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A liderança feminina no pós-pandemia

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Por Anelise Lara e Ieda Gomes
Atualização:
Anelise Lara e Ieda Gomes. FOTOS: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O mundo corporativo mudou nestes oito meses desde a declaração da pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 11 de março. Em um intervalo de poucos dias, uma grande parcela da população passou a trabalhar em casa, somando as funções profissionais às tarefas domésticas. Com a adaptação para o "home life", vimos o avanço da tecnologia nas relações pessoais e empresariais e percebemos a necessidade da integração - mesmos distantes fisicamente - para lidarmos com os desafios cotidianos.

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Nestes tempos de pandemia é necessário refletir sobre as mudanças relevantes na postura e atuação dos gestores. A coerência, capacidade de motivar e assertividade - em abordagens, projetos e ações - se tornaram essenciais para inspirar e engajar colaboradores.

Vivemos um momento da liderança do "ser": ser mais colaborativo, ser mais organizado, ser mais criativo, ser mais humano. É neste contexto que a presença das mulheres na liderança de empresas e organizações se torna tão relevante, por ser convergente com a demanda global.

Podemos elencar algumas características femininas que se tornaram fundamentais para a evolução dos negócios e relações dentro das empresas: empatia, capacidade de realizar tarefas simultaneamente, trabalho em equipe, resiliência, preocupação com o autodesenvolvimento e valorização da honestidade e integridade. Isso sem perder de vista a busca de resultados e desempenho.

A mulher acolhe, escuta, compreende e colabora. Estas qualidades promovem ambientes mais harmoniosos, que geram menos stress e aumentam a produtividade das equipes.

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O modelo de nova liderança - observado na performance de executivas - é mais transparente para estabelecer relações de confiança, o que contribui para inovação, criatividade e progresso. Não se deve gerenciar somente com fatos e dados, mas se importar verdadeiramente com as pessoas. E isso engloba promover o bem-estar e incentivar o potencial da equipe.

A consultoria McKinsey vem analisando há mais de 10 anos o impacto positivo da inclusão feminina no mercado corporativo: empresas que investiram em diversidade e possuem um mínimo de 30% de mulheres nos níveis executivos e de conselho, demonstram resultados significativamente acima de suas concorrentes. Em média, apresentam 21% a mais de rentabilidade e crescimento de 27% em criação de valor.

Apesar da comprovação estatística da relevância das mulheres nas organizações, ainda existe um viés cultural e de comportamento no ambiente corporativo que não valoriza as competências femininas. Por isso, é importante que as profissionais mais experientes sejam catalisadoras, acelerando o desenvolvimento de novas e futuras líderes, ajudando-as a superar os obstáculos e a potencializar o aprendizado de novas habilidades.

O setor de óleo e gás tem promovido debates, webinars, workshops e mentorias para demonstrar que o universo profissional feminino não é o mesmo de décadas passadas. Para isso, promove um forte trabalho de posicionamento efetivo das mulheres nas grandes corporações.

A indústria tem aperfeiçoado seu sistema de recrutamento para proporcionar maior inclusão feminina nos processos seletivos, bem como oportunidades para que elas estejam conectadas nas áreas principais do negócio e tenham chances concretas para ocupar posições executivas. Várias empresas têm também colocado em prática projetos de mentoria, redes internas de mulheres e programas de desenvolvimento acelerado, além de esquemas mais flexíveis para mulheres com filhos pequenos.

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Os dados do Banco Mundial acendem o alerta: homens e mulheres estarão igualmente qualificados - em uma base educacional - somente em 2032. No entanto, levará 202 anos para alcançar a paridade na dimensão econômica. Reduzir esta lacuna de gêneros - segundo a McKinsey - significa acrescentar 240 milhões de trabalhadores à força de trabalho mundial e injetar US$ 12 trilhões ao PIB global até 2025.

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Evidentemente, ainda há um longo caminho para se alcançar a igualdade de gênero. Mas, um importante passo já foi dado: os conselhos de administração e acionistas das empresas estão percebendo a importância da diversidade de gênero e têm atuado para promover a inclusão de uma forma concreta e sustentável.

Por todas estas razões, desejamos que as jovens se vejam como líderes do futuro. O debate pela igualdade de gênero deve continuar para que se garanta a maior participação e inclusão feminina e o comprometimento com a diversidade no âmbito institucional.

*Anelise Lara, diretora executiva de Refino e Gás Natural na Petrobras, Presidente do Conselho de Administração do IBP e Integrante da Comissão de Diversidade do IBP

*Ieda Gomes, conselheira independente e pesquisadora visitante do Oxford Institute for Energy Studies e FGV Energia, conselheira da WILL - Women in Leadership in Latin America

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