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Chile prende bombeiro e funcionário florestal por incêndio que matou 137 em Viña del Mar

Bombeiro de 22 anos havia ingressado na corporação um ano e meio antes, enquanto segundo acusado era funcionário da Corporação Nacional Florestal (Conaf); incêndios em fevereiro ainda deixaram 16 mil feridos

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Por Redação

Um bombeiro e um funcionário florestal foram detidos na sexta-feira, 24, no Chile, acusados de serem os responsáveis pelo incêndio que deixou 137 mortos e milhares de casas destruídas em fevereiro na cidade turística de Viña del Mar, informou a polícia. O incidente ainda deixou 16 mil feridos, segundo números oficiais.

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O bombeiro foi detido como “autor dos incêndios ocorridos no mês de fevereiro na região de Valparaíso”, onde fica Viña del Mar, anunciou o diretor da Polícia de Investigações (PDI), Eduardo Cerna, em uma entrevista coletiva.

Posteriormente, a Procuradoria Regional de Valparaíso confirmou a detenção de um segundo envolvido: um funcionário da Corporação Nacional Florestal (Conaf), instituição responsável por lutar contra os incidentes florestais e por administrar os parques nacionais.

Os dois foram acusados pelo crime de incêndio que provocou mortes.

Vários incêndios eclodiram simultaneamente em 2 de fevereiro nos arredores de Viña del Mar, a 110 km de Santiago.

Foto de 3 de fevereiro mostra incêndio em Viña del Mar, no Chile; polícia chilena prendeu bombeiro e funcionário florestal acusados de iniciar incêndio, que deixou 137 mortos e 16 mil feridos.  Foto: Esteban Félix/AP

“O trabalho de campo, o levantamento de provas, a análise e o cruzamento de informações foi o que permitiu localizar, estabelecer padrões de comportamento e publicações geográficas de deslocamentos” do bombeiro detido, informou Cerna.

Segundo a imprensa local, o acusado é um jovem de 22 anos que havia ingressado na corporação - que é voluntária no Chile - um ano e meio antes.

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“Estamos devastados com o ocorrido, é um fato totalmente isolado. Estamos há mais de 170 anos a serviço de Valparaíso e não podemos permitir esse tipo de situação”, disse Vicente Maggiolo, comandante do Corpo de Bombeiros da 13ª companhia da cidade de Valparaíso.

Iván Navarro, comissário da Brigada de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio (Bidena), afirmou que foi possível reconstruir exatamente os comportamentos e atividades do bombeiro detido nos momentos anteriores, durante e posteriores ao incêndio.

“Conseguimos estabelecer os locais exatos onde aconteceram os focos de incêndio e localizar o dispositivo que iniciou os focos”, explicou.

Também foi possível determinar a participação de um segundo homem, acusado de ser o autor intelectual do incidente.

“Ele cedeu o conhecimento para que ele gerasse estes dispositivos e também indicou os momentos exatos em que deveria operar para que o incidente tivesse um maior grau de dano”, acrescentou Navarro.

Quatro focos

Desde o começo, autoridades locais apontaram que se tratava de um ato intencional. “Toda a população local sabia que havia sido um ataque, e hoje podemos ter esse grau de certeza”, disse a prefeita de Viña del Mar, Macarena Ripamonti.

Segundo as investigações do Ministério Público, o incêndio foi causado por pequenos focos simultâneos produzidos perto do lago Peñuelas, no porto de Valparaíso, vizinho à cidade de Viña del Mar. O calor e as rajadas de vento intensas naquele dia propagaram rapidamente as chamas.

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Os bombeiros não conseguiram apagar o fogo devido à falta de vias ou porque ficaram presos nos acessos estreitos à cidade, onde filas de veículos foram carbonizadas. “Foram quatro focos aproximadamente equidistantes”, disse o promotor especializado em incêndios, Osvaldo Ossandón.

Na casa do bombeiro foram encontrados elementos com os quais ele teria dado início ao incêndio. Investiga-se se ele teve participação em casos anteriores, segundo Ossandón.

“Isto é, em primeiríssimo lugar, um ato de justiça e reparação para aqueles que perderam a vida no incêndio, para suas famílias, para aqueles que perderam todos os seus bens, suas fontes de trabalho, e lutam até hoje”, ressaltou a ministra do Interior, Carolina Tohá. / AFP

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