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Rodrigo FonsecaTem Desejo de Matar novo a caminho, agora com Bruce Willis como protagonista, e com Eli Roth (o Urso Judeu de Bastardos Inglórios) como realizador. A data de estreia está agendada para 22 de novembro. O trailer já está no ar e espirra sangue, o que nos leva a uma genealogia de seu herói, o arquiteto transformado em vigilante Paul Kersey. Por conta de sua tonalidade fascista, na defesa de que "bandido bom é bandido morto", original, Death Wish, de 1974, nunca é enquadrado entre os grandes exercícios de representação das transformações sociais feitos pelo cinema americano dos anos 1970 - época na qual esta produção de US$ 3 milhões rendeu US$ 22 milhões na venda de ingressos.
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Embora haja um hype vintage em torno de seu astro, Charles Bronson (1921-2003), este nunca alcançou o mesmo prestígio do que outros tough guys da época, como Clint Eastwood, por exemplo. E o diretor desta pérola realista sobre justiçamentos, o inglês Michael Winner (1935-2013), tampouco é lembrado como deveria, visto o quão virtuoso era na elaboração de planos. Naquele momento do que se chamava Geração Easy Rider (referência à leva de jovens responsáveis por uma renovação de linguagem e de narrativa das telas dos EUA a partir do engajamento político e do desafio aos tabus morais), com Coppola, Scorsese, De Palma e mais uma leva de transgressores apostando à esquerda dos signos de americanidade, Winner era uma espécie de signo de contrarreforma, de aposta no conservadorismo. Esse debate sobre a reação conservadora de Hollywood retorna agora, nestes tempos de culto a heroínas, na caça às bruxas do machismo nas tramas sobre homens, e na fratura dos símbolos clássicos do masculino. Não por acaso foi escolhido Willis, ator que ofereceu US$ 1 milhão como recompensa a quem lhe trouxesse a cabeça de Osama Bin Laden nos tempos do 11 de Setembro. Como sua carreira anda em baixa há anos, é difícil saber se o regresso de Kersey terá o mesmo impacto que o personagem teve nos anos 1970 e 80. Mas que as primeiras imagens divulgadas por Roth são provocativas, não há como negar.
O vigilantismo de Kersey - um anti-herói criado na literatura por Brian Garfield, em 1972 - enquadra-se bem na filosofia da Era Trump. Na trama do filme de Winner, a família de Kersey é atacada por agressores e ele não é capaz de defender sua mulher e filha. A Justiça faz vista grossa para seu pleito pela Lei. Sem paz no coração, ele compra uma arma e sai pelas ruas, em busca dos homens que macularam seu cotidiano de perdas e danos. No caminho, mata o ladrão que aparece. O mesmo enredo se dá agora, na versão mais pop de Roth, um diretor e ator apadrinhado por Tarantino. Mas será que essa necessidade de reação pode transcender os ditames da direita radical?