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‘O tipo de amor de um avô é um afeto muito diferente’, diz Jayme Periard sobre seu papel em novela

O ator está em ‘Família é Tudo’, a próxima novela das sete

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Foto do author Gilberto Amendola
Atualização:

Aos 40 anos de carreira e 62 de idade, Jayme Periard volta às novelas após um hiato de 5 anos. Desta vez, o ator está no elenco da próxima novela das sete, Família é Tudo, com estreia prevista para março. Periard irá interpretar o seu primeiro papel como avô na televisão. “Não sou avô na vida real. Ele vai me exercitar um outro tipo de afeto”, comenta Periard.

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Além da novela, o ator fala sobre a passagem do tempo, seu monólogo sobre pedofilia na igreja católica e sua relação com a fama e com os jovens atores. “Quando eu era mais novo, os atores mais velhos me aconselhavam”, disse. Leia a seguir:

Por que esse hiato de 5 anos sem trabalhos na TV?

Na verdade, meu último trabalho foi pré-pandemia. Quando a covid chegou, fui para o interior. Fiquei praticamente dois anos fora do Rio. Na volta, comecei essa mobilização pelos 40 anos de carreira, buscando textos, procurando autores... Quando encontrei, me coloquei totalmente no projeto do monólogo (A Quebra). E agora, surgiu um personagem maravilhoso, do tipo que não faço há muito tempo, um personagem leve, em uma novela alegre e dinâmica.

Quem é seu personagem Ramón Monteiro em Família É Tudo?

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Eu vim de personagens cruéis, viscerais, com uma carga de brutalidade. Agora, estou exercitando esse outro lado, de um homem de família que tem uma relação muito amorosa com o filho. Ele é um personagem muito ético, muito íntegro... e é avô !

Esse é o seu primeiro papel de avô na TV?

Sim. Ele vai me exercitar um outro tipo de afeto. Eu não sou avô na vida real. Então, ele vai me proporcionar essa pesquisa, esse sentimento, essa sensação de ser esse avô. O tipo de amor de um avô é um afeto muito diferente.

Aos 62 anos, a passagem do tempo virou uma questão ?

Eu tenho o privilégio de exercer a profissão que eu sempre sonhei, de poder fazer escolhas na minha vida... Então, eu não penso sobre o tempo. Tenho vivido muito bem cada momento. E estou bem com a idade que tenho.

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Jayme Periard Foto: Manoella Mello/Globo

Como é a sua relação com a nova geração de atores?

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A melhor possível. Eu dei uma entrevista há um tempo falando de uma irritação muito grande que tinha com alguns colegas mais velhos que só falavam mal das novas gerações. Acho isso completamente fora de sentido. O jovem tem direito de ser jovem, tem direito a não saber, direito de construir a sua história e conquistar sua experiência. Quando eu era mais novo, os atores mais velhos me acolheram e me ensinaram. Hoje, os mais jovens me inspiram. Eles trazem uma nova forma de fazer, uma outra abordagem sobre o nosso trabalho. Eu não gosto desta coisa de ‘na minha época’. Minha época é agora.

Você é bastante reservado em relação à sua vida pessoal, como é lidar com o assédio do público quando você está em uma novela?

Acabei de vir de um restaurante e a pessoa que estava me atendendo perguntou quando eu iria voltar para TV. Aí, pude falar da novela. Isso pra mim sempre foi natural. É o que um artista busca, não é? A gente tem uma profissão pública, a gente busca reconhecimento. Quem não quer isso, eu não consigo entender.

Mas é sempre bom?

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Óbvio, tem dia que você não tá bem. Tem dia que você tá chateado, que você tá com pressa, né? Mas, via de regra, a abordagem sempre é muito carinhosa comigo.

Por que um monólogo sobre pedofilia na igreja?

Entrei em contato com documentários, entrevistas, livros, depoimentos de vítimas e pessoas maduras que já tinham sofrido abuso quando eram crianças. Foi uma coisa arrebatadora. Aquilo me tocou de uma forma muito grande. Até pela minha origem católica, decidi que era sobre aquilo que eu queria falar.

Como é a recepção do público em relação ao tema?

A comunidade católica foi a que mais aceitou. Na plateia, já tive católicos fervorosos e padres. Na peça, faço quatro personagens: um cardeal (que representa a instituição igreja), um jornalista (que é meu alter ego), um padre abusador e uma das vítimas. A gente fez uma construção de muita humanidade com cada personagem – tenho muito orgulho desse trabalho.

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A religião tem um papel importante na sua vida ?

Não a religião em si, mas a espiritualidade. Eu passei por várias correntes filosóficas e espirituais. Sou muito curioso, sempre estou estudando. A prática espiritual me interessa – principalmente no sentido da ética.

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