THE NEW YORK TIMES — Um dia antes do plugue de porta explodir durante um voo da Alaska Airlines no dia 5 de janeiro, engenheiros e técnicos da companhia aérea estavam tão preocupados com a quantidade de evidências de existência de um problema que eles queriam que o avião ficasse fora de serviço na manhã seguinte e fosse para uma revisão, revelaram entrevistas e documentos.
Mas a companhia aérea preferiu manter o avião, um Boeing 737 Max 9, em operação no dia 5 de janeiro com algumas restrições, levando passageiros até que completasse três voos que estavam programados para terminar naquela noite em Portland, no Estado de Oregon, local de uma das instalações de manutenção da empresa.
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Antes que o avião pudesse completar aquela sequência de voos programados e fosse para manutenção, o plugue de porta caiu de uma altura de 5 quilômetros, minutos após a decolagem do segundo voo do dia, de Portland para o Aeroporto Internacional de Ontario, na Califórnia.
O avião pousou em segurança, e ninguém ficou seriamente ferido, mas o incidente deu uma nova atenção aos processos de fabricação da Boeing e os procedimentos de segurança seguidos pelas companhias aéreas.
O agendamento de uma revisão de manutenção no avião não havia sido informado anteriormente. Isso demonstra que a companhia aérea preferiu manter a aeronave em serviço enquanto se deslocava para as instalações de manutenção, em vez de voar para Portland sem passageiros.
Sinais de alerta
A Alaska Airlines confirmou a sequência de eventos. Mas a companhia aérea falou que os avisos sobre o avião não atendiam seus patamares para retirá-lo imediatamente de operação. Donald Wright, vice-presidente de manutenção e engenharia da Alaska Airlines, disse que os sinais de alerta — uma luz indicando problemas com o sistema de pressurização — acenderam duas vezes nos 10 dias anteriores, em vez de três vezes, que é o que a empresa considera um gatilho para tomar uma ação mais agressiva.
A Alaska Airlines repetidamente afirmou que não há evidência de que os avisos de luz, que também poderiam ter sido causados por eletrônica ou outros problemas, estavam relacionados à explosão iminente do plugue.
”Na minha visão, como responsável pela segurança, olhando todos os dados, todos indicadores antecedentes, não havia nada que me fizesse tomar uma decisão diferente”, Max Tidwell, vice-presidente de segurança e proteção da Alaska Airlines, disse em uma entrevista.
Os engenheiros da companhia aérea solicitaram que o avião passasse por uma rigorosa revisão de manutenção em 5 de janeiro para determinar por que as luzes de alerta estavam disparando com base no uso de “uma ferramenta preditiva” e não no número de vezes que as luzes de alerta se apagaram, disse a companhia aérea.
Enquanto manteve o avião em serviço, empresa colocou restrições seguindo as recomendações dos engenheiros. Restringiu o avião de rotas de longo trajeto sobre a água, como para o Havaí, ou para áreas continentais remotas, em caso da necessidade de um pouso de emergência.
Plugue deslizou antes do incidente
Várias evidências de um potencial problema com avião foram acumuladas por dias e possivelmente semanas, segundo entrevistas com a companhia aérea e registros da investigação sobre a explosão. Além das luzes piscantes, investigadores dizem que o plugue de porta foi gradualmente deslizando para cima, uma relação potencial crucial na série de evidências acumuladas. A companhia aérea disse que sua inspeção visual nos dias que antecederam a explosão não revelou nenhum movimento na tampa da porta.
Um plugue de portal é um painel que vai até onde uma saída de emergência seria localizada em um avião, com a opção de expandir o número de assentos.
Um relatório preliminar divulgado pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos disse que quatro parafusos que deveriam segurar o plugue de porta no lugar estavam faltando antes de o painel cair do avião. O documento descreveu uma série de eventos que ocorreram na fábrica da Boeing em Renton, Washington, que podem ter levado à entrega do avião sem que os parafusos estivessem no lugar.
“Som de assobio”
Mark Lindquist, um advogado que representa os passageiros do voo de 5 de janeiro, disse que as séries de acidentes envolvendo o avião da Alaska Airlines eram alarmantes, acrescentando que tanto a companhia aérea quanto a Boeing iriam ter dificuldades para explicá-los no tribunal.
”Quando o júri descobrir que eles na verdade foram avisados por engenheiros a aterrissar o avião e, em vez disso, eles o colocaram em uma rota comercial, o júri ficará mais do que perplexo — ficará furioso,” Lindquist disse.
Em seu processo judicial, Lindquist disse que os passageiros de um voo anterior ouviram um “som de assobio” vindo da área do plugue de porta. Os documentos disseram que os passageiros chamaram a atenção dos comissários de bordo para o barulho, que então repassaram aos pilotos. Quando questionada, a Alaska Airlines disse que não conseguia encontrar qualquer registro de um som de assobio vindo do avião.
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Quase uma semana antes da explosão, o 737 foi retirado de serviço em 31 de dezembro por conta de um problema na porta de entrada e saída do passageiro dianteiro. Os registros mostram que o avião retomou ao serviço no dia 2 de janeiro. Entretanto, no dia 3, uma luz de aviso da pressurização foi acendida em pelo menos um dos voos da aeronave.
Oficiais da Alaska Airlines disseram que o avião foi inspecionado por engenheiros e que a empresa determinou que era seguro continuar voando. No dia seguinte, a mesma luz foi acionada. Um porta-voz da companhia aérea disse que isso foi quando os engenheiros e técnicos agendaram a inspeção mais detalhada do avião na noite de 5 de janeiro em Portland. Mas a companhia aérea optou por manter o avião voando com passageiros enquanto atravessava o país naquele dia.
As revelações sobre os sinais de aviso de um potencial problema alimentaram as questões sobre se as inspeções de rotina deveriam ter sido capazes de reunir as indicações de um problema e evitado o acidente.
Jennifer Homendy, presidente do Conselho Nacional de Segurança, disse à imprensa na semana passada que nos 154 voos que o avião fez desde que foi colocado em serviço no segundo semestre do ano passado, pequenos movimentos para cima do tampão da porta deixaram marcas visíveis e possivelmente criaram uma lacuna entre o painel e a fuselagem.
Funcionários da Alaska Airlines disseram que não notaram nenhuma lacuna incomum entre o plugue de porta e a fuselagem do avião durante as inspeções nos dias anteriores ao incidente. Evidências adicionais incluem as luzes do sistema de pressurização nos voos anteriores e os relatos não confirmados de um barulho de assobio.