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Carrefour quer separar unidade imobiliária de seu negócio de varejo no Brasil

Empresa seria posteriormente alvo de um IPO (oferta inicial de ações) na Bolsa; nova subsidiária já nasceria com lucro operacional de R$ 1,5 bilhão, segundo a companhia

Foto do author Talita Nascimento
Por Talita Nascimento e Beth Moreira

O Carrefour Brasil anunciou nesta terça-feira, 8, que iniciou os estudos para uma separação seguida de IPO (abertura de capital) de sua unidade de negócios imobiliários. Segundo a varejista, a implantação do projeto criaria uma das maiores empresas de empreendimentos imobiliários com foco no varejo da América Latina. O fato relevante foi acompanhado de novas projeções de crescimento da operação de atacarejo do Grupo Carrefour Brasil. As informações fazem parte de um novo plano estratégico da matriz, na França.

O Carrefour tem mais de 450 ativos, entre lojas próprias, shopping centers, galerias comerciais e outros empreendimentos no Brasil. A separação da unidade de negócios imobiliários permitiria, segundo a empresa, a criação de uma nova subsidiária com mais de R$ 1,5 bilhão de lucro operacional líquido: o Carrefour Real Estate.

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O Citi observa, em relatório, que a divisão imobiliária existente no Carrefour (somente com shopping centers e galerias para terceiros) gerou R$ 214 milhões de receita líquida em 2021 e R$ 173 milhões em 2020. Para os analistas do banco, a possibilidade de que a nova empresas resultante da cisão abra capital para investidores sócios minoritários pode implicar maior foco no desenvolvimento da área de real estate.

Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o anúncio mostra um caminho coerente e consistente. “Primeiro a companhia organizou seus ativos e viu que se trata de algo grande e que tem valor. O caminho natural é separar os negócios”, afirma. Caso os estudos culminem, de fato, na separação, Terra acredita que os recursos obtidos podem acelerar as operações de varejo do grupo no Brasil ou serem revertidos para os acionistas principais.

Sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo diz que o ‘carve-out’ se trata de uma solução inteligente, já que ao segmentar operações distintas, as duas empresas resultantes costumam valer mais que as duas juntas. “Além disso, se cria a possibilidade de vender partes não críticas do negócio principal e trazer investidores especializados para gerir a nova empresa”, acrescenta.

Carrefour tem planos para separar unidades de negócios no Brasil Foto: Tim Chong / Reuters

Expansão acelerada

O Carrefour anunciou ainda que estima ter um portfólio de 470 lojas de atacarejo até 2026. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que as 200 novas lojas a serem adicionadas sobre o parque de 2022 incluem as 70 conversões do Grupo BIG já anunciadas, as 20 lojas Maxxi restantes adquiridas e uma média de mais de 25 novas lojas por ano até o fim de 2026.

“Uma aceleração significativa quando comparado a média de lojas via expansão orgânica do Grupo Carrefour Brasil de 20 lojas cash & carry (atacarejo) por ano desde 2018″, destacou a varejista.

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Para os analistas do Citi, o plano estratégico de 2026 do Carrefour França implica aumento de estimativas. “Com base em nossa análise inicial, para atingir 470 lojas em 2026, considerando a conversão de 70 lojas Big para Atacadão e as 20 lojas Maxxi restantes, o CRFB teria de abrir 77 lojas orgânicas nos próximos 4 anos (37 a mais do que a estimativa do banco).

“Considerando a mesma produtividade de vendas por metro quadrado, estimamos uma receita adicional de vendas de R$ 10 bilhões em 2026, com receita bruta total da divisão de atacarejos totalizando R$ 128 bilhões (8% acima da estimativa)”, escreve João Pedro Soares.

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