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Conheça o padel, esporte que conquistou Abel Ferreira, Ronaldo e Neymar e cresce no Brasil

Adaptação do tênis, modalidade é disputada por duplas em quadras fechadas com parede de vidro e registra 60 mil praticantes no País

Foto do author Ricardo Magatti
Por Ricardo Magatti
Atualização:

A rotina de Abel Ferreira em São Paulo é “top, top, top”, segundo ele, porque desde 2021, em meio à sequência de treinos e partidas à frente do Palmeiras, ele encontra tempo para jogar um “padelzinho para suar” perto de sua casa. Embora ainda não seja tão conhecido e jogado no Brasil, o padel tem crescido em número de adeptos no País e conquistou personagens importantes do futebol, como Ronaldo, Neymar e Kaká.

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No caso do técnico português, o padel entrou em sua vida na Grécia, quando treinava o PAOK. Meses depois de se mudar para São Paulo, ele descobriu que a pouco metros de sua casa e do CT do Palmeiras existia, dentro do complexo do Nacional Atlético Clube, a Santo Padel, maior academia da modalidade na capital paulista.

Abel e seus quatro auxiliares - João Martins, Vitor Castanheira, Tiago Costa e Carlos Martinho - gostaram da estrutura e passaram a fazer aulas no local. “O Castanheira vem pouco, o João Martins vem mais”, diz Heron Abrahão, de 61 anos, dono da academia. O empresário é proprietário de cinco unidades em São Paulo e estima que, dos cerca de mil praticantes do esporte na capital paulista, 700 joguem em suas academias, a maioria delas concentrada na zona sul.

Aula de padel, esporte prestigiado por Abel Ferreira, Ronaldo, Kaká e outras personalidades Foto: Werther Santana/Estadão

“O Carlos e o Tiago fazem aula comigo até hoje”, conta Henrique Oliveira, o jovem professor de 21 anos dos auxiliares de Abel e também das mulheres dos quatro assistentes, além da mulher do treinador. Segundo Oliveira, Abel fez duas aulas e alugou a quadra “umas 50 vezes” para jogar desde o fim de 2021.

O técnico não frequenta mais a academia pois o Palmeiras investiu cerca de R$ 150 mil no CT para construir uma quadra de padel para ele. A obra não está finalizada porque faltam ajustes, segundo o Palmeiras, mas o técnico já tem usado o que lhe foi dado de presente. “O clube fez um campo de padel só para o treinador jogar quando está estressado. O Palmeiras é um oásis no deserto”, disse o português, em tom elogioso ao clube, depois de o Palmeiras golear o Bolívar por 4 a 0.

Inventor é mexicano

Há mais de uma versão a respeito da origem do padel. Há quem diga que surgiu no mar, por volta de 1890, quando passageiros de navios ingleses adaptaram a prática do tênis ao espaço de bordo. Outros contam que o esporte passou a ser praticado em terra em 1924, quando o americano Frank Beal improvisou algumas quadras nos parques municipais de Nova York e nomeou o esporte de padel-tênis.

Fato é que a Federação Internacional de Padel (FIP), fundada em 1991, atribui a invenção do esporte ao mexicano Enrique Corcuera, que construiu a primeira quadra em um hotel de Acapulco. Foi Corcuera quem definiu as dimensões de quadra e o regulamento que rege o esporte mundialmente até hoje.

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Primo do tênis

O padel tem muitas semelhanças com o tênis: é um esporte de raquete, disputado em quadra com uma rede no meio e a contagem dos pontos é a mesma. Mas é sempre jogado em duplas e as dimensões são bem menores comparadas ao tênis - 20 metros de comprimento por 10 metros de largura, o que dá um terço do tamanho de uma quadra de tênis.

O jogo consiste basicamente em passar a bola para o outro lado da rede. O saque é executado sempre por baixo, da cintura, uma vez que a quadra é pequena. Ela é fechada, com paredes de concreto ou de vidro e telas de proteção nas laterais.

Henrique de Oliveira, 21 anos, deu aulas de padel para Abel Ferreira em São Paulo  Foto: Werther Santana/Estadão

“O tênis é muito alto rendimento, desafio pessoal. O padel, não. Eu sinto que o padel é inclusivo. Uma pessoa de 60 ou 70 anos consegue jogar contra uma de 20″, opina Olveira, o professor dos membros da comissão técnica portuguesa do Palmeiras.

Tanto o fundo da quadra como as laterais podem ser utilizados pelos jogadores como recursos nas jogadas, o que ajuda na dinâmica do jogo, mas é obrigatório que a bola quique sempre no chão antes.

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A raquete, geralmente, é feita de fibra de carbono e custa entre R$ 300 e R$ 3 mil, dependendo da qualidade do material. “A raquete top de padel é mais cara que o uma top de tênis”, calcula Abrahão. Ela tem a cabeça achatada, ao contrário da de tênis, não tem corda. Tem, na verdade, pequenos furos que servem para melhorar a aerodinâmica da raquete, fazendo com que os movimentos fiquem rápidos e mais fáceis de serem executados.

O piso pode variar de quadras mais duras, feitas de cimento, ou de grama sintética. Os dois são os mais indicados para reduzir o impacto. Na Santo Padel, que aluga um espaço no Nacional, há duas quadras duras dentro de um ginásio cujo dono afirma ser o melhor para se jogar padel no País. “Temos arquibancadas, teto alto e sem incidência de luz”, descreve Abrahão. “O jogo é perfeito”.

Instrutor dá aula na Santo Padel, academia com mais quadras da modalidade em São Paulo  Foto: Werther Santana/Estadão

1 milhão de praticantes no Brasil em três anos?

O padel é praticado por aproximadamente 60 mil pessoas - amadoras ou profissionais - no Brasil. Mais de 50 mil jogam no Sul do País, onde chegou primeiro a modalidade por meio de argentinos, uma vez que o esporte é o segundo mais jogado na Argentina, com 4 milhões de jogadores, atrás somente do futebol.

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“Sinceramente, o esporte vai ter uma crescente mais lente que o beach tênis, por exemplo, mas creio que vai deslanchar de 60 mil para 1 milhão em dois ou três anos quando alguém famoso, como o Ronaldo e o Neymar, que estão jogando agora, abrir um clube ou uma academia no Brasil”, acredita André Freitas, segundo melhor jogador do País atualmente.

Ele cita Ronaldo porque o Fenômeno jogava diariamente padel no Catar durante a Copa do Mundo, e Neymar, que também já publicou registros praticando o esporte. Kaká, David Beckham e Rafael Nadal são outras das personalidades mundialmente conhecidas que gostam e praticam a modalidade.

Estimativa é de que haja 20 quadras de padel na capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão

Influenciado pela mãe, Freitas começou a jogar aos 11 anos em Curitiba, de onde é. Trocou o futsal pelo padel e viu sua escolha lhe render frutos. O atleta de 35 anos é convocado para a seleção brasileira profissional desde 2005 e foi bicampeão mundial sub-18 e sub-20 e tricampeão pan-americano.

Heron Abrahão, apelidado de “rei do padel” em São Paulo, já acha difícil que a modalidade alcance 1 milhão de praticantes no País. “Não sou um sonhador nesse sentido, mas vai dar uma boa desenvolvida no Brasil”, argumenta. Ele crê, porém, que há espaço para expansão. “Que leve uma década, mas acredito que a gente vai sair de mil pra 50 mil aqui em São Paulo”.

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