WASHINGTON - Um relatório da médica legista que examinou o corpo de Otto Warmbier - o estudante americano que morreu em junho em Ohio, nos EUA, após mais de um ano preso na Coreia do Norte - não esclareceu o que levou à morte dele por falta de oxigênio e sangue no cérebro.
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"Não sabemos o que aconteceu com ele ele e essa é a conclusão", disse na quarta-feira 27, em entrevista coletiva, a doutora Lakshmi Sammarco, médica forense do condado de Hamilton, em Ohio.
Essa versão contradiz o relato dos pais de Warmbier, que em entrevista no dia anterior à emissora Fox News afirmaram que seu filho foi "torturado", hipótese também defendida pelo presidente americano, Donald Trump, e negada pelos norte-coreanos. Nesta quinta-feira, 28, a Coreia do Norte voltou a defender que Warmbier não sofreu nenhuma tortura durante sua detenção.
Pyongyang ainda chamou Trump de "velho lunático" por suas afirmações sobre o caso. "Trump e sua panelinha, com sua propaganda anti-RPDC (República Popular Democrática da Coreia), estão explorando de novo a morte de Otto Warmbier", disse o Ministério norte-coreano das Relações Exteriores em um comunicado publicado pela agência oficial de notícias KCNA.
"O fato de o velho lunático do Trump e sua gentalha caluniarem a dignidade da nossa liderança suprema, usando dados fraudulentos, cheios de falsidades e invenções, apenas serve para redobrar a maré de ódio do nosso Exército e do povo contra os EUA e seu desejo de adotar represálias multiplicadas por 100", acrescenta o comunicado.
Complicações
O relatório forense, com data do dia 11 de setembro, aponta que Warmbier morreu em razão de complicações decorrentes da falta de sangue e oxigênio no cérebro. Estas conclusões têm como base um exame externo do corpo, já que os pais do estudante não quiseram realizar a autópsia completa.
Warmbier, de 22 anos, foi preso na Coreia do Norte em janeiro de 2016, quando visitava o país como turista, e condenado a 15 anos de trabalhos forçados por tentar roubar um cartaz de propaganda política do hotel em que estava hospedado, em Pyongyang.
O jovem estava em coma há mais de um ano, quando foi libertado em junho, e morreu uma semana depois, já nos EUA. Pyongyang afirma que Warmbier sofreu um surto de botulismo e recebeu um comprimido para dormir, porém não acordou mais.
Durante a entrevista à Fox News, os pais de Warmbier relataram pela primeira vez como viram seu filho após ele ser libertado. Segundo a versão da família, ele fazia "um som involuntário desumano", tinha espasmos, olhar cravado no espaço, estava surdo e cego, e "parecia que alguém havia reorganizado seus dentes inferiores com alicate".
A médica, no entanto, afirmou que Warmbier aparentemente estava "bem nutrido" e com dentes em bom estado.
Trump disse em sua conta no Twitter na terça-feira que "Otto foi torturado de maneira incrível pela Coreia do Norte".
O episódio de Warmbier agravou ainda mais as tensões entre Washington e Pyongyang em razão dos seguidos lançamentos de mísseis e testes nucleares da Coreia do Norte, assim como a troca de ameaças entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. / EFE, Reuters e AFP