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China diz ter encontrado coronavírus em frango comprado do Brasil; veja o que se sabe sobre o caso

Uma fonte próxima do governo brasileiro disse que, por ora, o País não corre o risco de ver suas carnes sendo embargadas pela China, porque o país asiático teria dificuldades de abastecer o mercado interno

Por Érika Motoda
Atualização:

Autoridades municipais chinesas informaram nesta quinta-feira, 13, que uma amostra de asas de frango congeladas exportada pelo Brasil testou positivo para o coronavírus. A Aurora Alimentos é apontada como a fabricante do lote em questão, mas a empresa, assim como associações de produtores de carne, se mantem cautelosa sobre o assunto porque a informação ainda não foi divulgada oficialmente por uma autoridade nacional chinesa. 

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Uma fonte próxima do governo brasileiro disse que, por ora, o País não corre o risco de ver suas carnes sendo embargadas pela China, porque o país asiático teria dificuldades de abastecer o seu mercado. 

O anúncio provoca temores de que embarques de alimentos contaminados possam causar novos surtos de covid-19. “É praticamente impossível um vírus permanecer em um lote congelado e chegar lá depois de 40 dias de transporte. Há muita desconfiança se esse fato realmente ocorreu”, afirmou ao Broadcast Agro uma fonte a par do assunto, que disse que a diretoria da Aurora está avaliando com autoridades do governo brasileiro qual deve ser a resposta à China.

O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou nesta quinta que não há evidência de que a doença pode ser transmitida por meio da comida.

Vírus foi encontrado em pequena amostra retirada de um lote importado do Brasil. Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Veja o que se sabe até agora sobre o caso:

O que o governo chinês diz ter encontrado no frango exportado pelo Brasil?

A China disse que o frango exportado pelo Brasil testou positivo para o coronavírus. Como parte de análises de rotina realizadas sobre carnes e frutos do mar importados, os centros de controles de doença da cidade chinesa de Shenzen testaram uma amostra de superfície tirada das asas de frango brasileiro e divulgaram que havia a presença da covid-19. 

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Qual é a marca do frango contaminado? 

A empresa Aurora Alimentos, maior produtora de frango de Santa Catarina, é apontada como a dona do lote em que foi detectado o coronavírus. Em nota, a empresa disse que se trata "apenas" de um fato divulgado pela imprensa local e que, até agora, não foi notificada por nenhuma autoridade pública nacional chinesa. Por fim, disse que vai aguardar a manifestação da "autoridade pública competente" para esclarecer os fatos e prestar as devidas informações "a quem de direito".

O que dizem os produtores brasileiro de carne sobre o anúncio da China?

Os representantes do setor agropecuário estão cautelosos em relação ao caso do frango contaminado com coronavírus e ainda estão analisando as informações sobre o assunto. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que “ainda não está claro em que momento houve a eventual contaminação da embalagem, e se ocorreu durante o processo de transporte de exportação”.

O coronavírus já havia sido encontrado em outras amostras de comida comprada pela China?

Sim, antes do frango brasileiro, as autoridades chinesas afirmaram que encontraram coronavírus em um pacote de camarões congelados exportado pelo Equador.

O coronavírus pode ser transmitido por alimentos?

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A OMS diz que é pouco provável uma pessoa ser infectada pelo coronavírus ao ter contato com um alimento infectado. As duas principais vias de transmissão são a respiratória e o contato com gotículas respiratórias. E o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) afirma que, ao contrário de bactérias, que podem se desenvolver em alimentos, o coronavírus precisa de um hospedeiro vivo - humano ou animal - para que a covid-19 se multiplique. 

A China já suspendeu a compra de carne brasileira por causa da covid-19?

Sim, entre os frigoríficos que já foram ou ainda são afetados pela suspensão de compras da China estão algumas unidades das empresas JBS, Marfrig, BRF, Minuano e Agra. A pedido do país asiático, quatro dessas empresas tiveram que assinar em junho uma declaração carga “livre de coronavírus”

Com esse novo episódio, a China vai embargar a carne brasileira? 

É pouco provável que a China embargue as carnes brasileiras por causa do episódio do frango contaminado com coronavírus. Segundo uma fonte próxima ao governo brasileiro ouvida pelo Broadcast Agro, se optassem pelo embargo à proteína brasileira, os chineses enfrentariam dificuldades de abastecimento do mercado doméstico. “Mas se houver pressão interna de consumidores por medo de contaminação, eles podem sim rever a posição."

Qual é a quantidade de frango exportado pelo Brasil?

No acumulado de sete meses, o Brasil exportou 2,471 milhões de toneladas de carne de frango, contra 2,458 milhões de toneladas em 2019, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal.O resultado em receita chegou a US$ 3,642 bilhões, número 11,4% menor em relação ao mesmo período comparativo do ano passado, com US$ 4,112 bilhões.

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Os embarques para a Ásia dão impulso aos negócios . Ao todo, foram exportadas 988,3 mil toneladas para a região entre janeiro e julho, número 12,7% superior ao realizado no mesmo período de 2019, com 876,8 mil toneladas. Do total, a China foi destino de 406,8 mil toneladas.Cingapura, com 79,8 mil toneladas, Filipinas, com 50,3 mil toneladas e Vietnã, com 25,5 mil toneladas foram os destaques.

O coronavírus sobrevive em superfícies congeladas por quanto tempo?

Estudos específicos sobre o tempo de sobrevivência do Sars-Cov-2, que é o novo coronavírus, ainda estão em andamento. Em temperatura ambiente, a covid-19 pode sobreviver até 72 horas em plásticos e aço inoxidável, 24 horas em papelão e 4 horas em superfícies de cobre, de acordo com a pesquisa do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos em parceria com a Universidade da Califórnia (Ucla). 

A OMS acredita que a covid-19 possa se comportar da mesma maneira que outros coronavírus, como a Sars-CoV (que leva à Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Mers-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio). “Por exemplo, a uma temperatura de 4ºC, o Mers-Cov pode permanecer estável por 72 horas. Evidências atuais sobre outros coronavírus mostram que os coronavírus tendem a permanecer estáveis em temperaturas baixas ou mínimas durante certo período”, escreveu a OMS em um documento publicado em março. 

Quais medidas os frigoríficos brasileiros estão adotando para garantir a exportação para o país?

Os frigoríficos devem seguir as regras definidas pelos ministérios da Agricultura e da Economia. Entre as orientações estão a necessidade de acompanhamento de sintomas de covid-19 e do afastamento imediato por 14 dias dos funcionários que tiverem casos confirmados, suspeitos ou se tiverem tido contato com outros doentes, além de usar equipamentos de proteção individual (EPI). O Ministério da Economia é o encarregado pela fiscalização. 

Os frigoríficos brasileiros registram casos de covid-19?

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Sim. Os frigoríficos têm apresentado uma alta taxa de contaminação por coronavírus. Só em uma unidade da BRF em Toledo, no Paraná, 1.138 trabalhadores foram infectados. Houve um total de 3.979 contaminações nos frigoríficos do Estado inteiro. 

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), os frigoríficos são propícios à contaminação porque há um grande número de trabalhadores nas plantas, que ficam muito próximos uns dos outros na linha de produção, além do sistema de refrigeração, que reduz a taxa de renovação de ar.