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BC eleva Selic pela 12ª vez seguida para 13,75%, o maior patamar desde o fim de 2016

Selic subiu 11,75 pontos porcentuais desde a mínima histórica de 2%, no maior choque de juros desde 1999

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Eduardo Rodrigues
Atualização:

Na missão de alcançar uma inflação mais próxima do centro da meta em 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano, voltando ao patamar de novembro de 2016. O BC deixou ainda a porta aberta para mais um reajuste de menor magnitude na próxima reunião. Com isso, em setembro, a Selic pode chegar a 14% ao ano – isso a dez dias do primeiro turno das eleições.

Foi o 12.º aumento consecutivo do juro básico desde março de 2021, no que já é o ciclo de aperto monetário mais longo da história do Copom, para tentar debelar uma inflação alta, disseminada e persistente. A Selic subiu 11,75 pontos porcentuais desde a mínima histórica de 2,0%, o maior choque de juros desde 1999.

Aumentar os juros é uma das principais ferramentas do Banco Central para tentar controlar a inflação, que está alta e disseminada Foto: Dida Sampaio/Estadão

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No comunicado, o Banco Central afirmou que “o ambiente externo mantém-se adverso e volátil” e que a “inflação ao consumidor continua elevada”. O comitê disse ainda que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião” – ou seja, de 0,25 ponto porcentual. A próxima decisão será no dia 21 de setembro.

Diante da sinalização de um ajuste em setembro, a MB Associados elevou de 13,75% para 14% a projeção para a Selic no fim do ciclo de aperto monetário. Mas o seu economista-chefe, Sérgio Vale, diz que uma outra elevação pode ocorrer ainda em 2022. “Se chegar no fim do ano com cenário eleitoral conturbado e sinalização fiscal fraca para o ano que vem, o BC não vai se furtar a subir os juros de novo.”

Para a economista-chefe da Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro, a Selic deverá ser mantida nos patamares atuais até o segundo semestre de 2023, para fechar o ano em 12%.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Por outro lado, aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures (títulos de empresas), passam a render mais.

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A decisão desta quarta-feira, 3, era plenamente esperada pelo mercado financeiro, já que o BC afirmou, após subir a Selic em 0,50pp no Copom de junho, que antevia um novo ajuste de igual ou menor magnitude para a reunião deste mês.

Desde então, a ininterrupta deterioração das expectativas de inflação para 2023, os dados econômicos mais fortes e as ofensivas do governo ao teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação) em ano eleitoral fizeram as apostas convergirem para 0,50pp.

Apesar das recentes medidas tomadas pelo governo terem reduzido o peso de combustíveis e da energia elétrica na inflação deste ano, com prováveis deflações no IPCA em julho e agosto, as projeções para 2023 seguem em alta. Como leva tempo para que os efeitos da política monetária sejam sentidos na economia, a nova alta de juros mira a inflação do próximo ano.

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Na semana passada, porém, o mercado estimou que a meta será novamente superada no próximo ano, com a inflação atingindo 5,33%.

De 51 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, 49 esperavam alta de 0,50pp dos juros básicos, para 13,75%. Uma casa estimava aumento de 0,25pp, a 13,50%, enquanto uma projetava a manutenção do patamar de 13,25%.

Juro real

Com o novo aumento da Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,52% ao ano, mais que o dobro do segundo lugar da lista, o México (4,20%).

Em terceiro lugar no ranking que considera as economias mais relevantes, aparece a Hungria (3,50%). A média dos 40 países avaliados é de -1,89%.

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