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Conflito na véspera da conferência contra o racismo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Na véspera do início da conferência mundial contra o racismo, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, recebeu queixas de líderes de minorias étnicas preocupados com a possibilidade de suas causas não serem discutidas na reunião. Ao mesmo tempo, grupos judeus que participavam de um fórum sobre direitos humanos tiveram que encerrar uma entrevista coletiva porque ativistas árabes os interromperam gritando palavras de ordem. Ambos os incidentes sublinharam as controvérsias que rodeiam a conferência e seu projeto de declaração, antes mesmo de sua inauguração, amanhã, na cidade sul-africana de Durban. "Muitas expectativas não serão cumpridas", afirmou Reed Brody, diretor de ativismo do grupo Human Rights Watch. Annan viu com seus próprios olhos o nível das frustrações e expectativas durante uma sessão de perguntas e respostas no fórum de direitos civis. Em uma rápida sucessão, foi cobrada dele a defesa do documento final da conferência por parte de representantes latinos, povos indígenas, cidadãos caribenhos e dalits (conhecidos como a casta intocável da Índia). Todos estes grupos afirmaram que suas causas não estão sendo enfatizadas o suficiente. "O que é importante é o que faremos depois da conferência. Não a declaração e os papéis adotados", disse Annan. Representantes de mais de 100 países deverão participar da conferência. Cerca de 15 chefes de Estado estarão presentes com suas respectivas delegações. Os Estados Unidos anunciaram ontem que apenas enviarão uma delegação de nível médio em resposta ao que consideram uma linguagem anti-semita da resolução prévia da conferência. Antes do episódio com Annan, ativistas árabes interromperam uma entrevista coletiva da qual participavam grupos de judeus que denunciavam o anti-semitismo em um fórum de direitos civis. Eles estavam descrevendo como estariam sendo ofendidos e discriminados durante os encontros. Antes que eles pudessem finalizar sua apresentação, no entanto, ativistas árabes começaram a gritar, cantar e se colocar em frente aos palestrantes, levando os organizadores a interromper a entrevista. "Este é um exemplo de como estamos sendo tratados durante esta conferência", afirmou o rabino Abraham Cooper, do Centro Simon Wiesenthal. Vários grupos pró-palestinos defendem a inclusão no documento final da conferência de uma cláusula igualando o sionismo - o movimento que apoiou a fundação do Estado judeu - ao racismo, como já chegou a ser aceito pela própria ONU. A comissária para os direitos humanos das Nações Unidas, Mary Robinson, lamentou os desentendimentos iniciais e expressou sua esperança de que as contendas sejam resolvidas. "Esta é uma conferência sobre vítimas de discriminação racial, uma conferência para nos levar à reconciliação", disse ela. O líder dos direitos humanos dos negros dos EUA, reverendo Jesse Jackson, que criticou duramente o governo George W. Bush por não ter enviado uma delegação de alto nível a Durban, afirmou que a questão de Israel não deveria dominar a conferência. "A questão do racismo é muito ampla para ser reduzida a uma controvérsia sobre o Oriente Médio", afirmou.

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