WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira, 26, a assinatura de um acordo com a Guatemala sobre pedidos de asilo para resolver a crise migratória no país centro-americano.
"Estados Unidos e Guatemala chegaram a um acordo sobre asilo. O pacto acaba de ser assinado no Salão Oval (da Casa Branca)", anunciou o governo americano em breve mensagem no Twitter.
Sem que estivesse previsto em agenda, Trump pediu a jornalistas que cobrem a Casa Branca para que entrassem no Salão Oval para que presenciassem a assinatura do acordo com a Guatemala. Estavam presentes também o ministro de Interior do país centro-americano, Enrique Degenhart, e o secretário interino de Segurança Nacional dos EUA, Kevin McAleenan.
"Tratamos a respeito durante muitos anos com a Guatemala e outros países. Agora estamos em um ponto no qual nos entendemos bem e eles fazem o que lhes pedimos que façam. Acredito que será ótimo para a Guatemala, eles também não querem esses problemas", declarou Trump no ato.
Trump afirmou ainda que "o México também está trabalhando de uma forma muito agradável" com os EUA e que, por isso, nos últimos dois meses diminuiu, na fronteira, o número de detenções de migrantes que tentam chegar ao país irregularmente.
Por sua vez, Degenhart disse que a Guatemala "entende claramente a responsabilidade que possui". "É preciso fazer mudanças, e a forma de fazê-las é trabalhando com nosso melhor aliado. Isso é o que estamos mostrando hoje aqui, estamos definitivamente comprometidos em melhorar o que temos", declarou.
A Casa Branca ainda não tornou público o conteúdo do acordo, mas a secretária de imprensa, Stephanie Grisham, afirmou no Twitter que ele visa transformar a Guatemala em um "terceiro país seguro" para os migrantes que buscam asilo.
O conceito de "terceiro país seguro" é um termo de cooperação internacional entre Estados e, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), ajuda a reassentar os refugiados em um país que aceitou admiti-los e lhes outorgar residência permanente.
No dia 14 de julho, a Corte Constitucional da Guatemala concedeu uma medida provisória para que o país centro-americano não passasse a ter esse status, pelo qual teria que receber os migrantes que atravessassem seu território.
A decisão saiu no mesmo dia em que o governo guatemalteco anunciou a remarcação de uma reunião que o presidente do país, Jimmy Morales, teria no dia seguinte com Trump na Casa Branca. Após as ameaças do presidente americano de aplicar sanções econômicas à Guatemala, Morales apresentou um recurso à Corte para reverter a medida provisória.
Futuro incerto
Os dois candidatos que decidirão no dia 11 de agosto quem será o sucessor de Jimmy Morales rejeitaram o acordo com os Estados Unidos.
A social democrata Sandra Torres e o conservador Alejandro Giammattei criticaram a decisão de Morales, que ignorou uma resolução da suprema corte sobre a ilegalidade do acordo.
"Devo me pronunciar contra o documento firmado sem a devida divulgação do conteúdo à população de #Guatemala", tuitou Giammattei, que qualificou a decisão de "irresponsabilidade por parte do presidente Jimmy Morales".
Torres declarou que o presidente "segue mentindo, enganou o presidente (da Argentina, Mauricio) Macri e agora enganou Trump", em referência a fracassada compra de dois aviões de uma empresa estatal argentina em 3 de julho.
"Estamos perdendo o país nas mãos de um presidente irresponsável", concluiu Torres. / EFE e AFP