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Opinião|Câncer de mama tem cura – juntos somos mais fortes!

Pela primeira vez, sete grandes sociedades médicas se unem em uma campanha conjunta do Outubro Rosa

Por Vários autores*

O câncer de mama é um mal cada vez mais curável. Mas, para que isso ocorra, o diagnóstico precoce é imprescindível. Se hoje conseguimos cirurgias menos agressivas, com resultados oncológicos e estéticos melhores, muito devemos à mamografia. O exame é capaz de reduzir a mortalidade pelo câncer de mama em torno de 20%-30%, quando realizado acima dos 50 anos, e 15%-20%, se for a partir dos 40. Além disso, nos tumores iniciais, os tratamentos sistêmicos e de alto custo como a quimioterapia e a imunoterapia muitas vezes não são necessários. No Brasil, contudo, temos mais de 73 mil novos casos diagnosticados a cada ano e, infelizmente, mais da metade deles em fase avançada. É por isso que, neste ano, a campanha do Outubro Rosa tem algo inédito no Brasil.

Pela primeira vez, sete grandes sociedades médicas – a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) e a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) – se unem em uma campanha conjunta. Todos os seus representantes assinam este artigo. A campanha “Câncer de mama tem cura – juntos somos mais fortes!” tem como objetivo mudar a realidade do câncer de mama no Brasil. Alguns pontos fundamentais surgiram dessa união. Não são apenas a falta de estrutura e a questão financeira são os nossos maiores inimigos. Temos cinco grandes desafios a serem enfrentados nos próximos anos e que são os principais responsáveis pela alta mortalidade e pelo comprometimento da qualidade de vida das nossas pacientes.

O primeiro é ampliação do acesso ao rastreamento mamográfico. Tanto melhorando o programa de rastreamento oportunístico, que existe atualmente no País, mas atinge no máximo 30% das mulheres, quanto ampliando a faixa etária para a sua realização. No Brasil, devido à nossa pirâmide etária, o número de mulheres com câncer de mama entre 40 e 49 anos é alto, cerca de um terço delas. Por isso, a inclusão desse grupo é tão importante para reduzirmos a mortalidade da doença, que já tem sido observada em muitos países com programas de rastreamento organizado, mas que ainda não foi documentada no nosso país. Nossa proposta é ir além da prevenção secundária pelo rastreamento (detecção dos tumores precoces para reduzir o risco de morte pelo tumor). Queremos enfatizar também a importância da prevenção primária, ou seja, os hábitos e o estilo de vida saudáveis. Praticar exercício físico, ter uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de álcool e de cigarro são ações que reduzem a chance de ter câncer de mama, assim como reduzem o risco de desenvolvimento de muitos outros tumores. Estamos indo, portanto, além da mamografia. Ambos se somam.

O segundo está na distribuição e na qualidade da mamografia. O Brasil tem mamógrafos suficientes para realizar rastreamento mamográfico em todas as mulheres acima de 40 anos. Contudo, os equipamentos estão mal distribuídos e alguns com qualidade inferior à recomendada. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde, menos de 10% dos mamógrafos no Brasil participam do Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM), obrigatório a partir da publicação da portaria em 2012, atualizada em 2017 (GM/MS n.º 5 de 2017). Também existe uma subutilização dos mamógrafos, o que impede um maior número de mulheres de realizarem seus exames, mesmo sendo esse direito previsto em lei.

O terceiro está nos tempos empregados. Tempo para realizar a biópsia, tempo para receber resultado e o tempo para o início do tratamento. Muitas mulheres com diagnóstico suspeito na mamografia levam semanas ou meses até conseguir uma biópsia no Sistema Único de Saúde (SUS). Uma vez biopsiado, o resultado demora também semanas para ficar pronto. E, uma vez que o câncer é diagnosticado, existem outros exames que precisam ser feitos para que se possa individualizar o tratamento a partir de uma noção precisa da biologia e do estadiamento tumoral. Ou seja, é preciso conhecer seu comportamento e o quanto ele já cresceu ou se disseminou. São informações fundamentais para que se possa colocar a paciente dentro de protocolos com o máximo da eficácia e o mínimo de efeitos colaterais.

A qualidade de vida é o quarto desafio e não pode ser dissociada do tratamento oncológico. Muitas das pacientes no SUS não têm acesso à reconstrução mamária, mesmo com a previsão da lei. As causas são muitas e diferem de região para região. A mutilação desnecessária acompanha a grande parte das pacientes que precisa se submeter à mastectomia. Mesmo nas cirurgias conservadoras, em que é necessário, em alguns casos, associar técnicas oncoplásticas, muitas pacientes acabam fazendo apenas o procedimento tradicional, deixando sequelas.

O último, mas não menos importante, é a desinformação. Poucas doenças têm tantas informações incorretas nas redes sociais quanto o câncer de mama. O prejuízo às pacientes que não fazem a mamografia ou deixam de fazer tratamentos necessários e que salvam vidas quando o câncer já foi diagnosticado é difícil de ser medido. É importante que nós, enquanto profissionais de saúde, levemos informações corretas, seguras e em linguagem adequada para as mulheres. Para isso, estamos criando com as sete sociedades envolvidas um site com informações seguras, gratuito e de livre acesso para a população: www.juntossomosmaisfortes.org.br.

O câncer de mama tem cura se for diagnosticado precocemente. Juntos somos mais fortes. Divulgue essa ideia e viva bem!

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CICERO URBAN, VICE-PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA; AUGUSTO TUFFI HASSAN, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA; GUSTAVO NADER MARTA, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE RADIOTERAPIA; ANELISA COUTINHO, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA; RODRIGO NASCIMENTO PINHEIRO, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA ONCOLÓGICA; IDA SCHWARTZ, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA MÉDICA E GENÔMICA; CIBELE CARVALHO, PRESIDENTE DO COLÉGIO BRASILEIRO DE RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM; E MARIA CELESTE OSÓRIO WENDER, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

Opinião por Vários autores*

Cicero Urban, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia; Augusto Tuffi Hassan, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia; Gustavo Nader Marta, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia; Anelisa Coutinho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica; Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica; Ida Schwartz, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica; Cibele Carvalho, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; e Maria Celeste Osório Wender, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia