SÃO PAULO - A gestão João Doria (PSDB) mudou o tom e admitiu que dará espaço a ações de redução de danos na Cracolândia em vez de priorizar só o modelo de abstinência. Em maio, a administração participou de ação conjunta com a polícia na região na qual defendeu a internação forçada de usuários de drogas. Desde o início do mandato, o prefeito critica o programa De Braços Abertos, de seu antecessor, Fernando Haddad (PT), que previa a oferta de moradia, trabalho remunerado e alimentação aos dependentes químicos cadastrados, mesmo que eles mantivessem o uso de drogas.
Fluxo.Coordenador do programa anticrack disse ser 'grave erro' priorizar a abstinência Foto: Werther Santana/Estadão (25/5/2017)
A mudança no posicionamento foi explicitada nesta quinta-feira, 30, pelo coordenador do Redenção, programa municipal anticrack, Arthur Guerra, em reunião da Subcomissão de Drogas da Câmara Municipal de São Paulo. No evento, ele disse que é um “grave erro” que o programa tenha como base apenas ações no modelo de abstinência, como as internações em clínicas.
“Devemos ouvir os pacientes para saber o que eles querem. O programa tem como base, então, teoricamente, a abstinência, então todos devem ir para hospitalização. Isso é um grave erro. Vários pacientes não querem ficar em abstinência, ou não conseguem ficar. Vamos ter, sim, de usar outro modelo: redução de danos”, declarou.
A decisão ocorre após uma série de críticas do Ministério Público Estadual, entidades de saúde e outras instituições às primeiras ações do programa anticrack de Doria.
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Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
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Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Justiça expediu cerca de 70 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Ruas da Cracolândia foram cercadaspor policiais; muito lixo também foi espalhado pelas vias da região Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Usuários de drogas revoltados e angustiados com a ação na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Operação foi encerrada por volta das 8h30; PMs permaneceram na região da Alameda Dino Buenopara garantir a segurançados garis durante a limpeza Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumpriram ação na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
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Agentes ingressaram no interior da favela em busca de procurados Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
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Operação policial também chama a atenção de animais de estimação da Favela do Moinho, na zona central de São Paulo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Foco da operação está na Alameda Dino Bueno; segundo a polícia, traficantes montaram 34 barracas na via para vender crack 24 horas por dia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Polícia Civil realiza, na manhã deste domingo, 21, uma grande operação na região da Cracolândia, no centro de São Paulo Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
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Traficantes contam com a ajuda dos usuários, cerca de 800, que ocupam a rua e dificultam a entrada da polícia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Helicópteros sobrevoam a Cracolândia e a região está totalmente cercada; policiais também apreendem armas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Usuários de drogas acompanham operação policial na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Não foram vistos assistentes sociais acompanhando a ação e a polícia não informousehouve planejamento para encaminhar os usuários a um abrigo ou unida... Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAOMais
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Cerca de dez viaturas chegaram à região às 7 horas na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
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Favela do Moinho: Helicóptero da Polícia Civil sobrevoou o local em apoio à operação Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
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Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumprem mandados na Favela do Moinho, na região central Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Moradores acompanham a operação apreensivos; crianças também observam a ação policial Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
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Policiais também cumprem mandados na Favela do Moinho, na manhã deste domingo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Questionada sobre a mudança de tom, a Prefeitura informou, em nota, que “não há contradição entre o que afirmou Guerra e o que vem sendo praticado no âmbito do referido programa”. A administração diz que “sempre deixou claro não perceber oposição entre as políticas de redução de danos e promoção de abstinência”.
Afirmou ainda que já adota tal modelo em unidades de assistência social que oferecem serviços aos usuários de drogas sem exigir abstinência.
Segundo a nota, o que é rejeitado pela atual gestão é a prática adotada pelo programa De Braços Abertos de dar dinheiro aos usuários. “Essa política mostrou-se um equívoco, que levou ao crescimento do número de consumidores de drogas na região da Luz”, disse.