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Israel chama seu embaixador na ONU para consultas após relatório sobre violência sexual do Hamas

Ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, alegou que o secretário-geral da ONU, António Guterres, toma poucas medidas após a organização confirmar que encontrou sinais de que terroristas do Hamas cometeram atos de violência sexual contra israelenses no dia 7 de outubro

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Por Redação

Em mais um sinal de tensões crescentes com a ONU, Israel chamou seu embaixador para consultas nesta terça-feira, 5, alegando que o secretário-geral da ONU, António Guterres, não estava tomando as medidas necessárias após a organização confirmar que encontrou sinais que terroristas do Hamas cometeram atos de violência sexual contra israelenses no dia 7 de outubro.

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O relatório da ONU divulgado na segunda-feira, 4, que foi amplamente bem recebido em Israel, encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que a violência sexual ocorreu em pelo menos três locais, e “informações claras e convincentes” de que os reféns foram submetidos a violência sexual, incluindo estupro. Segundo o documento, os abusos sexuais contra reféns israelenses ainda podem estar acontecendo. O relatório da ONU afirmou que os seus especialistas não conseguiram determinar quem foi o responsável pelas agressões sexuais.

Em uma publicação nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, criticou Guterres por não convocar imediatamente o Conselho de Segurança para discutir o relatório e declarar o Hamas uma organização terrorista. Contudo, o secretário-geral não tem essa autoridade. Apenas os membros do Conselho de Segurança podem convocar uma reunião.

Gilad Erdan, embaixador de Israel na ONU, foi convocado para consultas pelo ministro das Relações Exteriores, Israel Katz  Foto: Seth Wenig/AP

Katz disse que chamou de volta o embaixador da ONU, Gilad Erdan, para consulta em protesto contra o que ele disse ser uma tentativa de Guterres de “esquecer o relatório e evitar tomar as decisões necessárias”.

O porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, rejeitou a alegação, afirmando que o trabalho no relatório foi feito “completa e rapidamente” e que “de forma alguma o secretário-geral fez algo para ‘atrasar’ o relatório”.

Elogios ao relatório

Apesar dos conflitos entre os líderes israelenses e a ONU, o relatório foi bem recebido por muitos em Israel. O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que o relatório era “de imensa importância” e elogiou-o pela sua “claridade moral e integridade”.

O Fórum da Família de Reféns afirmou em um comunicado que o relatório tornava “claramente óbvio que as reféns mulheres estão passando por um inferno a cada momento, a cada minuto”, e alertou que o povo de Israel não perdoará o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o seu gabinete se eles não trouxerem os reféns para Israel.

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Israelenses protestam pelo fim da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na frente de uma base militar em Tel-Aviv, Israel  Foto: Jack Guez/AFP

Ruth Halperin Kaddari, jurista e ativista dos direitos das mulheres, disse na terça-feira que ficou confusa com a decisão de chamar o embaixador israelense na ONU para consultas. “O relatório da ONU serve como confirmação no mais alto nível do fato de que a violência sexual e as atrocidades de género fizeram parte do ataque terrorista do Hamas no dia 7 de outubro”, afirmou Kaddari.

Mas as tensões têm aumentado entre Israel e a ONU. Guterres tem criticado abertamente a campanha militar de Israel em Gaza e tem pressionado por um cessar-fogo imediato, bem como pela libertação dos reféns feitos durante os ataques de 7 de Outubro. A guerra começou no dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1.200 pessoas no pior ataque terrorista da história de Israel e o pior contra judeus desde o Holocausto.

Israel acusou cerca de 30 funcionários da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, de envolvimento nesses ataques, e o chefe da agência disse na terça-feira que Israel estava tentando minar suas operações.

Investigação

O relatório que a ONU divulgou sobre evidencias relacionadas a pratica de violência sexual pelo grupo terrorista Hamas se baseou em informações recolhidas em Israel e na Cisjordânia por uma equipe de especialistas liderada por Pramila Patten, representante especial do secretário-geral para a violência sexual em conflitos.

O documento da ONU detalhou desafios significativos para determinar o que aconteceu no dia do ataque. Segundo o relatório, era quase impossível rever o tipo de provas forenses frequentemente utilizadas para estabelecer a agressão sexual, e os israelenses não tinham tanto interesse em colaborar com a ONU.

Ativistas isralenses já expressaram frustração anteriormente com o que consideraram ser a resposta lenta da ONU aos relatos de agressão sexual durante o ataque de 7 de Outubro.

O grupo terrorista Hamas rejeitou o relatório em uma publicação no Telegram. /Com NYT

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