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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Ala do PT quer déficit fiscal ainda maior, de 0,75% do PIB

‘Acho mais razoável trazer a meta para esse nível’, diz o deputado Lindbergh Farias (RJ), quadro influente do partido

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Foto do author Eduardo Gayer

Enquanto o governo articula revisar a meta fiscal de zero para um déficit de 0,25% ou 0,50% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, setores do PT já defendem junto a auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um objetivo ainda mais frouxo, de déficit de 0,75%.

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No Palácio do Planalto, a hipótese é minimizada. O entorno de Lula acredita que uma eventual mudança na meta fiscal, se vier, não passará de alteração para -0,5%. A pressão de aliados por um déficit fiscal maior, de qualquer forma, existe.

Pelas regras do arcabouço fiscal, que estabelece uma banda de 0,25 ponto porcentual para o resultado primário, com a meta fiscal de -0,75% o governo poderia entregar um rombo de até 1% do PIB sem sofrer sanções — isto é, sem cortar despesas e investimentos.

“Eu acho mais razoável trazer a meta fiscal para -0,75%”, afirmou à Coluna o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), um quadro influente dentro do partido. Ele e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sempre expuseram críticas à meta de déficit zero defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que defende um déficit fiscal de 0,75% em 2024.  

Para Lindbergh, uma meta de déficit de 0,5% do PIB pode ser insuficiente para impedir um contingenciamento de investimentos. O raciocínio do deputado é compartilhado por ao menos outros dois expoentes do PT, que preferiram conversar com a Coluna na condição de anonimato frente ao bate cabeça nos bastidores do governo em torno da meta fiscal.

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Lindbergh lembra que até setores do mercado financeiro já calculam um déficit fiscal de 0,75% a 0,8% em 2024, mas destaca que essa é uma discussão do governo e o presidente Lula é quem deve arbitrar frente a um cenário de diferentes opiniões no governo.

Como mostrou o Estadão, a Junta de Execução Orçamentária (JEO) deve se reunir até a próxima semana para definir o melhor momento da mudança da meta fiscal e o novo valor.

Um grupo expressivo do PT argumenta que uma meta fiscal mais “frouxa” daria mais tranquilidade ao governo na implantação do novo Programa de Aceleração de Investimentos (PAC), o que soa como música aos ouvidos de Lula e da cúpula do partido em ano eleitoral.

A discussão sobre a meta fiscal veio à tona após Lula dizer a jornalistas que a meta de déficit fiscal zero dificilmente será cumprida no ano que vem.

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