FBI prender Alexandre de Moraes

Conteúdo cita tuíte falso atribuído ao republicano Dan Sullivan; a assessoria do político nega alegações

Por Luciana Marschall

É falso que o senador norte-americano Dan Sullivan tenha defendido que a agência de inteligência Federal Bureau of Investigation (FBI) prenda o ministro Alexandre de Moraes. Um vídeo no Facebook espalha esse boato e mostra uma montagem de um tuíte atribuído a Sullivan. Além de o tuíte não aparecer na conta oficial do senador, a assessoria dele negou a veracidade das alegações: “Não é um tuíte verdadeiro.”

É montagem o tuíte atribuído ao senador norte-americano.  Foto: Reprodução

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O vídeo erroneamente atribui a Sullivan o texto: “Sendo assim, como membro da comissão no Senado dos Estados Unidos, pedirei oficialmente para que seja levado em consideração o pedido do diretor-geral do FBI para que o senhor ministro da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, seja processado pela comunidade internacional.”

Em buscas feitas no Twitter associadas ao nome de usuário da conta oficial @SenDanSullivan, não foi encontrada qualquer postagem neste sentido. Em outro perfil dele, @DanSullivan_AK, também não houve resultado para o assunto. Além de a assessoria dele negar a autenticidade da postagem, a reportagem também não localizou notícias de posicionamentos de Sullivan acerca da atuação de Moraes.

No site mantido pelo senador, o Brasil é citado em quatro tópicos (1, 2, 3 e 4). Todos eles são referentes à 67ª reunião da International Whaling Commission (IWC), realizada em Florianópolis, no Brasil, em 2017. O político representa o Alasca e os assuntos relacionados à caça e à proteção das baleias estão entre suas pautas. A busca pelo nome de Alexandre de Moraes na mesma plataforma não retornou resultados.

Vídeo tem mais informações falsas sobre o senador

O vídeo viral também classifica Sullivan como “ex-agente do FBI” e diz que ele faz parte de uma comissão no Senado que analisa envolvimento de juízes que favorecem criminosos. A assessoria de comunicação do político negou essas duas afirmações.

O Senado americano possui o Comitê sobre o Judiciário, que é responsável pelos primeiros passos na confirmação de indicações de juízes federais. Sullivan não faz parte do grupo. Ele é membro, atualmente, de quatro comitês: o de Serviços Armados; o de Comércio, Ciência e Transporte; o de Meio Ambiente e Obras Públicas; e o de Assuntos dos Veteranos. Nenhum teria atribuição sobre uma suposta denúncia internacional relacionada ao ministro brasileiro.

Na biografia publicada no site do político não há qualquer menção a trabalhos no FBI. Sullivan informa ter atuado como procurador-geral e comissário do Departamento de Recursos Naturais no Alasca, ter trabalhado em tribunais judiciários e ingressado no serviço militar, Atualmente ele é coronel da reserva do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Ele foi, ainda, secretário-adjunto de Economia, Energia e Negócios e membro da Diretoria de Economia Internacional da equipe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca durante o governo de George W. Bush.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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