Monotrilho: empresa que abandonou obras assina contrato para atuar em outra linha do metrô

Mesmo após ter contrato da Linha 17 rompido pelo Estado devido a atrasos, Coesa está em consórcio que vai atuar na Linha 15; Metrô diz que fiscalizará ‘rigidamente o cronograma de entregas’

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Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Excluída do contrato para a construção da Linha 17-Ouro do Monotrilho, que vai até o Aeroporto de Congonhas, a empresa Coesa assinou contrato com o governo do Estado para atuar em outro projeto do metrô. São obras na Estação Ipiranga do outro monotrilho, o da Linha 15-Prata, na zona leste de São Paulo. O contrato de cerca de R$445 milhões foi assinado em 3 de maio, poucas semanas antes da rescisão relativa à Linha 17. O Metrô afirma que o consórcio da nova obra é liderado pela Álya Construtora (antiga Queiroz Galvão) e a entrega será rigidamente controlada.

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O contrato da da Linha 17-Ouro foi rompido pelo governo do Estado na última semana, após constantes atrasos. Como o Estadão mostrou, em alguns dos canteiros de obras é visível o abandono. Na Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul, árvores atingem a altura dos trilhos e, na Vila Cordeiro, o canteiro virou abrigo para os sem-teto.

Inicialmente prometida para 2014, a entrega desse trecho do monotrilho da zona sul era prevista para este ano, segundo o cronograma mais recente. Agora, o prazo mudou para 2026. O consórcio será multado em R$118 milhões e proibido de firmar novos contratos públicos por dois anos, diz o Metrô. A proibição, porém, passou a valer só na semana passada, após a rescisão.

Ainda conforme a estatal, a Álya Construtora tem 90% de participação na sociedade e será a executora do contrato da nova obra do monotrilho da Linha 15. O Metrô diz ainda que “a empresa já participa de outros consórcios da linha com a requerida capacidade financeira”. A companhia de transportes ainda disse que “será responsável por monitorar o andamento do contrato e fiscalizar rigidamente o cronograma de entregas da obra”.

Procurada, a Álya Construtora, que até o ano passado se chamava Construtora Queiroz Galvão, não se pronunciou. A Coesa também não comentou a obra da Linha 15. Sobre o monotrilho da zona sul, o consórcio do qual a Coesa faz parte informou que vai recorrer da rescisão e disse que “descumprimentos contratuais do metrô inviabilizaram a execução das obras, causando enorme prejuízo”.

O Metrô chamou de “injustificado” o atraso no cronograma de execução das obras do monotrilho até Congonhas, e disse que vinha exigindo um plano de retomada dos trabalhos desde janeiro. “As exigências se intensificaram a partir de janeiro e, diante da morosidade da contratada em demonstrar sua capacidade de retomar o ritmo das obras, o Metrô concluiu o processo de rescisão contratual”, afirma a companhia.

Esse contrato não foi o primeiro a ser interrompido na Linha 17. Em 2015, as construtoras Andrade Gutierrez e CR Almeida, que tocavam a obra, tentaram romper o contrato na Justiça, fazendo críticas à gestão do Metrô. No mês seguinte, a companhia rescindiu unilateralmente. O Ministério Público Estadual abriu inquérito civil para apurar o caso.

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O monotrilho da Linha 15-Prata tem 11 estações, na zona leste de São Paulo, com extensão de 14,6 km e transporta cerca de 115 mil passageiros por dia. Previsto para 2012 e inaugurado em agosto de 2015, foi o primeiro monotrilho a entrar em operação no País. A linha dá acesso ao Terminal São Mateus, que recebe ônibus municipais e intermunicipais. Além disso, há integração tarifária com a Linha 2-Verde do metrô, na estação Vila Prudente.

Em dezembro de 2022, o governo do Estado autorizou o início das obras de duas estações: Boa Esperança e Jacu Pêssego. Além disso, começou também a construção do pátio Ragueb Chohfi, para estacionamento dos trens.

Neste ano, o contrato de R$ 445 milhões com a Ayla e a Coesa foi assinado pelo Metrô para a construção da ligação entre a Vila Prudente e o Ipiranga. A estação a ser construída ali deve ter ligação com a Linha 10-Turquesa da CPTM.

A promessa inicial era para a criação de 18 estações em 26,6 km de extensão, com data de inauguração de todo o trecho prevista para 2012, o que não foi cumprido.

Colisão frontal entre trens interrompeu serviço da Linha 15-Prata em março Foto: Felipe Rau/Estadão

Problemas

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Os percalços da Linha 15 vão além de problemas na execução das obras. Em março, uma colisão frontal de trens entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto interrompeu o serviço. O acidente ocorreu antes do início da operação comercial, segundo o Metrô, durante o posicionamento dos trens.

Não havia passageiros nos vagões na hora do acidente, mas o fechamento das estações deixou o trânsito caótico na região. Após as investigações, o Metrô informou em reunião com o Ministério Público que um dos condutores estava em movimento, de costas para a via e usava o celular.

O problema foi um de uma série de falhas na operação da linha. Em janeiro, foram registradas duas paralisações por falha no sistema de controle de trens. Além disso, um pedaço de concreto em uma viga se deslocou entre as estações Vila Prudente e Oratório. Neste caso, também houve interrupção entre as estações Vila Prudente e Vila União.

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Já em setembro de 2022, um pedaço de concreto da viga do monotrilho caiu na ciclovia da Avenida Professor Luís Ignácio de Anhaia Mello, entre as estações Oratório e São Lucas. Na época, o Metrô explicou que o motivo foi um serviço de manutenção.

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Em fevereiro de 2020, um jogo de pneus da composição M20 estourou e a retomada da operação foi apenas em junho do mesmo ano. E, em janeiro do ano anterior, dois trens bateram na região da estação Jardim Planalto, também vazios.

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