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Professor da PUC-Rio e economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo escreve quinzenalmente

Opinião|Em 2023, o desempenho da economia surpreendeu. O que esperar de 2024? Leia análise

O risco fiscal continua e o descompasso entre consumo e investimento pode causar pressão inflacionária

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Foto do author José Márcio de Camargo

O desempenho da economia brasileira em 2023 surpreendeu positivamente os investidores. No início do ano, as previsões eram de crescimento da economia próximo a 1% e inflação em torno de 6,5% ao ano. No final a inflação vai ficar dentro do intervalo de metas, em torno de 4,5% ao ano, e a economia deverá crescer próximo a 3,0% ao ano.

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A queda dos preços das commodities devido às políticas monetárias restritivas nos países desenvolvidos e a firme disposição do Banco Central do Brasil em buscar a meta de 3,25% ao ano foram fundamentais.

Do ponto de vista do crescimento da economia, a principal surpresa foi o forte crescimento da agropecuária. Dos 3 pontos de porcentagem de crescimento do PIB, aproximadamente 2 pontos vieram deste setor. Quando visto pelo lado da demanda, o crescimento foi impulsionado pelo consumo das famílias (aproximadamente 3%) e pelas exportações.

A decepção foi o desempenho dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo mostrou forte queda ao longo do ano, principalmente no componente de máquinas e equipamentos. Entre janeiro e outubro de 2023, a produção de máquinas e equipamentos caiu 6,2% e a taxa de investimento, que havia atingido 19,6% no terceiro trimestre de 2022, caiu a 16,3% no terceiro trimestre de 2023.

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O crescimento do consumo das famílias foi impulsionado pelos programas de transferência de renda, redução do desemprego e redução da taxa de inflação.

Dos 3 pontos de porcentagem de crescimento do PIB, aproximadamente 2 pontos vieram da agropecuária. Foto: J.F.Diorio/Estadão/Arquivo

Já os investimentos dependem, principalmente, das taxas de juros de longo prazo, das expectativas quanto ao futuro e das incertezas. As taxas de juros de longo prazo permanecem relativamente elevadas em razão da expectativa de déficits primários e aumento da relação dívida/PIB nos próximos anos e as incertezas quanto à carga tributária sobre as empresas, devido à necessidade do governo de aumentar as receitas para cobrir o aumento de gastos. A reforma tributária, que promete ser positiva no longo prazo, no curto prazo gera mais incerteza e menos investimento.

O que esperar de 2024? Taxas de juros e inflação em queda em todo o mundo é um cenário bastante positivo para ativos de risco, inclusive os dos países emergentes. O importante é não esquecer os riscos. No caso do Brasil, o risco fiscal continua no horizonte e o descompasso entre consumo e investimento pode ser uma potencial fonte de pressão inflacionária ao longo do ano. Feliz 2024.

Opinião por José Márcio de Camargo

Professor aposentado do Departamento de Economia da PUC-Rio, é economista-chefe da Genial Investimentos

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