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Dr.Consulta lança planos de saúde após comprar participação na cuidar.me

Acordo, que não teve valor divulgado, resulta na participação de 27,5% na cuidar.me e oferece opção de compra total no futuro

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Foto do author Bruna Arimathea

O mercado de healthtechs acaba de ganhar uma nova provedora de planos de saúde. O nome, porém, já é conhecido “na praça”. O Dr.Consulta, startup de saúde especializada em atendimento ambulatorial, anuncia nesta quinta-feira, 16, que vai oferecer planos de saúde para os seus clientes em uma parceria com a cuidar.me. O serviço nasce após o Dr.Consulta comprar uma participação na startup e deve estrear no mercado preços a partir de R$ 170. 

O negócio, fechado nesta nesta semana, foi um flerte rápido entre a cuidar.me, que oferece planos de saúde focados no uso hospitalar, e o Dr.Consulta. De acordo com Marcus Vinícius Gimenes, fundador e presidente da cuidar.me, a aproximação das startups aconteceu pela necessidade de levantar uma rodada de aporte. As partes já eram parceiras em um produto de fidelidade chamado 'Yalo', e a movimentação para incluir os serviços hospitalares dentro do guarda-chuva do Dr.Consulta aconteceu há cerca de um mês. 

Renato Velloso (esq.), Marcus Gimenes (centro) e Thomaz Srougi (dir.) podem ser sócios em breve em uma possívelfusão das empresas Foto: Divulgação/Dr.Consulta

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“É uma parceria inteligente. Nessa associação, estamos criando um plano semi-verticalizado. Estamos verticalizados na parte estratégica, onde a gente tem as informações do paciente nas nossas clínicas. E temos também o outro lado, onde a gente pode utilizar a estrutura de parceria de hospitais, em uma integração de sistemas com a cuidar.me.”, explica Renato Velloso, presidente do Dr.Consulta, em entrevista ao Estadão.

Lançada em junho de 2021, a cuidar.me se especializou em um mercado com demanda menor no setor de saúde: a cobertura hospitalar. Dentro do que a empresa oferece, os planos cobrem internações, cirurgias e serviços de pronto-socorro — cuidados ambulatoriais e consultas preventivas não estão no portfólio. Para Gimenes, essa era uma das opções mais rentáveis para resolver parte de um problema que sobrecarrega o sistema de saúde pública, por exemplo.

A startup entrou na mira do Dr.Consulta principalmente para complementar seus serviços médicos — que não ofereciam cobertura emergencial. De acordo com Velloso, a participação na empresa é a ponta que precisava ser amarrada pelo serviço. 

Nos planos de saúde, as duas empresas miram em valores competitivos. O serviço de entrada, na faixa etária de 0 a 18 anos, pode custar a partir de R$ 170 por mês, com variações de acordo com serviços hospitalares complementares. O preço médio de um plano para uma pessoa na casa dos 30 anos, por exemplo, fica em torno de R$ 315, com acesso a 20 hospitais credenciados na Grande São Paulo. 

‘Semi fusão’

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Agora, o Dr.Consulta assume 27,5% da participação da cuidar.me — operação que não teve valor revelado — e deve se tornar ainda mais presente na mesa de acionistas. Ao longo dos próximos meses, a startup candidata a ‘unicórnio’ (startups com avaliação de US$ 1 bilhão) ainda tem a possibilidade de comprar o restante da participação da cuidar.me e assumir o controle completo da empresa, caso o negócio seja aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

“A cuidar.me está em um setor super regulado e a gente precisa fazer os movimentos de acordo com o órgão regulador. A gente tem no acordo uma previsão de, em até 18 meses, comprarmos o controle da cuidar.me. Esse movimento vai trazer os fundadores da startup para dentro da estrutura de acionistas do Dr.Consulta e nos tornarmos uma empresa única”, explica Velloso.

Ainda assim, Gimenes afirma que a cuidar.me vai continuar oferecendo seus serviços de forma paralela à operação com o Dr.Consulta. A intenção é manter a diversificação de produtos e clientes para continuar crescendo em um mercado que arrecadou cerca de 423% a mais em investimentos do que no ano passado, segundo a empresa de inovação Sling Hub — foram US$ 8,3 milhões em 2021. 

“O Dr.Consulta é uma marca forte. Nós entendemos que dava para fazer uma cobertura de alta complexidade. A gente achava que era difícil integrar uma rede de consultas ambulatoriais, gerir esse número de eventos é complexo. Quando a gente começou a pensar no plano hospitalar, a gente conseguiu pensar em formas viáveis de se fazer e deu certo”, explica Gimenes.

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Disputa intensa

Do lado do Dr.Consulta, ter a marca sob seu controle é uma medida que a coloca na concorrência com outras provedoras de planos de saúde. Nos últimos meses, o segmento tem ganhado destaque com aportes milionários em healthtechs que trabalham com a diversificação do serviço de saúde. 

A Sami, por exemplo, levantou uma extensão de seu aporte do tipo Série A no valor de R$ 111 milhões na última semana. A Alice, outra healthtech focada em planos de saúde, comprou a Cuidas, que oferece consultas com médicos da família e enfermeiros para funcionários de empresas — e é uma das brasileiras mais cotadas para se tornar ‘unicórnio’ no ano que vem. 

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Tudo isso passa pelo olhar do Dr.Consulta que faz planos para, depois de se consolidar no atendimento ambulatorial, colocar também os pés no setor de serviços emergenciais. A nova fase, inclusive, pode passar por uma mudança radical na empresa, com possíveis mudanças de nome e de marca da startup. 

Diante do novo negócio, o plano das duas empresas para 2022 é consolidar o produto. Por enquanto, os serviços devem ficar restritos à região da grande São Paulo, onde a cuidar.me atende. A fatia a ser conquistada em São Paulo, porém, é um fator que coloca a expectativa em alta quando o assunto é recuperar o tempo nos negócios de plano de saúde — e estar saudável para alcançar as concorrentes. 

“Temos planos para o futuro de replicar fora de São Paulo aquilo que a gente conseguiu construir na região metropolitana. Foi talvez uma das mais difíceis de chegar, porque a competição é grande, mas a gente conseguiu passar por esses anos, mas São Paulo é um mar de oportunidades. Obviamente a expansão está mais próxima, agora com a cuidar.me, mas não temos data”, afirma Velloso. 

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