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Boas práticas de ESG já são preocupação das pequenas companhias

Conceito que reúne iniciativas sociais, ambientais e de governança começa a se integrar ao dia a dia das franquias

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Foto do author Mirella  Joels

Um olhar responsável ao abrir uma franquia, seja ela pequena ou grande, é essencial para garantir que o negócio perdure e cresça de forma sustentável. As boas práticas em ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa), enumeradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2004, são cada vez mais indispensáveis para uma gestão administrativa eficiente e comprometida com o futuro – não apenas dos negócios, mas também do planeta e dos seres vivos.

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Apesar de ser um assunto relativamente novo, que ganhou mais força durante a pandemia de covid-19, a agenda já tem alcançado novos patamares. “A diferença da ESG do que acontecia há alguns anos para o que acontece agora, com a pauta mais evidente, é que não é mais apenas uma preocupação de grandes empresas. Virou uma agenda para companhias de qualquer tamanho, franquia e setor”, afirma Rodrigo Abreu, diretor da Comissão de ESG da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

A pesquisa da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) e da startup Humanizadas, no ano passado, mostrou que 59% das companhias entrevistadas estão inovando em ESG e também estão expandido o negócio.

Olhar crítico e individualizado para cada setor ajudam a implementar ESG nas empresas

Independentemente do ramo, a empresa pode começar a pensar a agenda ESG ao avaliar os próprios processos atuais e identificar as áreas que precisam ser aprimoradas para aumentar o impacto positivo. Para começar de forma prática na parte Ambiental, uma boa dica é ter um olhar crítico para as formas de produção, as matérias-primas e a gestão de resíduos. Assim, a empresa pode trabalhar aspectos de eficiência energética, consumo de água, economia circular, preservação da biodiversidade, entre outros.

Também é preciso olhar para a individualidade de cada setor e estar aberto para ideias dos franqueados. “Cada setor tem sua peculiaridade. Para construir algo relevante, tem que considerar isso. Se conseguir mapear e entender o que vem sendo feito pelos seus franqueados, toda rede de franquias vai encontrar alternativas sustentáveis já sendo feitas nas próprias redes”, observa Abreu.

Uma franquia que soube aproveitar a proposta sustentável que já faz parte do DNA da empresa foi o Peça Rara Brechó. Premiada na categoria Destaque Ambiental pela ABF pelo projeto Vida Nova para suas Roupas, a franquia incentivou o consumo consciente e deu um novo significado para itens aparentemente sem utilidade. Cerca de 95 lojas brasileiras aderiram ao projeto e enviaram mais de 5,5 milhões de peças, que foram adquiridas por aproximadamente 1 milhão de clientes.

Boas práticas de gestão são fundamentais para empresa ter eficiência e responsabilidade

Os princípios da governança corporativa são cinco: integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade. Para Abreu, fortalecer a governança, mesmo que com pequenas ações, é essencial para o equilíbrio da agenda ESG. “A governança dá a base para que a empresa implante as práticas E ambiental) e S (social) de forma responsável.”

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Para gerir a empresa com eficiência e responsabilidade, é possível colocar em prática planos de gestão de sustentabilidade e mapear a cadeia de suprimentos em busca de parceiros que também estejam em conformidade com os critérios ESG, fortalecendo, assim, uma rede. Outra responsabilidade da governança é prestar contas por meio da transparência em ações que envolvem dados de terceiros.

A franquia Farma & Farma, premiada pela ABF pelo critério de governança, realizou um mapeamento organizacional e focou a implementação de práticas de cuidado. A empresa visou integrar áreas, aprimorar comunicação e promover a sustentabilidade social. Após a aplicação, a rede constatou que a cultura organizacional se transformou positivamente, ao promover integração, cuidado com as pessoas e com o meio ambiente, e ainda tiveram uma redução significativa no consumo de papel e nas emissões de CO2 com a prática de reuniões virtuais.

Pauta social também inclui observar aspectos internos das empresas

A pauta social é uma das mais recorrentes quando se fala em ESG porque ela impacta diretamente a comunidade. “Se a gente conseguir um dia que todas as 200 mil unidades franqueadas do Brasil se incluíssem em uma ação social, seria maravilhoso”, comenta Abreu. O poder que pequenos movimentos e o envolvimento com causas desde saúde e educação, até algumas mais específicas, como a dos animais, tudo isso pode impactar positivamente as comunidades locais. Por isso, as franquias devem buscar se aproximar de organizações sociais alinhadas aos objetivos e ao propósito do negócio. Se conseguirem aproximar o cliente das mesmas causas por meio de campanha, o impacto e o resultado podem ser maiores ainda.

Pensar o aspecto social é também olhar para as questões internas das empresas, agir em prol da diversidade e inclusão dos funcionários. Para colocar em prática, podem ser realizados questionários internos, capacitações dos funcionários com interesses que vão para além do mundo do negócio e também estabelecer planos de ações direcionados à diversidade.

Um exemplo de projeto que prosperou no quesito Social é o “Olhares do Bem”, do Mercadão do Óculos. A franquia foi premiada pela ABF pela iniciativa de combater a evasão escolar no Brasil causada pela deficiência visual infantil. A empresa ofereceu triagens, consultas oftalmológicas e doações de óculos para crianças em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Quase 10 mil crianças foram atendidas e mais de 3 mil óculos foram doados. Comunidades em 10 Estados e 28 municípios foram impactadas pela ação.

Gestores devem comandar ações, mostra pesquisa

Uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) feita em conjunto com a startup Humanizadas, no ano passado, mostrou que 59% das companhias entrevistadas estão inovando em ESG e também estão expandido o negócio.

Conforme a sondagem, 82% dos executivos que responderam à pesquisa disseram acreditar que os CEOs deveriam liderar ativamente a agenda ESG. Outros 69% afirmaram que o governo também deveria ter um papel fundamental na agenda. Para 57% das organizações, a adesão às práticas ESG tinha o objetivo de levar a empresa a impactar de forma positiva as questões socioambientais. Ainda de acordo com a amostragem, 30% das empresas reportam avanços significativos em relação às metas do Pacto Global da ONU.

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Para a sondagem, foram ouvidos 574 executivos que representavam empresas que, juntas, empregavam pelo menos 486 mil pessoas e possuem um faturamento anual de aproximadamente R$ 762 bilhões. A maioria dos participantes, conforme a Amcham, ocupava cargos de liderança, como CEOs, vice-presidentes, sócios, conselheiros ou diretores (52%), atuando nas áreas de sustentabilidade, gestão de pessoas e administração.

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