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Imprime-se tudo

Comida, objetos e até prédios. No futuro, até órgãos humanos podem vir de impressoras 3D

Por Rafael Cabral
Atualização:

Máquinas que criam outras máquinas e praticamente qualquer outra coisa. É assim que o norte-americano Bre Pettis, fundador da MakerBot Industries, descreve os equipamentos que produz. Sua principal invenção é a impressora 3D Makerbot, de código aberto, que é feita de cerca de 150 peças que podem ser impressas e reimpressas no próprio dispositivo. Basicamente, se você tem uma, pode ter outras apenas juntando alguns pedaços.

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Essas máquinas de produção rápida funcionam como as impressoras convencionais, de tinta, só que em três dimensões. Não imprimem páginas, mas objetos inteiros, usando plástico ou outros materiais. Com movimentos sequenciais, elas vão depositando a matéria-prima em camadas que, ao final, podem virar o que a imaginação do dono mandar. Para Pettis, é como ter a “sua própria fábrica, em casa, em cima da mesa de trabalho”.

Uma das tecnologias mais promissoras da atualidade, a impressão 3D ainda é reservada a laboratórios de pesquisa e esforçados autodidatas, mas já está sendo usada em uma grande variedade de campos.

Na Cornucopia, criada pelo brasileiro Marcelo Coelho no MIT, o objetivo é imprimir comida, por mais estranho que isso possa parecer. “O legal da impressão 3D é que você pode fazer as coisas com muita precisão. Você aperta um botão e cria um bolo em que cada camada de recheio tem exatamente um milímetro, todas com gostos diferentes. Você faz experiências gastronômicas”, diz ele.

(Fotos: divulgação)

A Cornucopia é capaz de moldar alimentos em três dimensões (como a lasanha, na foto). “A ideia não é criar o fast food do futuro, mas usar a tecnologia digital para montar pratos inovadores”, diz o inventor, em entrevista ao Link.

Já da D-Shape, desenvolvida pelo italiano Enrico Dini, sairão prédios inteiros. Ao menos é o que diz o engenheiro, que já trabalha com arquitetos para colocar a megaimpressora em ação.

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Para o escritor Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, que prepara um livro sobre o assunto, a maior esperança fica com as impressoras 3D domésticas, que podem democratizar a manufatura. Ele acredita que a união de conceitos como código aberto, conteúdo gerado pelo usuário, estrutura ligada pela internet e máquinas de produção rápida iniciarão uma “nova revolução industrial”. Com as ferramentas de produção descentralizadas, microempresas poderiam desenhar, fabricar e distribuir os seus próprios produtos, sem a interferência de grandes corporações.

O grande problema ainda é a disseminação dessa tecnologia. “A situação das impressoras 3D hoje é bem parecida com a computação no meio dos anos 80, antes da popularização do computador pessoal. Ainda é um hobby, mas incrivelmente promissor. Falta uma aplicação matadora que faça que as pessoas queiram tê-las”, diz ele, em entrevista ao Link.

Já para Adrian Bowyer, professor da University de Bath, na Inglaterra, é apenas questão de tempo para que essas ferramentas se popularizem. Criador da RepRap, impressora pioneira na área acadêmica, ele acredita que essas máquinas em breve estarão nas nossas casas, ou nas lojas próximas a elas, criando toda espécie de objeto com rapidez. “Não há empecilho algum para isso. Elas funcionam e os geeks já gostam dela. E o que os geeks gostam hoje, todos gostam amanhã”, brinca.

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Replicante

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