Um funcionário do mercado judaico onde quatro reféns e um terrorista foram mortos foi saudado ontem como herói que evitou uma tragédia ainda maior. Lassana Bathily, um imigrante malinês muçulmano de 24 anos, trabalhava no Hyper Cacher quando o extremista Amedy Coulibaly, ligado aos irmãos que cometeram o massacre na sede do jornal Charlie Hedbo, invadiu o local para o sequestro.
Bathily pensou rapidamente quando o terrorista anunciou a ação. Em pânico, 15 clientes corriam para o porão do estabelecimento quanto o funcionário teve uma ideia. “Quando eles desceram, eu abri a porta [para o frigorífico]”, afirmou Bathily à emissora francesa BFMTV.
Ele desligou as luzes e, enquanto fechava a porta para proteger os clientes, disse: “Fiquem calmos aqui. Eu vou sair”.
Uma testemunha, que se identificou apenas como Mickael, contou à revista francesa Le Point que fora ao mercado com seu filho de três anos para comprar pão e frango para o Shabbat quando ouviu uma explosão alta.
“Eu achei que fossem fogos de artifício”, disse. “Mas, quando virei a cabeça, vi um homem negro armado com dois (fuzis) AK-47”. Eles se esconderam na sala de estoque no porão. “Cinco minutos depois, um funcionário do mercado enviado pelo criminoso nos mandou subir, ou haveria um banho de sangue, segundo o terrorista”.
No andar de cima, encontraram um homem morto em uma poça de sangue e um Coulibaly calmo, que se apresentou como um muçulmano que pertencia ao EI e defendia o ataque invocando a Palestina e seus “irmãos na Síria”.
Após quatro horas de cerco, a polícia invadiu o mercado, matando Coulibaly. Ao serem libertados do frigorífico, os reféns tinham agradecimentos para Bathily. “Eles me parabenizaram”, afirmou. / NYT
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