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L’Oréal assina acordo com Natura para comprar Aesop; transação é avaliada em US$ 2,5 bilhões

Marca de luxo australiana tem cerca de 400 pontos de venda pelo mundo; negócio ainda depende de aprovação de órgãos reguladores

Por Gabriel Baldocchi (Broadcast), Laís Adriana e Amélia Alves
Atualização:

A L’Oréal anunciou um acordo com a Natura &Co para adquirir a marca de luxo australiana Aesop, avaliada em US$ 2,525 bilhões. A conclusão da transação está sujeita a aprovação de reguladores e outras condições tradicionais, segundo nota divulgada nesta segunda-feira, 3. A informação também foi confirmada pela Natura.

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O CEO do L’Oréal Groupe, Nicolas Hieronimus, afirmou que está “animado para dar boas-vindas a Aesop e seu time”, acrescentando que a marca australiana “aproveita todas as correntes ascendentes” e tem enorme potencial de crescimento na China e no varejo de viagem.

Atualmente, a Aesop possui cerca de 400 pontos de venda nas Américas, Europa, Austrália, Nova Zelândia e Ásia, informa a nota.

Natura afirma que venda era para focar em prioridades estratégicas Foto: Daniel Teixeira / Estadão

A compra da marca acontece uma semana após a Natura reiterar que estava avaliando opções como oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ou uma venda de participação na Aesop. A medida seria parte do seu processo de reestruturação para reverter recentes resultados corporativos fracos do grupo empresarial.

A transação, segundo a Natura, irá suportar a desalavancagem financeira da companhia e posicioná-la para focar em suas prioridades estratégicas, especialmente na integração na América Latina, assim como na otimização geográfica da Avon Internacional e na melhora da The Body Shop, com rígida disciplina financeira.

CEO da Natura &Co, Fábio Barbosa, também comentou sobre a transação no comunicado oficial, ressaltando que a separação da Aesop marca um novo ciclo desenvolvimento para o grupo. “Com uma estrutura financeira fortalecida e balanço patrimonial equilibrado, a Natura será capaz de acentuar o seu foco nas suas prioridades estratégicas, especialmente nosso plano de investimento na América Latina”, assegurou.

Redução das dívidas

A venda da Aesop ajudará a Natura a acelerar os esforços para reduzir o endividamento, após uma sequência de resultados considerados fracos pelo mercado.

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Avaliada como um ativo bom, mas de pouca representatividade dentro do grupo, a Aesop entrou no radar dos analistas no fim do ano passado, quando a companhia admitiu estudar alternativas para a operação. Inicialmente, todos os cenários estavam à mesa, desde uma separação da marca em uma nova empresa até a negociação de uma fatia da unidade.

A hipótese da venda ganhou força após a divulgação dos resultados abaixo do esperado no quarto trimestre de 2022. No período, a Natura amargou um prejuízo de cerca de R$ 900 milhões e viu seu endividamento alcançar 5,6 vezes, na relação dívida líquida sobre Ebtida. A partir desse nível, analistas do Santander e do mercado passaram a considerar a venda do negócio como o cenário provável.

Entre os nomes que apareciam entre os potenciais compradores, além da L’Oreal, estavam a LVMH (dona da Louis Vuitton, Dior e outras marcas) e Shisheido.

Foco na América Latina

O CEO da Natura, Fábio Barbosa, foi escalado em meados do ano passado para elaborar o plano de recuperação da companhia. A empresa vinha tentando acomodar aquisições feitas ao longo dos últimos anos, como parte de seu esforço de internacionalização. A marca australiana havia sido adquirida em 2013.

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Um dos focos do trabalho de reestruturação é otimizar as operações que estão no guarda-chuva da holding Natura&Co. Há um esforço para promover maior integração da Natura e a Avon na América Latina e de redimensionar a operação da The Body Shop.

“Ao longo dos últimos anos, tomamos a ambiciosa decisão de expandir nossos negócios, antes localizados principalmente no Brasil, tornando-o um dos grandes players na indústria de beleza global”, afirmou Barbosa em documento enviado aos acionistas recentemente. “Não obstante, em 2022, com todas as nossas marcas compartilhando os padrões e princípios que nos unem, decidimos que era apropriado dar a cada marca maior autonomia.”

Os resultados do trabalho de reestruturação devem levar um tempo a ficar visíveis. Barbosa descreve a companhia como um transatlântico, em que as manobras demoram mais a aparecer, do que um jet ski. A expectativa é de um 2023 ainda desafiador, em que o foco será a geração de caixa e a rentabilidade./Com informações da Dow Jones Newswires

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