Biden diz a Netanyahu que operação em Rafah não deveria prosseguir sem plano para proteger civis

UE e Reino Unido também manifestação preocupação sobre o assunto

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Foto do author Isadora Duarte
Por Isadora Duarte (Broadcast) e Daniel Tozzi Mendes (Broadcast)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que uma operação militar do país em Rafah não deveria prosseguir sem um plano “credível e executável” para garantir a segurança de mais de 500 mil pessoas refugiadas na região.

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Em comunicado à imprensa, a Casa Branca afirmou que Biden e Netanyahu conversaram por telefone neste domingo, quando Biden “reafirmou” a sua opinião ao líder israelense. O telefonema é o primeiro após Biden ter classificado a ação de Israel em Gaza como “exagerada” na última semana.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, também disse estar “profundamente preocupado” com a perspectiva de uma ofensiva militar de Israel na cidade de Rafah, onde se concentra atualmente a maior parte da população palestina da Faixa de Gaza.

“A prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates para fazer chegar a ajuda e retirar os reféns, e depois avançar no sentido de um cessar-fogo sustentável e permanente”, acrescentou Cameron, que tem equivalente a ministro das Relações Exteriores, em postagem no X, o antigo Twitter.

O alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, afirmou que uma ofensiva de Israel sobre Rafah levaria a uma “catástrofe humanitária”. “Reitero o alerta de vários estados membros da UE de que uma ofensiva israelense em Rafah conduziria a uma catástrofe humanitária indescritível e a graves tensões com o Egito. Retomar as negociações para libertar os reféns e suspender as hostilidades é a única forma de evitar um derramamento de sangue”, disse Borrell em publicação na sua conta oficial do X.

Biden reafirmou o objetivo comum entre Estados Unidos e Israel em derrotar o grupo terrorista Hamas e garantir a segurança a longo prazo a Israel e à população israelense, informou a Casa Branca na nota. “O presidente e o primeiro-ministro discutiram os esforços em curso para garantir a libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas. O presidente enfatizou a necessidade de capitalizar os progressos realizados nas negociações para garantir a libertação de todos os reféns o mais rapidamente possível”, acrescentou a Casa Branca.

Biden pediu ainda a Netanyahu medidas urgentes e específicas para ampliar a assistência humanitária a civis palestinos. Conforme a Casa Branca, Biden e Netanyahu concordaram em manter contato próximo.

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Imagem de Rafah neste sábado, 10. Na foto, palestinos buscam por sobreviventes após ataque de Israel a prédio residencial na Faixa de Gaza. (AP Photo/Hatem Ali) 

O apelo de Biden sobre a interrupção na operação de Israel a Rafah ocorre após ataques aéreos israelenses à cidade, que fica no Sul da Faixa de Gaza e na fronteira com o Egito, deixando ao menos 44 palestinos mortos neste fim de semana. A ofensiva de Israel iniciou depois de Netanyahu ter pedido aos militares que planejassem a evacuação de centenas de milhares de pessoas da região. Rafah é um dos principais corredores de entrada de ajuda humanitária na região.

Benjamin Netanyahu não divulgou o cronograma da operação, mas o anúncio gerou pânico em Gaza. O governo de Israel alega que Rafah, que faz fronteira com o Egito, é o último reduto remanescente do grupo extremista Hamas em Gaza, depois de quatro meses do conflito desencadeado desde 7 de outubro do ano passado.

Desde ontem, uma série de líderes internacionais vem criticando a ofensiva de Israel sobre Rafah em meio ao receio crescente de que as ações possam desencadear a propagação do conflito no Oriente Médio. O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, disse que qualquer ofensiva terrestre israelense em Rafah teria “consequências desastrosas” e afirmou que Israel pretende eventualmente forçar os palestinos a sair do território.

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O Egito ameaça suspender o tratado de paz com Israel, assinado em 1970 depois de cinco guerras travadas entre os países, caso as tropas israelenses sejam enviadas para a cidade de Rafah, segundo autoridades locais. O Egito teme que as forças militares israelenses forcem o fechamento da rota de ajuda humanitária. Mais da metade da população de Gaza, de 2,3 milhões, está refugiada em Rafah desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro do ano passado.

Netanyahu disse ao Fox News Sunday que há “muito espaço ao norte de Rafah para eles irem” após a ofensiva de Israel em outras partes de Gaza, e disse que Israel direcionaria os evacuados com “folhetos, com corredores seguros e outras coisas”. Um integrante do Hamas disse à televisão Al-Aqsa que qualquer invasão em Rafah “explodiria” as negociações mediadas pelos Estados Unidos, Egito e Catar visando alcançar um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses. /Com AP

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