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Bush dá seu apoio a McCain mantendo 'distância segura'

Entorno de McCain respirou aliviado com participação remota do impopular Bush.

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Por Jamie Coomarasamy

Ele foi uma presença diminuída e aumentada ao mesmo tempo. Embora o furacão Gustav tenha cortado seu tempo pela metade, o rosto largo e sorridente do presidente George W. Bush dominou a sala quando foi transmitido em um telão no centro de convenções de Saint Paul. Ele apareceu sozinho na Casa Branca, detrás do púlpito presidencial, para assegurar que o homem que venceu na indicação republicana há oito anos deve ser seu sucessor. Ninguém na campanha de McCain admitirá publicamente, mas muitos aqui respiraram aliviados que o último discurso de um presidente impopular tenha sido conduzido remotamente. Eles terão escutado a batida dos tambores vinda da convenção democrata da semana passada, em Denver, sugerindo que um voto para John McCain seria o voto por um terceiro mandato de Bush. E sabem que, ainda que a cotação do presidente permaneça alta entre os fiéis do partido, a chave para uma vitória de McCain será um bem-sucedido descolamento das imagens dos dois homens. Serviço militar Certamente não foi coincidência que o discurso de Bush tenha terminado justo quando as emissoras de TV começavam a transmitir a convenção ao vivo. Ele endossou breve e firmemente John McCain, elogiando sua coragem e independência de opinião - uma clara tentativa de colocar uma distância entre os dois, sem ser explícito. Em um tema, entretanto, eles caminharam em sincronia. O presidente Bush qualificou o apoio do senador do Arizona ao aumento das tropas americanas no Iraque de clara evidência de que ele sabe como enfrentar os desafios do país, e de que está pronto para liderar. Mas foi uma aparição final estranha, e até apartada, para um presidente de dois mandatos, em uma convenção republicana. Um dos temas centrais da noite - o longo histórico de John McCain no serviço militar - o distancia de George W. Bush, cujo histórico militar esteve imerso em polêmica. Talvez enfatizando ainda mais este aspecto, o ex-presidente Bush, pai do atual líder e piloto na 2ª Guerra, esteve presente no evento. Foi recebido com urros de aprovação pela multidão quando, junto com sua mulher, Bárbara, tomou seu lugar. Bicho-papão Entretanto, no que foi - em muitos aspectos - o fato mais estranho da noite, mais estranho até do que o longínquo presidente, algumas das mais animadas aclamações foram reservadas para o senador de Connecticut que era vice na chapa presidencial democrata quando George W. Bush foi eleito pela primeira vez para a Casa Branca. O senador Joe Lieberman, amigo de John McCain e, de acordo com gente de seu entorno, a pessoa que o atual candidato preferiria para colega de chapa, há muito tempo deixou as fileiras do partido democrata por conta de divergências em relação à política para o Iraque. Ele, que agora ocupa no Congresso uma cadeira como independente, foi o principal orador da noite. Partindo do bordão "Primeiro o país", ele disse que havia posto seu país antes do partido no principal tema do dia - e pediu a democratas que fizessem o mesmo. Em outro evento ainda mais estranho, houve até aplausos quando ele mencionou o tradicional 'bicho-papão' republicano, o ex-presidente Bill Clinton. Parecia um eco das loas que Barack Obama recebeu na última quinta-feira, ao mencionar a tradicional plataforma republicana de reduzir os impostos. Lieberman criticou a falta de experiência de Barack Obama, comparando-o negativamente com Bill Clinton na época em que concorreu à Casa Branca. Os delegados certamente pareciam contentes com os eventos da noite, acreditando que o discurso de Lieberman deu peso e pungência política à mensagem central do evento. Seu verdadeiro entusiasmo, porém, está claramente reservado para Sarah Palin, candidata a vice-presidente, que se tornou o foco desta convenção, e que fará seu discurso mais tarde, ainda nesta quarta-feira. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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