As linhas auxiliares de Lula no mercado da comunicação embarcaram na estratégia do PT de pintar Ciro Gomes como “linha auxiliar de Jair Bolsonaro”, para conquistar, já no primeiro turno, o “voto útil” dos eleitores antibolsonaristas do candidato do PDT.
Nem a atuação de “Padre” Kelman no debate de sábado como a verdadeira linha auxiliar do presidente dissuadiu repórteres, colunistas e comentaristas, além dos artistas de sempre, de ignorar as críticas de Ciro ao atual governo, em razão de sua ousadia – imagine – em também criticar Lula.
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”Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro, porque foi eleito em função da mais devastadora crise econômica da história brasileira, em cima do mais generalizado escândalo de corrupção”, disse o pedetista, em diagnóstico correspondente aos fatos. “E infelizmente foi levado ao constrangimento, porque teve filhos denunciados igual ao Lula. Rendeu-se à corrupção”, completou Ciro.
Ele lembrou que, em 2018, alertou ao povo que a solução não era votar por negação no Bolsonaro, que não tinha experiência nem vivência e estava “sendo empacotado como um moralizador que nunca foi”.
“Hoje”, comparou, “Bolsonaro repete a mesma prática” do PT. “Ao Valdemar Costa Neto, o Lula deu o DNIT para roubar. Foi preso e condenado no mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao ‘DNIT’”, afirmou Ciro, equiparando o espírito do partido do mensaleiro, o PL, ao do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes nos governos petistas.
O Ciro de 2022, incisivo também contra Lula e PT, talvez seja o melhor candidato de 2018. Seu problema é o anacronismo, uma vez que o vácuo do antipetismo foi ocupado por Bolsonaro, o maior cabo eleitoral que Lula já teve.
Já Simone Tebet, talvez a melhor candidata de 2026 na disputa de 2022, lamentou que o Brasil tenha “um presidente insensível” e “despreparado”, que “não trabalha”. “Ele fica de moto e de jet ski dizendo que ninguém passa fome.”
A emedebista ainda criticou o populismo de Lula e Bolsonaro, repudiando o “nós” contra “eles”. “Eles se alimentam dessa disputa ideológica. Um falta o debate. Não tem coragem de dizer quais são as propostas para o Brasil. O outro mente. Mente descaradamente e desvia o foco para aquilo que é o mais importante: o que nós vamos fazer para o Brasil voltar a crescer.”
Para voltar a crescer além de voos de galinha em matéria de economia, o Brasil precisa crescer moral e culturalmente, o que só será possível – se tanto – com uma imprensa não adesista e uma oposição não anacrônica.