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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Ainda não é possível saber se a inteligência artificial é ameaça ou aliada

Intelectuais do ramo da tecnologia têm diferentes perspectivas sobre o futuro da Humanidade

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Foto do author Pedro Doria

Enquanto segue nos debates o medo de que o desenvolvimento da inteligência artificial leve à extinção da humanidade, não custa parar e ouvir os especialistas. Alguns deles acreditam, sim, que a tecnologia pode ser uma ameaça. Mas não todos. Na verdade, quem é do ramo se distribui, hoje, por três escolas distintas que separam a maneira como compreendem o desenvolvimento da IA. Duas dessas linhas apostam que estamos nos aproximando de uma inteligência superior à humana. Dentre os três grupos, apenas um deles teme que estejamos em risco.

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Essa questão, a de chegarmos a uma inteligência artificial porém equivalente ou superior à humana, é o ponto fundamental do raciocínio. Os Large Language Models (LLM), cuja tradução significa modelos grandes de linguagem (como o ChatGPT), são grandes calculadoras probabilísticas. Esses sistemas são alimentados, treinados, com muitos bilhões de textos diferentes. Eles dissecam matematicamente cada um desses arquivos, fazem análise de contexto, compreendem como se constroem, e a partir daí se tornam capazes de produzir novos textos.

A questão é: essa lógica probabilística, se lhe dermos tempo o suficiente para se desenvolver, será capaz de raciocinar com originalidade? Com criatividade?

A IA estará sempre a nosso serviço, não o contrário

Os três padrinhos da inteligência artificial, os homens que fizeram funcionar as redes neurais que servem de base à tecnologia, defendem que sim. O inglês Geoffrey Hinton defende que cruzamos a linha da inteligência humana em algo entre 5 e 20 anos. O francês Yoshua Bengio concorda. Ambos são signatários do manifesto publicado do início do ano que alerta para o risco à humanidade. Quem não assinou o documento foi o terceiro mosqueteiro — o também francês Yann LeCun, vice-presidente de IA da Meta e professor da Universidade de Nova York.

Não é que LeCun discorde de que estejamos próximos de bater nossa capacidade de inteligência. Mas ele, como muitos no ramo, defende que isto não quer dizer uma ameaça. Como toda tecnologia que a humanidade já desenvolveu, a cada passo do desenvolvimento aprenderemos, também, como controla-la. IA estará sempre a nosso serviço, não o contrário.

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Quem corre por fora é Gary Marcus, também na lista acadêmica de um dos maiores especialistas em IA e também psicólogo cognitivo. Para ele, para seu orientador em Harvard, Steven Pinker, para o linguista Noam Chomsky, não há qualquer apocalipse iminente.

Quem é do ramo deles, que buscam compreender as relações do cérebro com linguagem, máquinas probabilísticas podem impressionar mas elas imitam, elas simulam, elas parecem, porém não pensam e jamais pensarão. Quanto mais no nível dos seres humanos.

Opinião por Pedro Doria
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