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Bolsonaro tenta capitalizar título da seleção brasileira no Maracanã

Presidente leva comitiva de ministros em final da Copa América, faz foto com taça no gramado e ouve vaias e aplausos da torcida

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO – O presidente Jair Bolsonaro tentou fazer da final da Copa América, neste domingo, 7, no Maracanã, um teste de popularidade do seu governo. Após a vitória do Brasil sobre o Peru (3 a 1), Bolsonaro participou da premiação das seleções e atletas no gramado do estádio. Recebeu um misto de vaias e apoios ao adentrar no campo. Ao deixar o gramado, contudo, as vaias foram mais contundentes. 

Os ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Maracanã; ao fundo, o governador do Rio, Wilson Witzel, e prefeito Marcelo Crivella Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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A agenda no Maracanã foi mais um episódio em que o presidente brasileiro buscou vincular seu governo a um apoio popular. Bolsonaro havia dito que pretendia ir ao gramado acompanhado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, após ser questionado sobre mensagens atribuídas ao ex-juiz e a procuradores da Lava Jato divulgadas pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil. “O povo vai dizer se nós estamos certos ou não”, afirmou Bolsonaro na sexta-feira passada.

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente viajou na tarde de ontem para o Rio com uma comitiva bem maior: nove ministros no total – além de Moro, entre eles o titular da Economia, Paulo Guedes –, além de dois dos seus filhos e de deputados aliados.  Havia a expectativa de que Bolsonaro entregasse a taça de campeão ao capitão brasileiro, o lateral Daniel Alves, mas o presidente brasileiro participou somente da entrega de medalhas.

O presidente, porém, se integrou aos jogadores e membros da comissão técnica tirou foto com o troféu nas mãos. Alguns jogadores e membros da delegação fizeram um coro de “mito”. Depois, quando a comitiva presidencial caminhou pelo gramado rumo ao túnel de saída, as vaias do público foram praticamente unânimes. 

Durante a premiação, Bolsonaro cumprimentou os jogadores da seleção brasileira, e a torcida não reagiu – os aplausos surgiam a cada atleta anunciado, e aparentemente não se referiam ao presidente nem aos ministros e parlamentares.

Ao longo do jogo, também não houve reação da plateia a Bolsonaro e sua comitiva, que chegou quando a cerimônia de encerramento da competição, realizada antes da partida, já havia começado. As redes sociais do presidente publicaram vídeos e fotos no interior do estádio. Em um deles, Bolsonaro comemora um dos gols da seleção e levanta o braço de Moro. 

Alvo de uma série de reportagens sobre mensagens atribuídas a ele e procuradores da Lava Jato, o ministro da Justiça já havia acompanhado o presidente no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para ver CSA x Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. 

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Sem a companhia de Moro, Bolsonaro esteve no estádio do Mineirão, onde assistiu à semifinal entre Brasil e Argentina, vencida pela equipe brasileira por 2 a 0. Antes da partida, o presidente se reuniu com Neymar, que, cortado da seleção por lesão, acompanhava o jogo na plateia.

Bolsonaro deixou a área reservada à sua comitiva e desceu ao gramado do Mineirão. O presidente passou perto da arquibancada, pegou uma bandeira entregue por torcedores, a agitou e depois a devolveu. O estádio se dividiu entre vaias e aplausos, e Bolsonaro disse que as vaias eram dirigidas à seleção argentina, que havia voltado ao campo. 

Após a semifinal, a Federação de Futebol da Argentina (AFA) formalizou uma reclamação à Conmebol, entidade organizadora da Copa América, em que classificou a passagem de Bolsonaro pelo gramado como uma “interferência política”. A entidade, no entanto, considerou normal a atitude de Bolsonaro. 

Neste domingo, havia também a expectativa de que Bolsonaro repetisse o que fez na partida semifinal e entrasse no gramado durante o intervalo, mas ele permaneceu na arquibancada. Antes, quando comemorou o primeiro gol do Brasil, o presidente sofreu um escorregão ao levantar da poltrona em que estava, mas não chegou a cair.

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