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Randolfe negocia filiação ao PT após disputa fratricida com Marina; leia bastidores

Senador queria ser ministro do Meio Ambiente do governo Lula e viu que não conseguiria protagonismo enquanto estivesse na Rede

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Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – O senador Randolfe Rodrigues (AP) está negociando sua volta para o PT, partido ao qual já foi filiado e deixou em 2005, durante a crise do mensalão que atingiu o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Único senador da Rede Sustentabilidade e líder do governo Lula no Senado, Randolfe anunciou nesta quinta-feira, 18, a saída da legenda que integrava havia oito anos, “em caráter irrevogável”. Mas suas divergências com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), não começaram agora.

A gota d’água para a desfiliação foi o confronto com Marina por causa do projeto para exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, barrado pelo Ibama e defendido por ele, em sintonia com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

O senador Randolfe Rodrigues; parlamentar já foi filiado ao PT Foto: Pedro França/Agência Senado - 4/5/2023

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Os desentendimentos com Marina, no entanto, são antigos, tanto que as conversas sobre a possibilidade de filiação ao PT vêm desde o ano passado. Randolfe queria ser ministro do Meio Ambiente, mas Lula escolheu Marina, uma grife e referência na área.

Assim como o senador, Marina foi filiada ao PT. Saiu em 2008, no segundo mandato de Lula, quando também exercia o cargo de ministra do Meio Ambiente e discordou da construção da hidrelétrica de Belo Monte, entrando em rota de colisão com Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

Embate

O racha entre Marina e Randolfe foi exposto com todas as letras no mês passado, durante o Congresso da Rede, em Brasília. Na ocasião, os grupos dos dois se dividiram pelo comando da Rede e Marina chegou a ser acusada de oferecer cargos no governo em troca de adesões à chapa avalizada por ela.

Com o apoio de Randolfe, porém, a ex-senadora Heloísa Helena, que também já foi do PT, venceu e hoje é a porta-voz nacional da Rede. Marina sofreu ali uma derrota de peso e disse que deixava aquele encontro “sangrando”. Comparou-se até a um “bisão”, bovino de grande porte, atacado por leões por todos os lados.

“O bisão é muito forte, muito grande, mas ele morreu. Neste momento, saio daqui sangrando”, afirmou a titular do Meio Ambiente no Congresso da Rede.

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Depois que saiu do PT, em 2005, Randolfe se filiou ao PSOL, sigla pela qual se elegeu senador pela primeira vez, em 2010. Cinco anos depois, migrou para a Rede, partido fundado por Marina e que só conseguiu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após as eleições de 2014.

Dirigentes do PT dizem que o partido tem hoje as “portas abertas” para Randolfe. Falta ao senador, no entanto, acertar pendências locais, uma vez que o Amapá é um Estado considerado conservador no tabuleiro eleitoral.

“O PT já tinha convidado Randolfe para se filiar, no ano passado, e é óbvio que o convite continua de pé”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA). “É um quadro que defende valores que a gente também defende”, emendou.

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