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China prevê melhora nas relações com EUA durante visita de enviada de Biden a Pequim

Secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, está em viagem para estabilizar as relações comerciais entre as duas superpotências, afetada pela competição geopolítica

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Por Redação
Atualização:

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou nesta sexta-feira, 7, à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que a visita dela a Pequim pode melhorar as relações entre os dois países após um período de tensões bilaterais. Yellen está na capital chinesa após sete anos de sua última visita com a intenção de remodelar os laços comerciais de Washington e Pequim em meio à competição hegemônica das duas superpotências.

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Trata-se da segunda visita em um mês de um secretário de Biden a China. Em junho, o secretário de Estado, Antony Blinken, se encontrou com o líder chinês Xi Jinping em Pequim reduzir as incertezas e os riscos potenciais da competição sino-americana.

Além de se reunir com autoridades chinesas atuais e anteriores da área econômica, a secretária do Tesouro americano também se reúne com a comunidade empresarial americana, que tem descrito as condições para negócios na China como hostis. Ela expôs essas preocupações às autoridades e se opôs de maneira contundente às medidas punitivas e investigações que o governo chinês tem dado às empresas.

Durante reunião com as autoridades, Yellen afirmou que a recente decisão chinesa de impor controles de exportação de minerais críticos à indústria de semicondutores leva o governo de Joe Biden a tornar os fabricantes menos dependentes da China. Pequim afirma que as sanções são uma resposta à política americana implementada no ano passado que afetou a sua própria indústria de chips.

Imagem mostra reunião da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, nesta sexta-feira, 7, em Pequim. As duas autoridades afirmam que as relações comerciais entre os dois países podem melhorar Foto: Mark Schiefelbein/AP

A política de Biden proibiu a exportação para a China de semicondutores mais avançados para o uso em computadores. O governo está prestes a finalizar uma nova regulamentação, que proíbe o investimento americano em setores de tecnologia chineses com aplicações militares e também se prepara para restringir o acesso de empresas chinesas a serviços de computação em nuvem dos EUA para restringir o uso de chips avançados para inteligência artificial pela China.

Entretanto, Yellen buscou durante a sua visita estimular uma comunicação mais regular entre os dois rivais e disse que quaisquer ações direcionadas de Biden para “proteger a segurança nacional” dos EUA não devem comprometer os laços comerciais de forma “desnecessária”.

Autoridades americanas e chinesas afirmam ter o desejo de manter uma relação comercial e de investimento saudável em meio à crescente rivalidade estratégica. A relação comercial entre as duas maiores economias é importante para ambas, apesar das tensões políticas. No ano passado, essa relação atingiu o recorde de US$ 690 bilhões (R$ 3,4 trilhões).

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“Buscamos uma competição econômica saudável que não seja vencedora, mas que, com um conjunto justo de regras, possa beneficiar ambos os países ao longo do tempo”, disse Yellen a Li Qiang. “Não devemos permitir que qualquer desacordo leve a mal-entendidos que piorem desnecessariamente nossa relação econômica e financeira bilateral”, acrescentou.

O Ministério de Finanças da China afirmou em um comunicado nesta sexta-feira que espera que a visita da secretária de Tesouro resulte em “ações concretas” para criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico. “Nenhum vencedor emerge de uma guerra comercial ou da dissociação e ‘quebra de laços’”, diz o comunicado.

Li disse a Yellen que a visita despertou um “arco-íris” após um período nebuloso entre os dois países. “Acho que há mais na relação China-EUA. relações que não apenas vento e chuva. Com certeza veremos mais arco-íris”, disse.

Empresas americanas e chinesas

Na reunião com Li, Yellen se opôs ao tratamento dado pelas autoridades chinesas a empresas americanas nos últimos tempos. Os empresários têm dito que o ambiente de negócios piorou após lockdowns e um aumento de investigações contra as empresas.

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As empresas ficaram alarmadas com novas leis de segurança nacional cada vez da China, que incluem uma legislação de contraespionagem que entrou em vigor no sábado que trata a pesquisa de mercado como espionagem. Mas, segundo Michael Hart, presidente da Câmara de Comércio dos EUA na China, a maioria não foi diretamente afetada.

“Temos tentado, independentemente do que aconteceu no nível político, encontrar uma causa comum com nossos colegas chineses, empregando, fabricando, produzindo, comprando, vendendo, pagando nossos impostos e fazendo tudo de uma maneira que reflita nossos valores”, disse Hart durante uma reunião com Yellen.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, durante encontro com membros da Câmara de Comércio dos EUA na China, em Pequim, nesta sexta-feira, 7 Foto: Mark Schiefelbein/AP

Do outro lado, as empresas chinesas também fazem queixas semelhantes aos EUA e têm desconfianças com a visita da secretária de Tesouro. Segundo Wang Yong, diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade de Pequim, as empresas chinesas ficaram incomodadas com as recentes ações dos EUA, como as audiências no Congresso sobre a rede de mídia social chinesa TikTok, e com o aprofundamento das barreiras americanas aos investimentos e negócios corporativos chineses, inclusive em setores outrora produtivos, como a compra de terras agrícolas.

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Yellen permanece na China até o sábado, 8, e ainda vai se reunir com outras autoridades com o intuito de melhorar o campo de negócios entre os dois países. “Não devemos permitir que qualquer desacordo leve a mal-entendidos que piorem desnecessariamente nossa relação econômica e financeira bilateral”, disse ela durante a reunião com Li Qang. /W.P., NYT, AFP, AP

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