Um incêndio em um prédio residencial em Valência, na Espanha, deixou pelo menos 10 mortos e um número ainda não esclarecido de pessoas desaparecidas. O fogo iniciou no fim de tarde de quinta-feira, 22, e equipes de bombeiros conseguiram entrar no edifício consumido pelas chamas em busca dos desaparecidos somente na manhã desta sexta-feira, 23.
Pouco antes do meio-dia (8h de Brasília) vários bombeiros equipados com trajes de proteção começaram a inspecionar o edifício, completamente carbonizado. “A prioridade agora (...) é a busca pelas vítimas”, disse aos jornalistas o presidente do governo, Pedro Sánchez, que se deslocou ao local do incidente.
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“Podemos confirmar que, em uma primeira inspeção, a polícia científica apurou 10 corpos, 10 vítimas mortais”, informou Pilar Bernabé, delegada do governo na região. “Não podemos descartar” que haja mais mortes, “porque haverá mais inspeções”, acrescentou Bernabé. Mais cedo, o balanço do incidente, um dos mais graves dos últimos anos na Espanha, era de quatro mortos e 14 desaparecidos. Não está claro quantas vítimas ainda podem estar desaparecidas.
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Slava Honcharenko, uma ucraniana de 31 anos, disse conhecer várias famílias dos seus compatriotas que viviam no edifício e que se instalaram em um hotel desde a tarde de quinta-feira. “Estamos muito mal, sabemos o que é perder a nossa casa porque vivemos isso há dois anos na Ucrânia”, declarou.
‘Como se tivessem derramado gasolina’
Depois das violentas chamas que perduraram até a noite, a construção acordou nesta sexta-feira como um enorme esqueleto carbonizado. Quinze pessoas foram atendidas com ferimentos de vários níveis, incluindo sete bombeiros, de acordo com autoridades. Seis delas continuavam hospitalizadas até a tarde desta sexta-feira, mas estão fora de perigo.
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As chamas engoliram o prédio quase por completo de maneira muito rápida, segundo relatos. Foi “horrível”, disse à AFP Vicente Ferrer, um aposentado de 72 anos, afirmando que “as Fallas não ardem tão rapidamente como o edifício queimou”, referindo-se às grandes figuras de papel e poliestireno que tradicionalmente são queimadas em Valência para dar as boas-vindas à primavera.
Queimou “como se tivessem derramado gasolina”, disse Sergio Pérez, um motorista de 49 anos.
Dúvidas sobre material isolante
Vários especialistas questionaram a possível influência de um material isolante instalado na fachada para a rápida propagação das chamas, como aconteceu na tragédia da Torre Grenfell, em Londres, em junho de 2017, na qual morreram 72 pessoas.
Em declarações à TV regional valenciana A Punt, a vice-presidente do Colégio de Engenheiros Técnicos Industriais de Valência, Esther Puchades, atribuiu a voracidade do incêndio a um revestimento de poliuretano na fachada, um material muito inflamável. Outros mencionaram a presença de polietileno, o mesmo material usado na Torre Grenfell.
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Faustino Yanguas, comandante dos bombeiros do município Valência, o “possível material, que deverá ser investigado”, aliado aos fortes ventos que atingiram a cidade na tarde de quinta-feira, foram fatores cruciais para a rápida expansão do incêndio.
As autoridades decretaram três dias de luto oficial, além de anunciarem uma ajuda de vários milhares de euros para que as famílias que perderam tudo na catástrofe possam comprar roupas e alimentos. A prefeitura de Valência informou que colocará à disposição das vítimas 131 apartamentos em um prédio que acaba de adquirir./AFP.