Sob o impacto da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifar em 25% todas as exportações de aço para o mercado americano, a indústria siderúrgica brasileira começou a se articular para buscar formas de enfrentar os efeitos das medidas na produção brasileira. O Brasil é o segundo maior exportador do material para os EUA, logo depois de Canadá, e à frente do México.
Representantes do Instituto Aço Brasil foram na manhã desta terça-feira, 11, para Brasília, onde terão reuniões com técnicos da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ambos órgãos executivos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para assuntos de comércio exterior.
Haverá ainda um encontro no Ministério de Relações Exteriores (MRE), conforme apurou o Estadão com uma pessoa ligada ao Instituto Aço Brasil, que representa as fabricantes de aço no País.
A tarifa de 25% atinge os embarques de aço do País aos Estados Unidos, principalmente material semi-acabado (placas e tarugos), que representam quase 90% das exportações ao mercado americano. Esse item é adquirido por empresas locais que não fabricam placas para transformá-las em produtos acabados que atendem diversos setores industriais do país.

Entre as siderúrgicas que atuam no Brasil, as mais atingidas pelas medidas de Trump são as fabricantes de placas ArcelorMittal, com duas unidades fabris no País, e a Ternium, no Rio de Janeiro. O caso da companhia do empresário indiano Lakshmi Mittal é mais crítico: as unidades brasileiras abastecem 100% das necessidades da laminadora que o grupo, com a Nippon Steel, opera no Estado de Alabama. São 5 milhões de toneladas por ano que vão para essa planta, chamada Calvert.
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Em aços laminados, as exportações foram de 460 mil toneladas no ano passado, de uma cota de exportação de pouco mais de 500 mil toneladas negociada em 2018, quando Trump anunciou, via Seção 232, a mesma tarifa de 25% para importações. No caso dos laminados, a CSN é a empresa mais afetada, pois faz embarques de material de alto valor agregado (chapas zincadas e pré-pintadas), tipos de aços usados no setor automotivo, de bens eletrodomésticos e na construção civil.
Uma expectativa da siderurgia brasileira é que se alcance uma negociação, principalmente para os semicabados, que são o grosso das exportações aos EUA. Tentar convencer o governo americano que unidades de laminação do país poderão simplesmente paralisar atividades sem matéria-prima, levando à queda de oferta no mercado doméstico americano, gerando alta de preços nesses tipos de aço.
Conforme relatório do Itaú BBA, a siderúrgica americana Nucor Corporation (15ª no ranking mundial) alegou que volumes de aço importados isentos e dentro das cotas representaram cerca de 82% do total que entrou nos EUA em 2024. A empresa será uma das beneficiadas com freio nas importações de produtos siderúrgicos.
O Brasil exportou cerca de 10 milhões de toneladas de aço em 2024, sendo a maior parte (76%) de produto semi-acabado (placas e tarugos), informa o relatório. Os EUA representaram 60% desse volume. O Brasil é ainda o 2º maior exportador de ferro e aço para o país (15% do que importa desse produtos).