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ESTREIA-SP pode ver cópia restaurada de 'Contos de Canterbury'

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Por Redação
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Em 1972, o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini roteirizou e dirigiu "Os Contos de Canterbury", sua versão das famosas histórias medievais do século XIV, de autoria do inglês Geoffrey Chaucer. Ganhador do Leão de Ouro no Festival de Berlim daquele ano, o filme é a segunda parte na série que o cineasta chamou de "Trilogia da Vida", também composta por "Decameron" (1970) e "As Mil e uma Noites" (1973). Trinta e sete anos depois de seu lançamento original, "Os Contos de Canterbury" reestreia em cópia restaurada exclusivamente no Cinesesc, em São Paulo. Se nos anos de 1960, Pasolini (1922-1975) ficou bastante conhecido por seus filmes dados por difíceis, provocativos e políticos, como "Teorema" (1968) e "Pocilga" (1969), a "Trilogia da Vida" é mais acessível e vibrante, mas, nem por isso, menos importante no conjunto da obra do diretor. Aqui, num primeiro momento, como mostra o letreiro final, o filme existe apenas pelo simples prazer de contar uma história. Porém, alguns anos mais tarde, o diretor disse numa entrevista a um revista italiana que a trilogia é a sua obra mais ideológica, pois celebra a vida de forma física e carnal, mostrando os desejos humanos mais primitivos e a alegria de transgredir limites impostos pela religião e a sociedade. "Os Contos de Canterbury" adaptam oito dos 24 textos originais, sendo reinterpretados por Pasolini ao seu modo. Um dos segmentos, por exemplo, de poucas páginas em Chaucer transforma-se numa homenagem a Charles Chaplin e à comédia muda americana. Já as frequentes cenas de nudez frontal e sexo -- comuns também nos outros filmes da trilogia -- refletem a idéia da celebração da vida proposta pelo diretor. Se Chaucer é a base para o roteiro, os pintores holandeses do século 16, como Pieter Brueghel e Hieronymus Bosch, foram uma clara inspiração quando Pasolini criou as figuras dos personagens e o visual do filme -- especialmente na representação do inferno. Curiosamente, depois de encerrar a "Trilogia da Vida", Pasolini fez seu último filme, "Saló ou Os Cento e Vinte Dias de Sodoma" (1975), que, ao contrário daquele trabalho anterior, vai na contramão da celebração da vida, retratando a destruição do corpo humano de várias formas reais e metafóricas. Logo depois deste filme, o diretor foi assassinado em Óstia, perto de Roma. (Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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