PUBLICIDADE

'A Propósito de Senhorita Júlia' estreia no Rio

PUBLICIDADE

Por AE

Walter Lima Jr. mistura os verbos ao se referir à peça que estreou semana passada, no Rio - fala "filmar" no lugar de "encenar". Alessandra Negrini, protagonista de "A Propósito de Senhorita Júlia", acha que o diretor, de 73 anos, 46 de cinema e 21 de teatro, não é encenador: interessa-se mais pelo ator, pelo texto, por achar a verdade do que está sendo dito.Foi num cinema já há muito extinto em sua cidade, Niterói, no filme de Alf Sjöberg (1903-1980), que ele conheceu a "Senhorita Júlia" de August Strindberg, o dramaturgo sueco da virada do século 20 cujo centenário de morte marca 2012. Era adolescente. Nunca iria se esquecer daquela mulher."Sabe quando você tem um estalo a respeito das coisas?", explica Lima Jr. "Eu devia ter uns 14 anos, o filme era extremamente denso, mas aquilo me despertou uma curiosidade muito grande em relação ao uso dos tempos paralelos. É uma solução muito teatral. Muito tempo depois (em 1997), fui usar isso em A Ostra e o Vento."O clássico de Strindberg, que trata de desejo, amor e as diferenças de classes, é de 1888. Júlia é uma moça rica que quer se libertar das convenções morais que lhe foram impostas. Rompe seu noivado e flerta com um empregado de seu pai - numa festa, entre os serviçais, ela dança com ele, na cozinha. Sua noiva, também funcionária da casa, assiste a tudo.Seu comportamento causa estranheza. Júlia tem mais poder do que ele por ser de classe alta; já ele é homem, é livre dos valores aristocráticos que a sufocam. O pai dela, por sua vez, supera ambos: é um nobre, é o pai, é o empregador. A disputa por poder é acirrada.A história já virou balé, ópera, especial de TV, foi situada na África, na Inglaterra, no Mississipi e na Irlanda, e nas mais diferentes épocas, cada uma com suas questões sociopolíticas características. Na versão encomendada por Lima Jr. a José Almino, estamos no Brasil, no dia da primeira eleição do presidente Lula, a euforia do proletariado no ar.Alessandra, que há oito anos foi a Tekla de "Credores", seu primeiro Strindberg, personagem acusada de "sugar a inteligência do marido", vê extrema violência nas relações desveladas. "Strindberg maltrata muito as mulheres, é misógino. É difícil, mas é bacana, interessante viver isso", considera. Nascido em Estocolmo em 1849, Strindberg é categorizado como pai do teatro e da literatura escandinava moderna, expoente do chamado realismo psicológico - foi contemporâneo de Freud, da ebulição em torno da psicanálise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.A Propósito de Senhorita Júlia - Teatro Caixa Cultural (Av. Chile, 230). Tel. (21) 2262-5483. 5ª a sáb., 20 h; dom., 19h30. R$ 20. Até 12/2

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.